Adélia Cavalcanti de Albuquerque, a esposa de Leônidas da Fonseca
João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
sócio do IHGRN e do INRG
O capitão J. da Penha, já
eleito deputado, no Ceará, veio capitanear, aqui no Rio Grande, a luta contra a
oligarquia Maranhão, movimento que se espalhava de maneira semelhante em outros
estados. O que não parece claro, para muitos, é a razão da escolha, como
candidato a governador, do filho do Presidente da República Hermes da Fonseca.
Quem era, de verdade, Leônidas Hermes da Fonseca para ser escolhido, se isso
parecia uma contradição com a luta contra as oligarquias? Resolvi pesquisar nos
velhos jornais alguma informação que justificasse tal escolha. Em primeiro lugar
procurei descobrir quem era a esposa de Leônidas, dada como natural do Rio
Grande do Norte, pois nem o nome dela eu sabia.
Do jornal “O Paiz”, datado de
10 de setembro de 1911, extraí a informação que o 2º tenente Leônidas Hermes da
Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca, Presidente da República, casou, no
dia 9 de setembro de 1911, no Palácio Guanabara, com Adélia Cavalcanti de
Albuquerque, sobrinha do capitão Joaquim Brilhante, ajudante de ordem do Sr.
chefe de Polícia. O ato civil foi às 2 horas da tarde, servindo de testemunhas,
da noiva, o Dr. Belisário Távora, o general Percílio da Fonseca, o coronel
Cyrillo Brilhante (tio da noiva), e o capitão Luiz Lobo, e do noivo, o senador
Pinheiro Machado, o Dr. Álvaro de Teffé e o Dr. Sebastião de Lacerda. O ato
religioso foi as 3horas e 30 minutos, na rica capela, armada no salão à esquerda
da sala de espera, servindo de padrinhos, da noiva, a Exma. Sra. D. Orsina
Hermes da Fonseca (mãe do noivo) e o capitão Joaquim Brilhante, e do noivo, o
deputado Fonseca Hermes e a Exma. Sra. D. Honorina Brilhante (esposa de
Joaquim).
Na notícia acima, nenhuma
informação sobre os pais da noiva. Outro jornal do Rio de Janeiro dizia, apenas,
que “a gentilíssima senhorita Adélia Cavalcanti de Albuquerque pertencia a
distinta família do norte.
No jornal “A Época”, de 23 de
março de 1913, foi postado, de Recife, por Paulino Guedes, Juiz de Direito
“aposentado pelo governo dos Maranhões”, um artigo que contém o seguinte trecho:
Como político do Rio Grande do Norte, venho pedir ao vosso conceituado jornal
permissão para dar verdadeira informação do que se vai na política potiguar: -
De Natal telegrafaram ao tenente Leônidas Hermes que a indicação de seu nome
para governador daquele Estado não passava de exploração e que ele não
acreditasse no valor da oposição; que viesse incógnito percorrer o centro do
Estado para se convencer de que qualquer candidato anti-oligarquia seria
derrotado etc...Em primeiro lugar devemos declarar que o candidato a governador
de nosso Estado ainda não foi definitivamente escolhido, mas se essa escolha
recair no tenente Leônidas onde estará a exploração?... Pois esse ilustre
militar será indigno de administrar a querida terra de sua digna esposa? Não
estará no gozo dos seus direitos políticos? Que exploração, pois haverá na
escolha do seu nome?
Sem nenhuma informação sobre os
pais de Adélia e a confirmação da naturalidade dela, solicitei ajuda aos colegas
do grupo GenealBr. Recebi, então, de Pedro Auler informação que tinha encontrado
no “Diário da Noite”, a notícia do falecimento de Adélia, e, pela data, foi
procurar os registros da época no familysearch, cujo link me enviou, de onde
extraí que: faleceu, em 8 de setembro de 1951, Adélia de Albuquerque Fonseca,
com sessenta e seis anos, sete meses de idade, natural do Rio Grande do Norte,
viúva de Leônidas Hermes da Fonseca, filha de Francisco Cavalcanti de Andrade e
de Júlia Leopoldina Cavalcanti. Constava ainda que ela tinha deixado três filhos
maiores.
Nos jornais mais antigos daqui,
que examinei, a única informação que tinha, dava conta que Francisco Cavalcanti
de Andrade tinha obtido uma licença por ter aberto seu estabelecimento em
1888.
Pelas informações acima, fui
procurar no livro de batismos da catedral, ano de 1891, algum possível registro
de Adélia. Encontrei, então, o seguinte registro: Aos vinte e oito de junho de
mil oitocentos e noventa e um, na Matriz da Senhora da Apresentação, batizei,
solenemente, a párvula Adélia, nascida aos 7 de março do mesmo ano, filha
legítima de Francisco Cavalcanti d’Andrade e Júlia Leopoldina Cavalcanti, sendo
padrinhos José Zacharias Vieira de Mello e Joanna Vieira de Mello. Fiz escrever
este assento e assinei. Pe. João Maria Cavalcanti de Brito.
Estava confirmada a
naturalidade de Adélia, mas que família era essa, aqui no Rio Grande do Norte?
Fui, então, em busca do casamento dos seus pais. Encontro um registro que parece
ser o casamento deles, mas na parte referente aos nubentes a imagem está com
defeito. No documento está registrado que o casamento foi em 16 de abril de1887,
na capela da Piedade, no Quartel Militar, sendo os pais do noivo, João Baptista
d’ Andrade e Rozaura Cavalcanti d’Andrade e da noiva, Manoel Brilhante da Motta
Cavalcanti e Ana Paula Cavalcanti d’Albuquerque. Júlia era natural de Timbáuba,
Pernambuco.
Manoel Brilhante e Ana (ou
Antonia) eram pais, também, de Amália Brilhante d’Albuquerque, Manoel Brilhante
d’Albuquerque, João Brilhante d’Albuquerque, Cyrillo Brilhante d’Albuquerque e
Joaquim Antonio Brilhante, estes dois últimos presentes no casamento de
Adélia.
Fonte:putegi.blogspot.com
Parabéns João Felipe, desde o momento me tornarei um leitor assíduo dos teus artigos e matérias deste site.
É importante que cada um contribua com as informações que tenha sobre as suas famílias. Com isso, com certeza recuperaremos dados importantes da nossa História. Pode mandar o que você tiver que vou organizando por aqui. Se você preferir, faça um texto que colocarei no blog.