terça-feira, 23 de setembro de 2014
Do inventário amigável de Francisco José Soares
João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Dizem os abaixo assinados Luiz Cândido Maciel de Brito,
herdeiro inventariante, Manoel Xavier da Cunha Montenegro e Onofre José Soares,
também como herdeiros, que, tendo falecido ab-instestato,
no dia vinte e cinco de maio do corrente ano de mil oitocentos e setenta e
dois, nosso sogro e pai Francisco José Soares, deixando três filhos legítimos,
Onofre José Soares, Dona Antonia Francisca Soares de Brito, casada com o
primeiro nomeado Luiz Cândido Maciel de Brito, e Dona Maria Francisca Soares
Montenegro, casada com o segundo nomeado Manoel Xavier da Cunha Montenegro, todos
maiores de 21 anos, e conseguintemente isentos de forma de juízo, por isto
temos justo e contratado entre nós de fazermos amigavelmente o inventário e
partilha dos bens deixados pelo dito nosso falecido sogro e pai; a fim de que
seja afinal julgado por sentença, e para este fim nos louvamos nos senhores: Enéas
Barbalho Ferreira do Carmo, Francisco da Silva Bastos para avaliadores dos bens
que forem descritos em dito inventário amigável e no senhor Idalino Abílio
Pinheiro Monteiro para o escrever; os quais achando-se presentes aceitaram esta nossa louvação prometendo-nos proceder
com inteireza e conforme em suas consciências entendessem, e passamos assim a
proceder a descrição e avaliação como nos cumpre sobre os mencionados bens, e
declaramos, em tempo, que nos louvamos no herdeiro Luiz Cândido Maciel de Brito
para inventariante, o qual aceitando a louvação presente descrever os bens
pertencentes ao monte de nosso sogro e pai, havendo-se no desempenho de suas
respectivas funções com todo zelo, inteireza e retidão; o que tudo para constar
se lavrou o presente termo em que assinam o inventariante, herdeiros e
avaliadores. Povoação de Guamaré, 14 de agosto de 1872. Eu Idalino Abílio
Pinheiro escrivão louvado o escrevi. Luiz Cândido Maciel de Brito, Manuel
Xavier da Cunha Montenegro, Onofre José Soares, Francisco da Silva Bastos,
Enéas Barbalho Ferreira do Carmo.
No inventário, entre as terras descritas, salientamos:
Fazenda Carauzinho; lote de terras no Riacho Camurupim, comprada a João
Leandro; meia légua de terras, no Sítio Fazenda Nova para o Guajiru; um lote de
terras no Sítio Lagoa da Ilha, no Rio Salgado, da Freguesia da Vila de Angicos,
comprada a Manoel Vieira da Costa (este, irmão de dois tetravós meus, Agostinha
Monteiro de Sousa e Vicente Ferreira da Costa e Mello do O’); um lote de terras
no Sítio Canafístula, comprada a Clara Gomes da Silveira; lote de terras na
Freguesia de Angicos, no Sítio Assenon, comprada a Alexandre Francisco Pereira
Pinto; lote de terras na Fazenda e Sítio Assenon, comprada a Gonçalo Pereira
Pinto.
Francisco José Soares, o inventariado, desposou Izabel
Joaquina da Hungria, na capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré, em 21
de julho de 1830, ele, filho de Manoel José Soares, falecido, e Felipa Maria de
Jesus, ela, filha de João Francisco dos Santos e Gertrudes Gomes da Silveira,
sendo testemunhas o padre José Berardo de Carvalho e Venâncio José da Silva.
Manoel Xavier da Cunha Montenegro, que nasceu e foi
batizado, em 1836, tendo como padrinhos Diogo Velho Cardoso e Catharina de Sena
Flora Cavalcante, ambos casados, casou com Maria Francisca Soares, em 25 de
novembro de 1857, na capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré, sendo ele
filho de Francisco Xavier da Cunha e Izabel Rodrigues de São Tiago, e ela de
Francisco José Soares e Izabel Francisca Soares (os nomes sempre variando de
registro para registro), sendo testemunhas Onofre José Soares e Francisco
Xavier da Cunha Montenegro (irmão do noivo).
Em 4 de julho de 1881, em oratório privado na Fazenda
Conceição da Matta, residência do tenente-coronel Onofre José Soares, foi
realizado o casamento de Onofre José Soares Filho e Maria Francisca Soares
Montenegro, com dispensa de parentesco de 2º grau. Embora não constassem os
nomes dos pais dos nubentes, sabemos, pelo grau de parentesco (primos
legítimos), que ele era filho de Onofre José Soares e Maria do Carmo do Amor
Divino, e ela de Manoel Xavier da Cunha Montenegro e Maria Francisca Soares. O
registro informa que ele era de Touros, e ela de Macau.
Capa do inventário de Francisco José Soares |
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