Do Sargento-Mor Francisco Lopes
Galvão ao Coronel José Bezerra de Araújo Galvão: quase 300 anos de história do
RN!
Por:
Rodrigo Cortez
Uma das
maiores gratificações obtidas nos estudos genealógicos é conseguir inserir as
pessoas/famílias ao contexto histórico atravessado ao longo do tempo.
Analisando o caso especifico da família Lopes Galvão, no Rio Grande do Norte,
pode-se inferir que dos quase 370 anos transcorridos de sua chegada (ou do
primeiro registro de sua presença) ao estado, até os dias atuais, seus
descendentes participaram e evoluíram ao longo de todo este período. Não
simplesmente vivendo a historia, mas em alguns casos até sendo protagonistas da
mesma.
Os
primeiros registros da família Lopes Galvão no RN se dão pelos irmãos Manuel e
Francisco Lopes Galvão. Descendentes de fidalgos portugueses que desembarcaram
no Brasil vindo diretamente nas caravelas de Pedro Álvares Cabral, eram
valorosos guerreiros de Vossa Majestade, a ponto de serem destacados para
combater os holandeses no RN (1638-1654) e o motim quilombola em Palmares.
Inclusive a historia atribui a Manuel Lopes Galvão a autoria do disparo que
feriu o líder Zumbi, em 1676.
Francisco
Lopes Galvão foi destacado então como sargento-mor no Rio Grande do Norte, onde
fixou residência e distribuiu sua prole. Dentre os inúmeros descendentes,
destaque para Cipriano Lopes Galvão (1700-1764),
Coronel de Ordenanças da Ribeira do Seridó e um dos seus primeiros sesmeiros.
Este casou-se em Igarassú (ou Olinda) com uma nobre chamada Adriana de Holanda
e Vasconcelos, descendente de Arnaud de Holland, fidalgo holandês, primo de
reis/papas e etc. Fixam-se no sítio Totoró e auxiliam no povoamento da região
do Seridó, sendo os fundadores de Currais Novos. Assim seus filhos, netos e
bisnetos herdam sucessivos títulos militares e consequentemente a chancela
política da região por praticamente 250 anos.
É neste
ínterim que nasce José Bezerra de Araújo Galvão, trineto do Cel. Cipriano Lopes
Galvão e pentaneto do Sgt-Mor Francisco Lopes Galvão. Nunca um coronel no
Estado do Rio Grande do Norte teve mais poder e prestígio do que Zé Bezerra
d’Aba da Serra, como era conhecido, de Currais Novos. Um poder imposto pela
palavra sincera e conselheira; um prestígio emanado da amizade que dispensava a
tantos quantos lhe recorressem em fases difíceis e, por isso mesmo, José
Bezerra exerceu o seu poder dentro de um coronelismo paternalista, um
coronelismo protetor. A ponto do jornalista Assis Chateaubriand assim o
descrever: “Era divinamente telúrico. Exercia caciquismo naturalmente, como
quem bebia água ou tomava pinga. Lealdade, fervor das coisas públicas, firmeza
de convicções, eram os sucos das suas reservas. Imperava soberano, na latitude
do Seridó, o Matusalém riograndense do Norte”.
Abaixo,
o registro genealógico, bastante simplificado, que remonta a ligação entre os
Lopes Galvão descritos acima:
1. Sargento-mor Francisco Lopes Galvão (irmão
de Manuel Lopes Galvão, que feriu Zumbi dos Palmares em batalha e, 1676). Casou-se com Joana Dornelas,
filha de Manoel Rodrigues Pimentel e Maria Lostrou Casa Maior:
2. Cipriano Lopes Pimentel (Francisco Lopes). Morador de
Goianinha-RN. Casou-se com Thereza da Silva, filha de Felipe da Silva e
Joana Salema:
3. Cipriano Lopes Galvão (Coronel Cipriano Lopes Pimentel
– morador do Totoró. 1700-1764). Casou-se com Adriana de Holanda e
Vasconcelos (1720-1793),
filha de João da Rocha Moura e Maria Magdalena de Vasconcelos:
4. Cipriano Lopes Galvão (Capitão-mor
Cipriano Lopes Galvão, fundados de Currais Novos. 1753-1813). Casou-se com Vicência Lins de
Vasconcelos, filha de Francisco Cardoso dos Santos e Teresa Lins de
Vasconcelos.
5. Cipriano Lopes Galvão Junior (Ciprianinho.
1769-1809). Casou-se
com Teresa Maria José, filha de José Bezerra de Menezes e Maria Borges
do Sacramento, em 26 fevereiro 1794.
6. Cap. Cipriano
Bezerra Galvão (*1809
+1899). Casou-se
com Isabel Cândida de Jesus (*1819 +1873), filha de Antônio Pereira de Araújo e
Maria José de Araújo.
7. Cel. José Bezerra de Araújo
Galvão (18/12/1844
a 05/02/1926). Casado em 09/01/1872, na fazenda Bulhões, com Antônia Bertina de Araújo (+Currais
Novos/RN 03/12/1893), filha do coronel João Damasceno Pereira e Tereza
Alexandrina de Jesus.
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