A Família Galvão
Texto de Rodrigo Cortez.
Divulgar essa história faz parte
de um processo genuíno de amadurecimento e retorno à tradições que mantém
acesas a chama dos valores familiares passados de pai para filho e que foram
forçadamente esquecidos e quase extintos pela sociedade atual.
Esse esquecimento se deu
especialmente depois da Revolução Francesa, especialmente no século XIX, quando
os valores da sociedade burguesa passaram a predominar. Desta forma passou a
valer “o ter”, enquanto “o ser” foi paulatinamente esquecido. Por isso, hoje, o
ser humano vale pelo que tem e não pelo que é.
A história da Família Galvão
consta nos Armoriais[1] de Genealogia
e Heráldica da Europa, sendo um sobrenome português cuja origem era tida como
incerta. Nos documentos mais antigos encontra-se grafado como Galvam, como era
no português arcaico. Alguns estudiosos apontavam que a palavra teria sua
origem no latim Galbanus, nome de uma planta sempre verde. Outros diziam ser
uma palavra do gaulês[2] Gwalwanus,
espécie de falcão branco, ou, mais ainda, originário do galês[3] Gwalchmal, que
significa cortês.
Os portugueses consideram Dom
Pedro Galvão como o fundador da família.Esse rico cavaleiro da corte, falecido
em 1170, foi sepultado em um mosteiro que ele próprio construiu e doou à uma
Ordem Religiosa. Mas, ao que parece, esta família é inglesa e traz suas origens
no clã de Galvim daquele reino.
Os estudos atuais dizem que o
nome Galvão deriva da palavra galesa “Gwalchmei” e significa “Falcão de Maio”.
O uso do sobrenome teria início em “Sir Gawaine”, filho primogênito do último
rei de Orkney[4]. Segundo a
lenda, Sir Gawaine, teria pertencido à Ordem de Cavaleiros Sagrados da Távola
Redonda cujo líder era Sir Arthur Pendragon, rei da Bretanha, senhor do castelo
de Camelot, detentor do poder da espada de Excalibur.
De Gawaine à Galvão
Ninguém
sabe ao certo sob a linhagem vinda de Argwaine II, filhoprimogênito de Sir
Gawaine, mas um certo Leonie Mc Gawaine teria existido 300 anos depois do
patriarca Gawaine. Ele teria sido o possível bisavô de Dom Nícolas Emmanuel
Martin Mc Gawaine, que foi morar na França e fundou a dinastia de
"Gwain" depois de ser sagrado cavaleiro templário pela espada do rei
Francês Dom Luiz IX, o santo. Como cavaleiro templário, era seu dever guardar e
proteger o “Santo Graal”, relíquia que Gawaine teria ajudado a achar e trazer
para o ocidente.
A Ordem dos Templários ficou
muito poderosa e atraiu a cobiça dos monarcas que tentavam centralizar o poder
na Baixa Idade Média. Devido às perseguições que ocorreram na França, os
Templários foram aniquilados e é bem possível que Dom Nícolas e sua família
tenham fugido e se espalhado por todo o sul da Europa. É desse Dom Nícolas, que
viveu por volta do século X, que vem a linhagem e o brasão ocidental. Dele
surgiu os "Galvão" em Portugal, os "Galvez" na Espanha e os
“Galvani” na Itália.
A família em Portugal
Os Templários foram acolhidos
secretamente em Portugal, pela Ordem de Cristo, fundada pelo rei Dom Diniz (1279-1325),
e contribuíram na expulsão dos mulçumanos e nas conquistas marítimas. A cruz vermelha
dos templários era o emblema que aparecia nas velas dos navios portugueses e
também nos marcos de pedra e edifícios das possessões lusitanas na África, Ásia
e América do Sul. Parte da receita da Ordem de Cristo era oriunda das
explorações de além-mar, como recompensa pelo apoio dos Templários no começo
dessa expansão.
A história da família Galvão de
Portugal consta como tendo origem em Dom Pedro Galvão, um abastado cavaleiro da
corte lusitana, falecido em 1170. Esse Pedro Galvão é um provável descendente
de Nícolas Emmanoel, que viveu e foi cavaleiro na corte francesa.
A família no Brasil
Os Galvão chegaram ao
Brasil nas caravelas comandadas por Pedro Álvares Cabral, que era membro da
Ordem de Cristo. Nesse momento inicial não ocorreu ocupação e eles não se
fixaram no território. Ao longo da história ocorreram várias chegadas de
membros da família em pontos diferentes do Brasil. Há em São Paulo a família
Galvão de França e Galvão Bueno. No rio Grande do Sul existe até um município
com o nome de Galvão. No Nordeste foram os Lopes Galvão que se fixaram.
A família noNordeste
Os Galvão chegaram ao Nordeste no
século XVII e participaram das lutas dos nordestinos contra a ocupação
holandesa. Uma lenda fala de três irmãos portugueses que foram morar em
Pernambuco: um ficou naquela capitania, Manoel Lopes Galvão; o segundo, Francisco
Lopes Galvão, foi para o norte (Rio Grande do Norte); e o terceiro, Cipriano
Lopes Galvão, foi para o sul (Bahia). É isso que diz a tradição oral.
A família no Rio Grande do Norte
A história aponta que Manoel
Lopes Galvão esteve no Rio Grande do Norte, em 1640. Ele fazia parte da
esquadra do Conde da Torre e participou da lendária batalha marítima, entre os
dias 12 e 17 de janeiro, contra os holandeses. Depois de uma violenta luta no
mar, 1.400 homens desembarcaram na capitania sob o comando do mestre-de-campo
Luís Barbalho Bezerra. Este evento ficou conhecido como “retirada de Barbalho”,
pois a tropa resolveu voltar para a Bahia passando a pé por Pernambuco,
território holandês.
Além de Manoel Lopes Galvão,
estiveram nesse evento Francisco Barreto, Hilário Nunes de Matos, Amaro Velho
de Cerqueira, Lourenço de Brito Correia, Manuel de Hinojosa, Lourenço
Cavalcanti de Albuquerque, Manuel Camelo, Manuel Alves, Manuel de Araújo, Pedro
Gomes, Manuel Carvalho Fialho, Pedro de Oliveira, Pedro do Canto Coelho, Francisco
Pereira Guimarães, Gregório Peixoto, Antônio de Andrade, Ascenso da Silva,
Pedro de Miranda, Antônio da Cunha Abreu e os irmãos Valentim e Luís Pedroso de
Barros. Observem que a maioria desses personagens históricos trazem sobrenomes
conhecido na atualidade e que, possivelmente, são os fundadores das famílias
atuais.
Manoel Lopes Galvão ainda esteve
no quilombo de palmares, onde foi o responsável pelos disparos que feriu o
líder Zumbi, em 1676. Nesses eventos, Francisco Lopes Galvão, seu irmão, também
deveria estar ao seu lado. Depois do domínio holandês, esse Francisco Lopes
Galvão era Sargento-mor e veio para o Rio Grande do Norte, passando a morar no
povoado de Goianinha, onde casou-se com uma neta de João Lostal Navarro[5], Joanna
Dorneles Pimentel. Um de seus três filhos, Cipriano Lopes Pimentel, foi dono de
terras em Barra do Cunhaú.
Cipriano Lopes Pimentel casou-se
com Tereza da Silva e tiveram sete filhos. Um deles, Cipriano Lopes Galvão,
fundou a família Galvão na região do Seridó, no Rio Grande do Norte. Outro
filho, ou neto, Lázaro Lopes Galvão, que casou com Isabel de Bezerril, foi
Presidente da Câmara Municipal em Vila Flor[6] entre 1813 e
1817. Lázaro Galvão deveria ser um político de prestígio e aliado da família
Maranhão, no início do século XIX. Dessa forma deve ter sido perseguido pelo
apoio dado ao movimento revolucionário de 1817[7], que implantaria o primeiro regime republicano
no Brasil.
[2] Língua céltica que era falada no
território da atual França e a Noroeste da Itália. Dessa língua sobraram apenas
algumas inscrições esparsas além da toponímia da região.
[3] Língua céltica falada no País de
Gales e que, atualmente, possui o status de língua oficial, ao lado do inglês.
[5] João Lostal Navarro era um dos católicos
presente no Morticínio de Uruaçu e beatificado pelo Papa em 2000. Sua filha foi
casada com Joris Garstman, comandante holandês do Forte dos Reis Magos. Deste
surgiu também a família Gracimam Galvão.
[7] Revolução Pernambucana de 1817.
O movimento atingiu as províncias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte,
onde foi proclamado um governo republicano e a independência em relação ao império
português governado por Dom João VI. André de Albuquerque Maranhão foi o líder
do movimento em terras potiguares.
Por: Francisco Alves Galvão Neto (http://www.uniblog.com.br/tododia/353438/a-familia-galvao.html
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