segunda-feira, 29 de abril de 2013


Sopa: Transporte coletivo pioneiro na região Seridó do RN

O primeiro coletivo da linha Natal/Caicó
 
Foto do acervo de Cleomedes Cortez Gomes, 80,
residente em São Paulo/SP
O antigo ônibus que fazia a linha Natal a Caicó, na região Seridó do Rio Grande do Norte, nos anos 20/30 do século passado, era popularmente conhecido  como “Sopa”. A primeira empresa que explorou a concessão da linha foi a “Rede Viação Seridoense”, fundada por Othon Osório de Barros, o seu primo Manoel Genésio Cortez Gomes e Lourival do Nascimento,  naturais de Currais Novos/RN e Parelhas/RN.
 
Segundo Cleomedes Cortez Gomes, segundo filho de Manoel Genésio C. Gomes, a “Sopa”, um misto de madeira montado sobre um chassi de marca de caminhão importado, trafegou com este modelo da foto, até fins de 1939, quando Othon Osório já tinha deixado a sociedade com sr. Genésio (gerente) que, nesta época, estava associado com o parelhense Lourenço Justino do Nascimento, que exercia as funções de tesoureiro e encarregado da área operacional em Natal e interior. Segundo Cleomedes, nos últimos anos de atividades, a empresa começou a dar prejuízos por causa de sabotagens efetuadas por elementos que furtavam graxa, lubrificante indispensável ao bom funcionamento dos veículos.
 
Na foto, de chapéu e roupa branca,  ao lado da “Sopa”, um dos seus fundadores, Manoel Genésio Cortez Gomes (1899-1976). Ele casou com Maria Natividade Cortez Gomes, constituindo família com 17 filhos (15 vivos). [por Luiz Gonzaga Cortez na página do jornalista e pesquisador]
 
JBAnota  Caro Cortez, claro que não foi da nossa época, mas tenho informações que Manoel Feliciano que ficou conhecido como “Manoel da Sopa”, também fez a linha Natal/Caicó, certamente décadas depois. Ele é avó de um caicoense, já da nossa época, que foi embora para Minas Gerais e lá se estabeleceu como comerciante de sucesso. Para os amigos caicoenses, era conhecido como Neto, ou “Neto Gatinha”, irmão de outro amigo nosso Antônio Nilson, já falecido, e também de Adenilson Feliciano, outro irmão.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Gomes de Melo também gosta de cerveja e jogar conversa fora.

João Maria tirou esta foto na calçada de um bar defronte ao Hotel Tungstênio, no período da Festa de Sant'ana. Plínio Guimarães, filho de Francisca Gomes Guimarães, conhecida por "Santinha", cantora sacra, quando estávamos bebendo cerveja e  "Ditinho" (Benedito Gomes, filho de José Renato Gomes e Ursina), conversava, enquanto Rejane M.M. Cortês, tomava caldo de cana e Jailma, pensativa, olhando para a rua. Foto sem data, mas deve ser de meados da década de 90.
Soube hoje, 6.6.13, que Benedito Renato Gomes, que morava em Brasília, está doente e residindo em Natal, recebendo cuidados da sua filha Jaqueline.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Professor Felipe descobre um Pegado Siqueira Cortez em Assu.


Capitão Manoel Varella Barca, lá de de Assú (III)


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Manoel Varella Barca fez seu testamento em 10 de abril de 1844, na Fazenda Sacramento, tendo sido escrito por João Martins de Sá Junior. Nas suas disposições destacou uma sorte de terras, chamada Sítio Caeira ou Mutamba, herdada dos seus pais, para Maria Beatriz e Manoel de Mello Montenegro Pessoa, em atenção a fiel amizade que ambos dedicaram a ele. Fez, também, um destaque especial para a neta e afilhada Lusia Leopoldina, casada com Felis Francisco da Silva, em atenção à pobreza em que se achavam.
O segundo casamento do capitão Manoel Varella Barca foi com Dona Francisca Ferreira Souto, como vimos no primeiro artigo desta série. Vamos, pois, escrever um pouco sobre os filhos desse casal.
Domingos Varella Barca, com a idade de 20 anos, casou, em 9 de abril de 1823, na Fazenda Estreito, com Dona Gertrudes Lins Pimentel, 22 anos, filha de João de Souza Pimentel e Dona Josefa de Mendonça Lins. Houve dispensa pelo parentesco em que estavam ligados. Estavam presentes João Maurício Pimentel e Francisco Varella Barca, ambos casados.
Rosa Francisca Ferreira Souto, outra filha de Manoel e Francisca, com 29 anos de idade, casou, também, na Fazenda Estreito, em 11 de maio de 1833, com José da Fonseca Silva, de 28 anos, filho legítimo de João da Fonseca Silva, falecido, e dona Anna Maria de Jesus. Estavam presentes João Pegado de Sirqueira Cortez, casado, e Gaspar Freire de Carvalho, solteiro.
De Dona Maria Beatriz Paz Barreto não encontrei o registro de casamento. Era casada com Manoel de Mello Montenegro Pessoa, natural de Goianinha. Ovídio, filho desse casal, nasceu aos 16 de novembro de mil oitocentos e trinta e cinco, e foi batizado, pelo Vigário Colado do Seridó, na época visitador, Francisco de Brito Guerra, em 6 de janeiro de 1836, na Matriz de São João Batista do Assú. Teve como padrinhos José Varella Barca, solteiro, e Angela Garcia de Araújo Freire, viúva; Manoel, outro filho de Maria Beatriz e Manoel de Mello, nasceu aos vinte e quatro de outubro de 1836, e foi batizado pelo vigário de Santana do Matos, Padre João Theotonio de Sousa e Silva, na Matriz de Assú, aos trinta do mesmo mês e ano. Foram padrinhos o capitão Manoel Varella Barca, casado, e Maria Hermelinda de Albuquerque Montenegro.
Maria Francisca Silvina Souto tinha 26 anos quando casou, em 22 de Agosto de 1833, no oratório de José Varella Barca, com o português João Rodrigues de Mesquita, 30 anos, filho legítimo de Antonio Rodrigues de Mesquita e Maria Joaquina, ambos falecidos. Estiveram presentes João Pio Lins Pimentel e Francisco Varella Barca, casados.
João Pio Lins Pimentel, citado acima, filho de João de Sousa Pimentel e Josefa de Mendonça Lins, casou, em 30 de janeiro de 1826, na Matriz de Assú, com Francisca Ferreira Souto, outra filha de Manoel e Francisca Ferreira Souto. Foram dispensados por impedimento no terceiro grau de consanguinidade, atingente ao segundo. Estavam presentes José Varella Barca, ainda solteiro, e Francisco de Sousa Caldas, casado. João Pio era irmão de Gertrudes, esposa de Domingos Varella.
Na época do inventário Dona Francisca Ferreira Souto, a esposa de João Pio, já falecida, foi representada pelos filhos João Pio Lins Pimentel Junior, maior de 21 anos, Francisca Victorina casada com Tertuliano de Alustau Lins Caldas, Irene, Maria, Josefa, Manoel, Júlia e Luis, com 11 anos de idade..
Manoel Varella Barca Junior, outro filho do segundo casamento, tinha o mesmo nome do primogênito de Manoel Varella Barca. Era, também, falecido, na época do inventário do pai. Com vinte e dois anos de idade, casou, em 23 de fevereiro de mil oitocentos e trinta, no sítio (ou fazenda) Estreito, com Ignácia Theodósia de Mendonça, de 22 anos de idade, filha de João de Sousa Pimentel e Dona Josefa Lins de Mendonça, dispensados, também, dos impedimentos que estavam ligados. Estavam presentes, o capitão Manoel Varella Barca e João Maurício Pimentel, casados. Ignácia, como se pode ver dos registros anteriores, era irmã de João Pio Lins Pimentel e Gertrudes.
No inventário, Manoel Varella Barca Junior foi representado por sua filha Francisca Theodósia de Mendonça Caldas, viúva. Não encontrei mais informações sobre essa neta do capitão. Foi seu procurador no inventário, Luiz Gonzaga de Brito Guerra.
José Varella de Sousa Barca, foto enviada por descendente Francisco Varela Barca

domingo, 21 de abril de 2013

Figuras importantes de Currais Novos/RN (I) - Extraído de Documentacn.blogspot.com


Aliança Política - cel. José Bezerra e maj, Lula Gomes (1897)


(Maj. Lula Gomes e cel. José Bezerra)

Em 1897, o cenário político curraisnovense era dominado por duas personalidades políticas locais - cel. José Bezerra de Araújo Galvão e o maj. Luís Gomes de Melo Lula. Ambos participavam do PRF (Partido Republicano Federal) chefiado por Pedro Velho de Albuquerque Maranhão.
Os chefes políticos da
CURRAES-NOVOS

Após longa conferencia com o nosso eminente chefe, Dr. Pedro Velho, os distinctos cidadãos, coroneis Luiz Gomes de Mello Lula e José Bezerra de Araujo Galvão, accordaram em assumir, de perfeita harmonia, a direcção politica daquelle municipio.

O prestigio, a lealdade do caracter que todos reconhecem em tão prestigiosas influencias, hoje solidariamente congregadas no mesmo pensamento, constituem a segurança maxima de ordem, moralidade e firmeza republicana na politica daquelle municipio.

Applaudindo, jubilosos, esse auspicioso acontecimento, damos cordiaes parabens aos nossos distinctos e prestimosos correligionarios, coroneis Luiz Gomes de Mello Lula e José Bezerra de Araujo Galvão e congratulamo-nos ao mesmo tempo com o municipio e com o nosso eminente chefe Dr. Pedro Velho, cujo atilamento viu coroados de exito os seus intuitos de cada dia mais e mais robustecer a aggremiação politica que ampara e defende no Estado, com invencivel denodo, as instituições republicanas.

(... texto em formatação...)

SEGUNDA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2009


Helena Coelho! Dona Helena!


(Fotografia: Helena Coelho)

Helena Coelho, Dona Helena, ou ainda tia Neinha para o familiares, nasceu em Capim Grosso (hoje Curaçá), no Estado da Bahia, no ano de 1897.
Filha de João Coelho, retratista itinerante, que ganhava a vida fotografando gente e coisas, pelos tortuoso e adustos caminhos dos sertões da Bahia, de Sergipe, da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
Helena foi criada num ambiente propício ao conhecimento das técnicas e linguagens da fotografia. Embora, a profissão do pai ter inviabilizado o convívio diário, fora, conjuntamente com sua irmã Lúcia, criadas pelos tios Manoel Coelho e Maria Bezerra, moradores na cidade de Assú/RN. Mesmo distante do pai, pelos motivos da profissão itinerante, mantinha um forte vínculo afetivo com ele, como afirmou em uma entrevita concedida ao jornal O Poti.

- Às vezes, ele me deixava na casa de um parente. Eu não gostava, gostava de estar com ele, sentia muita falta dele. Às vezes, ele ia na frente arranjar lugar, alugava uma casa para quatro, cinco meses e vinha me buscar.
Com a morte do tio Manoel Coelho no ano de 1919, Helena Coelho, ainda adolescente, inicia sua atividade fotográfica auxiliando seu pai. Eram os primeiros passos, no aprendizado do ofício. Quanto a este fato, ela afirma:
- Eu lavava as fotos para ele (...) fazia tudo, tirava a foto, revelava e aprontava (...) fotografava de tudo, de casamento a defunto. A primeira foto foi de um anjinho, a família touxe o caixão lá para casa.
Atuando como fotógrafa itinerante, se estabelecia de cidade em cidade para uma temporada registrando as recordações fotográficas de grandes momentos da vida cotidiana: noivados, casamentos, batizados, encontro de amigos eventuais álbuns de família.




No início dos anos 1930, a convite do renomado médico Mariano Coelho, seu parente, José Coelho e suas filhas fixam residência na rua do Rosário, na cidade de Currais Novos/RN, inaugurando um pequeno estúdio. Ao mesmo tempo, continua sua itinerância foográfica mantendo também um pequeno laboratório na cidade de Assú/RN, até o ano de 1946, ano do seu falecimento.
Enquanto isso, Dona Helena consolida sua profissão na cidade de Currais Novos.
Helena usava uma máquina francesa com lentes barrel, presente do pai, fabricada em 1920 e feita de cedro, com a qual manteve por mais de trinta anos uma clientela cativa, cobrando preços módicos (4$000 réis pela dúzia e 15$000 pelas fotografias maiores).
Dona Helena trabalhava incansavelmente, certa feita, fotografou todas as ruas da vila de Cerro Corá, por encomenda da família Pereira Araújo. Gostava de falar sobre seu ofício e seu cotidiano.

- Em época de eleição, eu ia para os sítios tirar foto dos eleitores, depois ia para casa trabalhar, e no outro dia eles vinham buscar.
Por trinta anos trabalhou na cidade de Currais Novos, quando em 1962, aos 65 anos, aposenta-se e muda-se para a cidade de Natal, deixando um obra fotográfica das mais significativas que se realizaram no estado do Rio Grande do Norte.

(Texto de Willian Pinheiro e Mayara Costa)

Mais informações sobre Thomaz Pereira de Araújo.

João Abner Guimarães.

quarta-feira, 27 de abril de 2011


Fragmentos históricos e origens de uma família de Cerro Corá*

Prezado amigo João Felipe da Trindade 

Agradeço a sua atenção pela história da minha família, centrada em Cerro Corá na figura do patriarca Thomaz Pereira de Araújo, o Thomaz Bengala de origem incerta, e entrelaçada com famílias tradicionais dos municípios de Santana do Mattos e Currais Novos.

Nesse caso, a Serra de Santana, com 700 metros de altitude e grande extensão que divide as águas e a cultura das regiões Seridó e Central do RN, no passado também dividiu pessoas, e familiares próximos.
Para exemplificar, cito a história de duas irmãs, verdadeiras Evas – ambas minhas tataravós (trisavós) por parte de pai e mãe – filhas de João Ferreira de Miranda e Joaquina Maria da Conceição. São elas: Ritta Regina de Miranda casada com o citado Thomaz Pereira de Araújo, morador da região da Serra de Santana, e Antonia Maria de Miranda casada como patriarca Luiz Valcacer da Rocha Pitta de Santana do Mattos.

Ritta Regina teve treze filhos, sendo 12 do primeiro casamento com Thomaz Pereira de Araújo, desses, dois foram homens, Major Benvenuto Pereira de Araújo (7º Intendente de Currais Novos) e Vivaldo Pereira de Araújo (pai do homônimo Major Vivaldo Pereira de Araújo, 9º Intendente de Currais Novos, pai de José Cortez Pereira de Araújo, governador do Rio Grande do Norte, no inicio da década de 70), e dez filhas, nove delas casadas com integrantes da família Silveira Borges de Santana do Matos e Açu (Juventino, Celso, Joaquim, Manoel, José Maria, Juvino, Antonio e Manoel Jacintho). A sua última filha, Ananília Regina de Araújo, casou com o patriarca Manoel Salustino Gomes – originário de Picuí/PB e um dos fundadores do povoado de Caraúbas que originou a cidade de Cerro Corá, onde nasci. Manoel Salustino era o pai do desembargador Thomaz Salustino Gomes de Mello, vice-governador e um dos homens mais ricos da sua época no Rio Grande do Norte. Após a morte de Thomaz, Ritta Regina casou com Manoel Pires de Albuquerque Galvão e teve seu último filho, João Alfredo de Albuquerque Galvão.

Dos filhos homens de Ritta Regina, Vivaldo Pereira de Araújo (1º) faleceu cedo e deixou quatro órfãos pequenos, que mantiveram os laços com Santana do Mattos através da família materna que os criou.
Quanto ao meu bisavô Benvenuto Pereira de Araújo, sua família prosperou bastante nos municípios de Cerro Corá, Currais Novos e São Tomé, com certeza para isso concorreu o seu casamento com Ana Izabel de Araújo – filha do Capitão Laurentino Bezerra de Medeiros Galvão de família tradicional e 1º Intendente de Currais Novos. Benvenuto e Anna Izabel geraram uma prole numerosa de homens empreendedores que se destacaram no comercio, mineração, agricultura e pecuárias das regiões Seridó e do Potengi. Dentre esses, destaco o meu avô Thomaz Pereira de Araújo, considerado uma das principais lideranças política e econômica da Região, na época da fundação de Cerro Corá e do meu nascimento em 1953.

Por outro lado, os descendentes de Antonia Maria de Miranda casada com Luiz Valcacer da Rocha Pitta, de Santana do Mattos, também foram bastantes numerosos. A partir do seu filho Manoel Américo de Carvalho Pitta, que teve grande projeção política e econômica em Santana do Mattos, passaram a se nomear como família Carvalho. Hoje, após vários casamentos consangüíneos os Carvalho, Assunção e Guimarães se confundem em Santana do Matos.

O meu bisavô João Baptista Guimarães foi genro de Luiz Valcacer e Antonia Maria.

Quanto à historia comum das duas irmãs, Ritta Regina e Antonia Maria, moradoras nos lados opostos da Serra de Santana, menino escutei relatos de uma visita festiva de Antônia para a irmã Ritta na velha casa do Sítio Cascavel em Currais Novos. Entretanto, apesar da prática bastante comum na região, creio que o primeiro casamento consangüíneo entres seus descendentes foi o de meu pai João Abner Guimarães com a minha mãe Ivete Pereira Guimarães, bisnetos das irmãs Antonia Maria e Ritta Regina

*Autoria de Abner Guimarães para o blog de João Felipe da Trindade

http://trindade.blog.digi.com.br/2011/04/02/informacoes-de-abner-sobre-seus-ascendentes/

sábado, 20 de abril de 2013


Sou um genealogista – mas acalmem-se, pois não é contagioso. No fundo, a gente queria que fosse, mas não é. Um genealogista é um sujeito que resolve desenterrar toda a história familiar para descobrir quem eram e o que faziam os seus antepassados mais remotos. Um doido, portanto. Para conseguir isso, ele mexe em todos os papéis velhos da família – aqueles que você acha que não valem nada, mas que ele dará um grito de satisfação quando encontrar. Fará perguntas insistentes a cada membro da família. Quer saber os mínimos detalhes de coisas que você com certeza não se lembra. É capaz de passar horas metido em um cartório, casa paroquial ou arquivo histórico remexendo livros velhos, amarelados e cheio de fungos. Isso porque ele PRECISA esclarecer algum mistério na história da sua família e assim descobrir quem foram realmente as pessoas que o antecederam.
Esta é uma imagem digna de nota: o genealogista, em uma sala silenciosa, absolutamente concentrado em sua pesquisa. Eis que de repente ele vislumbra um registro e pensa: “Será possível?”. Excitado, confere de novo. Sim, ele achou exatamente aquilo que procurava. É nesse momento que todos os genealogistas têm vontade de gritar a plenos pulmões “ACHEI, ACHEI! EUREKA!” – muitos se contém, mas é exatamente isso o que ele murmuram para si mesmos. E se alguém estiver perto e quiser saber o que o sujeito descobriu, provavelmente vai se decepcionar ao ver que foi apenas um registro de casamento super antigo que deu a ele o nome de quatro novos octavós ou coisa do tipo.
Aos poucos, o genealogista vai montando a sua árvore genealógica. Descobre antepassados que ninguém da sua família fazia a menor ideia que tivesse. No começo, ele conta as suas descobertas com entusiasmo. Alguns parentes demonstram certo interesse – e em seguida esquecem absolutamente tudo o que o genealogista disse. Para uma pessoa normal, qualquer coisa acontecida há cem anos foi praticamente na pré-história. E então o genealogista despeja em cima dela informações de 1800, 1700, 1600… É quando vem a famosa frase, que todo genealogista um dia ouve: “Você vai acabar chegando no Adão!”.
Com o tempo, o genealogista percebe que sua paixão é solitária. Não há registro de um casal de genealogistas, por exemplo. E seria até temário pensar em algo assim, pois eles certamente se esqueceriam de viver. Em geral, o genealogista não encontra no dia a dia quem lhe compreenda. Há parentes distantes que acham estranho esse interesse pelo passado da família e insinuam que o genealogista está de olho em alguma herança. Felizmente há a internet, e nela o genealogista encontra outros genealogistas, e eles se juntam em grupos de cooperação mútua, mais ou menos como os alcoólicos. Nessa troca de informações, conseguem verdadeiros prodígios, e se não chegam mesmo até o Adão não é por falta de esforço.
Os nossos Sherlocks ainda precisam lidar com garranchos, registros omissos ou contraditórios entre si, além de dificuldades no acesso a documentos. Parafraseando Einstein: perto do que foi o passado, aquilo que o genealogista consegue descobrir é algo de tosco e primitivo – mas é também aquilo que temos de mais precioso sobre ele.
Eis a primeira parte da minha árvore genealógica:
Henrique Fendrich

Abraços 
João Felipe da Trindade
visite:

terça-feira, 16 de abril de 2013

Manoel Varella Barca, lá do Assú (II)


Capitão Manoel Varella Barca, lá do Assú (II)



João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
O fato de José Varella de Sousa Barca, filho de Manoel Varella Barca Junior, e neto do capitão Manoel Varella Barca, estar preso na cadeia de Natal, na época do inventário, em 1850, me deixou intrigado e fui investigar.  Na internet descubro que na Câmara alta, no ano de 1864, José Castelo Branco de Moreira Brandão e Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti, protagonizaram um intenso duelo verbal, por várias sessões consecutivas, onde o presidente da província, Olyntho Meira, estava na berlinda.
Amaro reclamava que Olynto tinha demitido o delegado de polícia de São Gonçalo, um cidadão prestante e honrado, o tenente-coronel José Varella de Sousa Barca, e nomeado para o seu lugar um homem que já tinha sido processado pelo fato de ter tentado roubar a urna em uma eleição. Esse novo delegado era cunhado de Moreira Brandão. Lembro, ainda, que Moreira Brandão era genro de Estevão José Barbosa de Moura, mencionado no artigo anterior.
Na sua resposta, Moreira Brandão disse que o Sr. José Varella foi por vezes processado, sendo um por crime de homicídio, e que seu processo achava--se munido de provas, embora ele depois conseguisse livrar-se. Já Bezerra Cavalcanti, contestou as informações de Moreira Brandão, dizendo que tudo que se imputava ao tenente-coronel José Varella tinha sido armado pelos seus adversários, semelhante ao que já tinha ocorrido com ele.
José Varella de Sousa Barca era casado com Dona Antonia da Rocha Bezerra Cavalcanti. Não localizei filhos desse casal. Aparecem nos registros de batismos de São Gonçalo como padrinhos.
Sobre Manoel Varella de Souza Barca, a única informação que encontrei foi uma nomeação para exercer uma cadeira em Santana do Mattos, em 1894.
Luzia, que aparece como esposa do tenente João Gomes Freire, era na verdade Luzia de Jesus Xavier. O tenente João Gomes Freire era filho de Thedósio Freire de Amorim e de Dona Sebastiana Dantas Xavier, irmã de Thereza de Jesus Xavier, esposa de Manoel Varella Barca Junior. Portanto, Luzia e João Gomes eram primos legítimos. Essas utinguenses são descendentes dos mártires de Uruassú, Antonio Vilela Cid e Estevão Machado de Miranda. Sebastiana foi batizada na capela de Jundiaí, em 22 de abril de 1781, sendo um dos padrinhos o Padre Lourenço Gomes Freire, tio do seu futuro esposo. João Gomes Freire era irmão de Theodósio Freire de Amorim Junior e Anna Freire de Amorim. Anna nasceu em 1808, na Utinga, tendo como padrinhos os avós maternos Francisco Xavier de Sousa Junior e Bernarda Dantas.
Na capela de Nossa Senhora do Socorro de Utinga, encontrei, na base de uma das paredes, uma placa confeccionada pela esposa de João Gomes Freire, referente ao seu jazigo, onde estão escritas as datas de nascimento, casamento e falecimento dele. A data de nascimento foi 23 de dezembro de 1811 (Segundo Cascudo, 1813, o último algarismo não é fácil de ler). Seu casamento foi em fevereiro de 1837 e seu falecimento, em 20 de outubro de 1877. Essas datas não pude conferir, pois não encontrei nenhum desses registros. Faltam páginas de alguns livros, e outros registros são de difícil leitura. Encontro o casal João Gomes Freire e Luzia de Jesus Xavier como padrinhos em vários batismos, mas não encontrei nenhum registro de filhos.
João Gomes Freire, vice-presidente da província, exerceu o cargo de presidente por poucos dias, de 15 junho a 1 de julho de 1872.
Encontro, também na internet, que Maria Senhorinha Varella Barca, viúva, de Antonio Barbalho Bezerra Junior, e mãe do alferes do 1º Corpo de Voluntários da Pátria da Província do Rio Grande do Norte, Manoel Barbalho Bezerra, morto em campanha, recebeu uma pensão mensal, a partir de 1867, do Império.
Placa do Jazigo do capitão João Gomes Freire

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quarta-feira, 10 de abril de 2013

João Alfredo Pegado Cortez, o Conde de Miramonte.

 João Alfredo Pegado Cortez, autor do romance "Beco da Quarentena", com prefácio de Afrânio Lemos, está atrás da moça da direita da foto, Ana Maria Cortez Gomes, que, por sua vez, está atrás de Othon Osório de Barros, o homem de paletó branco, sentado, na extremidade direita.
Conheci o Conde de Miramonte no Grande Ponto, na rua Princesa Isabel, centro de Natal, nos anos oitenta, quando estava escrevendo a série de reportagens sobre o integralismo e comunismo no Rio Grande do Norte.
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