sábado, 26 de novembro de 2016

[AssessoRN.com ] El Comandante cubano deixa esta vida e passa para a história

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João Bosco de Araujo no-reply@blogger.com

15:48 (Há 2 horas)
para mim
Morreu Fidel Castro, histórico líder da revolução cubana

O líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro, faleceu na noite desta sexta-feira (25), aos 90 anos. A triste notícia foi anunciada pelo presidente Raúl Castro, por meio de um comunicado na televisão, em rede nacional. O chefe de Estado explicou que o corpo de Fidel será cremado atendendo a seu próprio pedido. [Portal Vermelho > Leia mais]

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Postado por João Bosco de Araujo no AssessoRN.com em 11/26/2016 11:48:00 AM

domingo, 20 de novembro de 2016

sábado, 12 de novembro de 2016

O DIA AZIAGO DA SUPERSTIÇÃO SERTANEJA

 Por José Romero Araújo Cardoso

(Conto laureado com Menção Honrosa no Resultado final do Terceiro Concurso de Crônicas, Contos e Poesias "João Batista Cascudo Rodrigues" - Versão 2016 - Promoção: Academia Mossoroense de Letras – AMOL).

Pedro macambira acordou sobressaltado na alta madrugada sertaneja, despertado com o canto insistente e fora de hora do galo magricela que imperava célere no terreiro de sua tosca e humilde casinha de taipa, construída com material encontrado por ali mesmo, naqueles carrascais perdidos no meio da caatinga desolada e cinzenta devido à ação implacável da seca inclemente que há mais de dois anos castigava o semiárido, a qual, para infelicidade dos povos interioranos, tinha seus efeitos repercutidos em áreas antes relativamente livres das estiagens com as quais acostumara-se a enfrentar nesses cinquenta e dois anos de vida sofrida, quase dez ao lado da família que formara.
          
Aves noturnas contribuíram para fustigar mau presságio em seu imaginário sertanejo, pois bem no alto da tosca chaminé de onde saia a fumaça preta exalada do fogão à lenha, mantido aceso em fogo brando, pousou desafiante rasga-mortalha, a qual passou a emitir sons estridentes que imemorialmente causam arrepios no supersticioso povo do sertão.


Na tarde do domingo, dia primeiro de agosto, assombrara-se com o lamento contínuo de uma acauã que parecia fitar os raios solares, como a invocar lhes a crestar ainda mais as veredas adustas do sertão calcinado pela seca que a cada dia se tornava mais insuportável. 
          
Um engordurado calendário pendurado na parede de barro, recebido como brinde do dono da única farmácia da cidade, quando fora no início do ano comprar remédios para tentar curar as bicheiras dos meninos, estava preso por um prego enferrujado. Pedro havia assinalado em forma de circunferência o dia dois de agosto, primeira segunda-feira do mês considerado no sertão como de desgosto.
          
É um dia encarado como aziago na tradição do sertão, fruto de experiências passadas de geração a geração, com o qual, segundo os antepassados, precisa-se ter cuidado, respeitá-lo quanto ao que diziam os antigos, no que se refere aos seus significados e mistérios. No linguajar matuto, dia aziago tornou-se dias e águas, fomentando enigmas e divagações metafísicas.
          
Água suja e salobra, recolhida a duras penas de uma cacimba quase seca, localizada a dois quilômetros de sua humilde tapera, foi despejada de um balde em uma bacia plástica que conseguiu comprar na feira da cidade. Molhou o rosto e foi acordar Maria de Eulália e os dois meninos – Lucas, de cinco anos e Raimundo, de sete.
          
Precisava estar bem cedo no meio da caatinga para tentar retirar a macambira que serviria para ganhar alguns trocados, vendendo-a para que filhos de pessoas mais afortunadas se divertissem fazendo gaiolas para manter cativos inocentes e desditados cabeças-vermelhas, assuns-pretos, pomba-rolas e outras aves encontradas a duras penas na região.
          
A fome atroz passada em secas passadas fê-lo experimentar farinha de mucunã a fim de mitigar a carência nutricional. Foi uma experiência terrível, pois a química venenosa contida na semente quase o levara a óbito. Ficou a certeza que nunca mais repetiria a dose e nem tampouco ofereceria mucunã para sua família provar. Essa promessa foi feita aos pés da imagem do Senhor São José quando, em leva de retirantes, passavam em uma cidade perdida nas quebradas do sertão.
          
Ninguém conhecia naquelas bandas Pedro Bento de Sousa, seu nome de batismo, mas Pedro macambira, sim, em razão que foi a esse ofício, retirar e comercializar macambira, ao qual se dedicou com afinco desde quando chegara por ali na tentativa de fixar-se com a família na condição de moradores.  
          
Lenha para fazer carvão era algo fora de cogitação. O patrão havia proibido o corte de qualquer árvore. Esse era um privilégio dele. A venda da madeira era feita na cidade, pois, construtores de casas e a única padaria que existia, compravam parte da vegetação retirada da fazenda. Destinava, ainda, fração do material lenhoso para consertos de cercas.
          
Como o tempo mudou, pensou Pedro macambira. Há menos de dez anos o terreiro estava cheio de passarinhos, de todas as espécies. Hoje, encontrarmos um de uma única espécie é um trabalho duríssimo. O homem não vem respeitando a natureza, por isso estamos vivendo nessa solidão, sem o canto dos pássaros para nos alegrar.
          
Passando o café em um coador desgastado, adoçando-o com rapadura preta, Maria de Eulália acompanhou discretamente as reflexões silenciosas do esposo, convicta, não precisava perguntar, que giravam em torno do dia considerado um entre tantos de maior respeito dentro das superstições contidas nas tradições sertanejas.
          
Como fazer para retirar a macambira sem usar algum artefato de metal? Como manter firme os ensinamentos dos meus pais e avós se tenho que garantir alguns trocados para o sustento da minha família durante a semana? Indagava Pedro macambira a si mesmo. A agricultura não prospera por causa da seca. Não temos condições de mandar cavar um poço e termos água para abastecer a casa, irrigar a plantação e saciar nossa sede e a dos animais. Vivemos de favores na terra dos outros, o patrão só vem aqui em casa quando é para mandar fazer alguma coisa para ele, não nos ajuda, vive como um rei, onde não falta nada nas terras que planta e cria gado, domínios extensos que fazem lembrar as histórias medievais que os cantadores de outrora difundiam no sertão carente de informações. Para o pobre só resta lutar para sobreviver e pedir a Deus para mandar melhores dias, por que aqui na terra a ganância fala mais alto e não há solidariedade de forma alguma, a fomentar a união entre as pessoas.
          
Por falar em patrão, o barulho de um possante motor de caminhonete foi notado, vindo na direção da casinha de taipa da sofrida e morigerada família sertaneja. Era o senhor de baraço e cutelo, dono das terras e da vida, vindo ordenar que um serviço fosse feito com urgência até o fim do dia.
          
Uma árvore frondosa do semiárido, uma cajazeira, havia crescido em direção a uma trifásica de alta tensão que trazia energia de Paulo Afonso para iluminar a cidade, pois luz elétrica ainda não tinha beneficiado boa parte da zona rural. Quando os galhos se tangenciavam com os fios causavam descargas descomunais que estavam pondo em risco as vidas dos valiosos animais dos rebanhos do dono das terras do sem fim onde Pedro Macambira e sua família eram moradores.
          
Planta de crescimento rápido, atingindo mais de vinte metros de altura, a cajazeira possui raízes profundas que facilitam a absorção de água pela planta. Tubérculo geralmente existente nas extremidades de suas raízes era utilizado, quando das grandes secas, para o fabrico da farinha. O cosmopolitismo tropical é uma das características de sua ocorrência. Na Amazônia é conhecida por Taperebá, enquanto nos Estados sulinos conhecem-na por Cajámirim.  
          
Maria de Eulália sentiu um frio na espinha quando a voz gutural do homem mau encarado à sua frente ditou as ordens de forma irresoluta, pois, para cortar os galhos ressequidos, tenebrosos e desafiadores da cajazeira, seria necessário fazer uso de algum artefato metálico, como uma foice.
          
Lucas e Raimundo, sem entender direito o que se passava, notaram que uma lágrima rolava da face sofrida da genitora, enquanto Pedro macambira, empalidecido e quase sem voz, retrucava ao patrão que o dias e águas era uma data temida e respeitada pelo seu povo. Seria uma blasfêmia usar qualquer instrumento de metal naquele dia especial de reserva milenar naquela superstição presente na tradição sertaneja.
          
Acostumado a ditar ordens e ser obedecido prontamente, o patrão quase teve um ataque de loucura diante das ponderações do casal à sua frente. Berrou que respeitassem sua barba grisalha e que Pedro fosse cumprir o que havia determinado, sob pena de serem expulsos daquela terra o mais rápido possível.
          
Lembranças de aflições inenarráveis vieram-lhes à mente, pois vagavam feito almas penadas pelas quebradas do sertão, buscando criar a família que Deus lhes deu. A fixação como moradores foi muito difícil. O patrão não queria consentir que gente vinda de longe ocupasse suas terras, mesmo sendo um inexpressivo pedaço de chão.
          
Batendo com força a porta do veículo, o arrogante senhor absoluto, expressão maior da sociedade sertaneja agropastoril arcaica e patriarcal, definiu sua intransigência com relação ao cumprimento da ordem dada ao humilde roceiro. A tradição não interessava, mas tão somente a neutralização da ameaça que punha em perigo os seus rebanhos.
          
Definida a ordem de tarefas, Pedro priorizou a luta para encher a barriga da família. O patrão havia dito que esperava até o fim do dia, então que esperasse. Enfiou o surrado chapéu de couro na cabeça, enrolou a funda, dando uma volta em sua cintura, encheu o cantil com água suja e barrenta e dentro do alforje colocou três pedaços de rapadura preta para minimizar a fome, tomando o rumo de um serrote arisco e cheio de percalços, onde sabia existir macambira em abundância.
          
No caminho notou que os efeitos da seca e da ação do homem estavam se concretizando de forma agônica. Os animais com os quais acostumara-se a caçar em suas caminhadas, principalmente quando para extrair macambira, não eram encontrados com facilidade. Quando conseguia visualizar um tejo ou um mocó, estes eram tão rápidos que ficavam logo distante da sua pontaria.      

Arma de fogo era um privilégio que não possuía. Não tinha dinheiro para comprar pólvora e chumbo, não obstante saber perfeitamente como fabricar artesanalmente uma espingarda bate-bucha.
         
Ao chegar no serrote, notou a abundância de macambira, embora o problema para retirá-la estivesse no respeito à tradição sertaneja que diz, com relação ao dia aziago, não ser recomendável o uso de instrumentos metálicos.
          
A primeira tentativa de retirada da macambira sem uso de instrumento de metal revelou-se sofrível. O espinhos da macambira logo penetraram na áspera pele do sertanejo. A macambira, escolhendo caprichosamente fendas entre pedras para nascer e se desenvolver, mostrou-se desafiadora ao senso comum.
          
Arrancá-las com as mãos nuas tornou-se um dos maiores suplícios já enfrentado pelo heroico filho das caatingas. A busca por melhor qualidade de vida para sua família, no entanto, falava mais alto e a cada tentativa aumentava-lhe a nobreza de espírito a ponto de fazê-lo esquecer as dores lascinantes, resultando em relativo sucesso que garantiu-lhe certa quantidade de talos da bromeliácea. 
          
Sangrando bastante as mãos e os pés, Pedro desceu o serrote com os seus troféus, os quais renderiam uns bons trocados que permitiriam a compra de um pouco de querosene e um tanto de mantimento no barracão mantido pelo patrão na sede da fazenda.
          
Trazia consigo a certeza que a tradição passada de pai para filho não tinha sido quebrada. Não havia utilizado instrumento de metal no dias e águas para retirar a macambira que serviria para mitigar um pouco dos infortúnios de sua existência e a da sua família marcadas pelas secas e pelas humilhações terrenas.
           
Sedento e faminto, colocou um taco de rapadura na boca e passou a mastigá-la bem devagar, tomando alguns goles da água suja e barrenta a fim de facilitar a degustação do doce sertanejo.
          
Passavam das três da tarde quando Pedro chegou em sua moradia. Maria de Eulália, aflita, com Lucas e Raimundo segurando-lhes a barra da saia, recebeu o marido com ar espavorido. O dono da terra, na ausência do esposo, tinha vindo reiterar a ordem referente à urgência na poda da cajazeira.
          
Disse-lhe que o patrão tinha gritado e ameaçado, jurando expulsar a família caso o serviço de corte da árvore não fosse feito até as quatro horas da tarde. Não queria mais perder nenhum boi gir ou zebu ou um caprino boer por causa das descargas da alta tensão quando os galhos da cajazeiras batiam nos fios. O serviço, tinha esbravejado o insensível homem, conforme Maria de Eulália relatava a Pedro, tinha que ser feito por ele.
          
Esmorecido e cansado, Pedro sentou-se num banquinho de aroeira e pôs-se a meditar sobre a situação, sendo despertado pela razão, pois o tempo corria e até as quatro horas tinha que cortar os galhos da sinistra cajazeira, sob pena de perder o abrigo temporário conseguido com muita luta.
          
No velho baú estava guardada uma foice que levava em seus deslocamentos pelas veredas da terra do sol. Fitou-a durante alguns minutos e retirou-se do local onde a guardara, segurando firme o cabo de imburana, entrando em uma espécie de transe emocional, condicionado pelas bases morais de suas tradições e crenças.
          
Despediu-se de Maria de Eulália e dos meninos e foi cumprir sua sina, seu destino sempre marcado por tragédias inenarráveis e sofrimentos atrozes que poderiam ser evitados, caso a responsabilidade humana fluísse harmonicamente. 
          
Deslocou-se até o perigo representado pela cajazeira ameaçadora que tangenciava seus galhos com os fios da alta tensão. Ventava bastante e um leve toque de algumas das partes do vegetal na eletricidade violenta fez com que fagulhas se espalhassem pelo chão, indicando o iminente.
          
Não sentia medo, pois não era homem para tremer nas bases, mas aquilo tudo representava uma afronta ao que seu velho pai sempre lhe dizia, para respeitar a primeira segunda-feira do mês de agosto, o dia aziago, quando trabalhar com instrumentos de metal poderia ser fatal.
          
Pensativo, ficou algum tempo perguntando a si mesmo de onde vinha a tradição de respeitar a primeira segunda-feira do mês de agosto. De quem teria sido a ideia? O pai e o avô tinham manias estranhas, bem como a mãe e a avó. Os antepassados ficavam no terreiro, principalmente em dias de sexta-feira, esperando aparecer a primeira estrela, enquanto as matriarcas não ousavam varrer a casa passando o lixo pela porta da frente. De que povo herdaram isso? Refletia Pedro de forma enigmática. Embora analfabeto, era muito inteligente.
          
Parou de imaginar as coisas e começou a buscar dentro de si mesmo a coragem necessária para concretizar o desafio às suas tradições, invocando toda fé possível e imaginável para que não caísse em emboscadas do destino, como bem apregoavam os antigos. 
          
Subiu na frondosa árvore e começou a cortar os primeiros galhos. Algo de sobrenatural aconteceu em seguida, pois quando tentava cortar partes menos ameaçadoras, a foice fora arremessada longe, como se uma mão invisível estivesse a protegê-lo, adivinhando que uma tragédia estava sendo anunciada.
          
Escorado no tronco da cajazeira, Pedro chorou copiosamente, imaginando que aquilo, na verdade, seria a intervenção do seu pai falecido há décadas, querendo poupá-lo de algo terrível.
          
Despertado para a realidade, a qual envolvia as condições de vida de sua família, Pedro desceu do pé de cajazeira, recolheu a foice misteriosamente arremessada no chão crestado e novamente voltou ao desafio.
          
Nova ventania e os galhos voltaram a tocar a cajazeira com Pedro em cima da árvore. Fagulhas cobriram-lhe por inteiro. Não sentiu medo, mas que era algo tenebroso, isso era, com absoluta certeza.
          
À proporção que Pedro escalava a cajazeira, o perigo aumentava exponencialmente. Partes fumegantes começavam a deixá-lo com náuseas, mas não havia condições de retornar, tudo estava traçado, tudo estava selado.
          
O galho mais sensível foi alcançado. Pedro começou o corte deste, concluindo-o heroicamente, embora tenha vergado sobre a alta tensão, fulminando-o instantaneamente.
          
Chegava ao fim a existência do bravo sertanejo que, instigado pela ganancia e falta de solidariedade, fora obrigado a desafiar o rigor instituído pela tradição no que diz respeito ao dia consagrado aos mistérios que envolvem uma construção coletiva realizada em bases evocativas que remontam ao milenarismo das crenças dos antigos colonizadores.   

Conto laureado com Menção Honrosa no Resultado final do Terceiro Concurso de Crônicas, Contos e Poesias "João Batista Cascudo Rodrigues" - Versão 2016 - Promoção: Academia Mossoroense de Letras – AMOL

José Romero Araújo Cardoso (Mini Currículo):

Geógrafo (UFPB). Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em Organização de Arquivos (UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2002). Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Geografia/DGE da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/FAFIC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem experiência na área de Geografia Humana, com ênfase à Geografia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas regionais. Espeleologia é tema presente em pesquisas. Escritor e articulista cultural. Escreve para diversos jornais, sites e blogs. Sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP). Membro da Associação Mossoroense de Escritores (ASCRIM).
Endereço residencial:
Rua Raimundo Guilherme, 117 – Quadra 34 – Lote 32 – Conjunto Vingt Rosado – Mossoró – RN – CEP: 59.626-630 – Fones: (84) 9-8738-0646 – (84) 9-9702-3596 – E-mail:romero.cardoso@gmail.com

sábado, 19 de novembro de 2016

Pesquisador lançará livro sobre a Ilha que foi coberta pelo mar.

Boa tarde, quase noite, para todos
No dia 8 de dezembro de 2016, estarei lançando um livro, sobre a Ilha de Manoel Gonçalves, que acaba de ser impresso. Nele, reuni, o que foi possível encontrar sobre essa Ilha que precedeu nossa Macau, mas que foi coberta, totalmente, pelo mar, nas proximidades do ano de 1845.
 O lançamento será no Espaço Hipotenusa, Rua Marise Bastier, 207, a partir das 17 horas.
Convido a todos para conhecer esse pedaço da História do Rio Grande do Norte, como da região salineira.
Abraços 
João Felipe da Trindade
Natal, Rio Grande do Norte

terça-feira, 15 de novembro de 2016

domingo, 26 de junho de 2016

Cortez Pereira e a dúvida de Celso da Silveira





Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

Fui ao Solar João Galvão em busca do acervo, ali deixado, do escritor Manoel Rodrigues de Melo. Meu interesse maior era encontrar maiores informações sobre Macau. No meio da documentação encontrei uma carta de Celso da Silveira, datada de 21 de junho de 1974, com subsídios para a ascendência de Cortez Pereira, no ramo dos Silveira Borges. 

“Professor Manoel Rodrigues
Num caderno de notas de papai encontrei esta referência à filiação de João Celso da Silveira Borges, meu avô, que não corresponde ao registro de casamento do seu pai, Manoel da Silveira Borges. 

A diferença está em que nas notas de papai o Manoel casou com Maria Deolinda e no registro da Paróquia de Santana do Matos, com Maria Genérica Francelina. O velho Manoel casou com esta em 1840, e meu avô, seu filho, nasceu em 1844, daí surgindo um equívoco se ele era filho de Manoel com Maria Deolinda ou de Manoel com Maria Genérica. Acho que a localização do registro ou do batistério de João Celso da Silveira Borges poderá dissipar a dúvida e vou procurar.

Aí tem o senhor mais essa ascendência de Vivaldo Pereira, pois o velho Manoel era filho de Joaquim da Silveira Borges e Ana Joaquina da Trindade. Manoel, como me foi dado saber, foi o bisavô de Cortez Pereira. Joaquim, portanto, era seu tetravô. ” 

Não sei se Celso conseguiu dirimir sua dúvida, mas este artigo vai esclarecer, a partir de documentos da Igreja, a verdadeira filiação de João Celso, como a ascendência de Cortez Pereira, no ramo dos Silveira Borges.

Vamos fazer nossa exposição de trás para frente, começando com o batismo de José de Araújo Cortez Pereira e, depois, o casamento dos seus pais: a 11 de novembro de 1924, nesta Matriz, batizei solenemente a José, nascido a 17 de outubro deste ano nesta cidade, filho legítimo de Vivaldo Pereira de Araújo e Olindina Pereira Cortez, sendo padrinhos Manoel Pereira de Araújo e Ananilia Silveira de Araújo; a 6 de fevereiro de 1907, nesta Matriz, perante as testemunhas José Christino e Elias Enoque Pereira de Araújo, assisti ao matrimonial de Vivaldo Pereira de Araújo e Olindina Dantas Cortez, meus paroquianos. O Vigário Francisco Coelho de Albuquerque não informou o nome dos pais dos nubentes.

Os pais de Vivaldo Pereira de Araújo (2º do nome) eram Vivaldo Pereira de Araújo e Maria Quitéria da Silva. Eles casaram no Sítio Conceição, aos 27 de novembro de 1883, sendo filhos legítimos, ele, de Thomaz de Araújo Pereira Junior e Rita Regina de Miranda, e ela, de Manoel da Silveira Borges e Maria Quitéria Barbalho Bezerra. Essa Maria Quitéria casou com Manoel da Silveira Borges, após este ficar viúvo de Maria Genérica Francelina, esta, filha de Luiz da Rocha Pita e Leonarda Maria da Apresentação. 

Manoel da Silveira Borges tinha casado com Maria Genérica, realmente, em 1 de março de 1840. Ele, filho legítimo de Joaquim da Silveira Borges e Ana Joaquina da Trindade e, ela, de Luiz da Rocha Pita e Leonarda Maria da Apresentação. Houve dispensa de impedimento de consanguinidade.

Dois registros de batismos, relativos a Manoel da Silveira Borges, chamam nossa atenção, tanto que transcrevemos para cá.

O primeiro está inserido nos registros de batismo de Santana do Matos, do ano de 1839, um pouco antes do casamento de Manoel: Maria, branca, filha natural de Izabel Francisca de Sousa, branca, viúva, e de Manoel da Silveira Borges, branco, solteiro, naturais e moradores nesta Freguesia, nasceu aos dezesseis de julho de 1828, e foi batizada solenemente com os santos óleos, aos 28 do dito mês e ano, na Fazenda Conceição, desta Freguesia, por mim, o qual disse em minha presença que reconhecia  a dita párvula, por sua filha, e me pediu fizesse essa mesma declaração para a todo tempo constar e, para certeza do referido, assinou comigo; foram padrinhos Antônio da Silva Carvalho e sua mulher Maria da Silva Velosa (irmã de Manoel) – do que para constar mandei fazer este assento e por verdade assinei. Manoel da Silveira Borges, Vigário João Theotônio de Sousa e Silva.

Não encontrei notícia posterior dessa filha natural de Manoel da Silveira Borges, nem o destino da viúva Izabel.

O segundo batismo está inserido nos registros de batismo 1840, final de fevereiro e começo de março, após, possivelmente, o casamento de Manoel e Maria Genérica: Thereza, branca, filha legítima de Manoel da Silveira Borges, e de sua mulher Maria Francelina Genérica, naturais e moradores nesta Freguesia, nasceu aos 15 de janeiro de 1839, e foi batizada  com os santos óleos, nesta Matriz, aos 4 de fevereiro de 1840, por mim, foram padrinhos Joaquim da Silveira Borges, casado, e Ana Joaquina da Trindade Junior, solteira. João Theotônio de Sousa e Silva.

Como Manoel da Silveira Borges faleceu aos 17 de janeiro de 1876, com a idade de 64 anos, 1 mês e 9 dias, de ferida cancerosa no rosto, deixando viúva Dona Maria Quitéria Barbalho Bezerra, essa sua filha natural, Maria, nasceu quando ele tinha, aproximadamente, 16 anos. A segunda proeza fez quando tinha 27 anos.

Não encontrei nenhuma informação sobre Maria Diolinda,  mas, o casamento de João Celso da Silveira Borges, onde consta o nome de sua mãe, resolvendo, portanto, a dúvida de Celso: Aos vinte e cinco de novembro de 1862, pelas noves horas da noite, no Sítio Pocinhos desta Freguesia, o Reverendo Elias Barbalho Bezerra, de licença do Reverendíssimo Vigário, uniu  em matrimônio, e deu as bênçãos aos contraentes João Celso da Silveira Borges, e Juvina Serina Barbalho Bezerra, paroquianos desta Freguesia, ele, filho legítimo de Manoel da Silveira Borges, e de Maria Genérica Francelina, já falecida, e ela, filha legítima de Antônio Barbalho Bezerra e de Ignácia Francisca Bezerra, foram testemunhas  o Padre Antônio Barbalho Bezerra Tote, e Juventino da Silveira Borges, solteiro; do que para constar fiz este assento em que me assino. Antônio Germano Barbalho Bezerra Tote, Coadjutor Pró Pároco.

4 comentários:

  1. De João Celso Neto recebi o seguinte comentário:

    João Celso da Silveira Borges era meu bisavô, pai de João Celso Filho (pai de Celso e de mamãe, dentre outros - eram sete: Maria Leocádia, Expedito, Dolores, Laurita, Eudoro, Emílio e Celso).
    Observe-se a falta de atenção na nomeação das pessoas. A esposa de Manoel da Silveira Borges, meu trisavô, portanto minha trisavó, ora é dita Maria Genérica Francelina ora Maria Francelina Genérica.
    O sobrenome Borges parou com João Celso, pois até sua (segunda?) esposa - minha bisavó - já não o usava, mas apenas o Silveira, que meu avô usou ao casar para a minha avó e todos os filhos do casal.
    Na verdade, o patronímico nas nossas pequenas cidades era algo completamente dispensável. Eu não recebi, ao ser registrado, qualquer um dos sobrenomes, nem de pai nem de mãe: ele Neves de Oliveira e ela Dantas da Silveira e Oliveira (sou simplesmente João Celso Neto, João de Hélio ou João de Dolores). Só fui me dar conta de não ter sobrenomes de família ao me formar engenheiro, em 1967.
    Imagine-se a confusão que aquela desatenção a que me referi antes poderia ter provocado para provar que Maria Genérica Francelina e Maria Francelina Genérica eram a mesma pessoa.”
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    1. Os registros da igreja não são confiáveis quanto aos nomes, principalmente das mulheres.
  2. Tio Celso, sempre muito polêmico, até que plemuzou pouco nesse caso.
    Responder
  3. (o "anônimo" sou eu, João Celso Neto)
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terça-feira, 8 de novembro de 2016

domingo, 6 de novembro de 2016

Os abusos do capitão-mor Joaquim Félix de Lima




João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

Joaquim Félix de Lima exerceu o cargo de capitão-mor desta Capitania do Rio Grande do Norte no período de 1760 até 1774, quando faleceu aos 60 anos de idade, pouco mais ou menos, sendo casado com Dona Caetana Joaquina.

No projeto Resgate encontramos uma representação de Manoel Fernandes contra o capitão-mor que transcrevemos para cá com as devidas correções, incluindo aí o nome completo dos personagens.

A Vossa Majestade se queixa Manoel Fernandes (do Nascimento), homem branco, e soldado condestável da Fortaleza desta Cidade do Rio Grande do Norte, de Joaquim Félix de Lima, capitão-mor e governador desta mesma, e Comarca da Paraíba do Norte, e as razões de sua queixa as expõem pelos itens seguintes:

1.            Que sendo casado em face da Igreja, e na forma do Sagrado Concílio Tridentino, e lei do Reino, Henrique Telles (de Menezes), soldado de Vossa Majestade, com Maria Manoela, cunhada dele queixoso, fazendo estes vida marital com paz e sossego: o dito capitão-mor se concubinou com a sobredita mantendo-a em sua casa de portas adentro fazendo vida como casados, afastando-a por este modo do seu marido, onde viveu alguns anos naquele concubinato.

2.            Que o dito capitão-mor não contente como referido, se afastou da dita cunhada, dele queixoso, Maria Manoela, e se concubinou com a mulher dele queixoso, Antônia Maria da Silva, irmã da dita sua cunhada, onde, com escândalo público, a tirou da companhia dele queixoso proibindo-lhe por este modo de vida marital, onde está com ela vivendo de portas adentro como casados, e está parindo dele dito capitão-mor.

3.            Que para melhor viver o dito capitão-mor naquele depravado vicio, se tem retirado daquela cidade, faltando ao governo dela para existir em um sitio nos Subúrbios da mesma, distante seis léguas, chamado (ilegível), onde está vivendo com dita sua mulher de portas adentro, e proibindo a ele queixoso para não sair fora daquele presídio, onde o tem sido preso várias vezes pelo referido e (ilegível) uma vez conversando com a dita sua mulher lhe dera aquele capitão-mor varias pancadas, e o levara preso bastante tempo, (ilegível) atormentado e sem baixa lhe quer dar, tendo-lhe pedido várias vezes, pela injúria com  que se vê ele queixoso, e no maior vexame com o serviço de Vossa Majestade pelas razões expendidas por ser ele queixoso uma das principais famílias daquele lugar.

4.            Que o dito capitão-mor se tem procedido e está procedendo semelhantes absurdos é com o respeito do bastão, e cargo que ocupa debaixo da proteção de Vossa Majestade Fidelíssima, e assim

Peço a Vossa Majestade seja servido mandar-lhe entregar a dita sua mulher que obrigada daquele vexame, e violência, se afastou dele dito queixoso, e quando Vossa Majestade Fidelíssima seja servido mandar conhecer do caso, que é notório e escandaloso por ministros sem suspeitas pelo atual do da Comarca da Paraíba ser seu especial amigo, dando-se lhe o castigo que Vossa Majestade fidelíssima parecer, onde pede ele queixoso justiça para exemplo de outros.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Vejamos aqui algumas informações sobre esses personagens, que foi possível encontrar.
   De um assentamento de praça tiramos que :Henrique Teles de Menezes, homem casado, filho legítimo de Henrique Teles de Menezes, natural dos subúrbios desta cidade, e de idade que disse ser de vinte e dois anos, pouco mais ou menos, homem branco, de ordinária estatura, espigado de corpo, olhos pardos, e acastanhados, com falta de dentes, da parte de cima, assentou praça por despacho do capitão Joaquim Félix de Lima, em 22 de setembro de 1760.
    Em 3 de agosto de 1755, na Igreja de Santa Ana da Aldeia da Missão de Mipibu, onde o Frei Juvenal de Santo Albano estava em missão, Henrique Teles de Menezes, filho de Henrique Teles de Menezes, e Christina Pereira, ambos falecidos, casou com Maria Lopes de Jesus (a mesma Maria Manoela), filha de Antônio Lopes Pilouro, e Josefa Maria de Jesus, na presença de Luís Ferreira de Lima, e Antônio de Albuquerque e Melo Vasconcelos; em 1761, nascia e era batizada Ana, filha de Henrique e Maria Manoela, sendo os avós paternos Henrique Teles de Menezes e Christina Pereira, e maternos Antônio Lopes, natural de Lisboa, e Josefa Maria, foi padrinho o capitão de infantaria Pedro Tavares Romeiro.
   Aos 24 de junho de 1756, de licença do Reverendo Vigário o Doutor Manoel Correia Gomes, na Capela de Nossa Senhora do Mipibu, batizou e pôs os santos óleos o Reverendo Padre Antônio de Araújo e Souza, a Maria Madalena, filha de Henrique Teles e de sua mulher Maria Manoela, foram padrinhos Manoel da Silva Queiroz e Maria Madalena, filha de Antônio Lopes.
   Em 1757, faleceu Maria, escrava de Henrique Teles, que tinha sido batizada em casa de Manoel da Silva Queiroz, era filha de Ana, escrava do dito Henrique Teles.
   Vejamos o registro de casamento do queixoso: Manoel Fernandes do Nascimento, filho natural de Bernarda de Abreu Luna, exposto em casa da viúva Ângela da Costa, casou em 11 de maio de 1764, com Antônia Maria, filha de Antônio Lopes, falecido, e Josefa Maria, sendo testemunhas Antônio de Albuquerque e Melo Vasconcelos, solteiro e o sargento Cosme de Freitas Andrade.  Sogro de Manoel Fernandes do Nascimento e de Henrique Telles de Menezes,  de nome Antônio Lopes, era natural de Portugal.
   As irmãs citadas na queixa de Manoel Fernandes era filha do português Antônio Lopes. Um dos seus irmãos era Manoel Lopes da Costa., Segundo um assentamento de praça: Manoel Lopes da Costa, homem branco, casado, morador nesta cidade, filho legítimo de Antônio Lopes, solteiro, de idade de 25 anos, pouco mais ou menos, de estatura baixa, cor morena, cabelo preto, com uma cova na barba, e não muito abundante dela, olhos grandes, as sobrancelhas direitas e pretas, com todos os seus dentes de diante, assenta praça por sua vontade de soldado pago, nesta companhia. em 20 de outubro de 1763, por despacho do capitão-mor Joaquim Félix de LIma.

 Vejamos batismos de alguns filhos desse irmão das mulheres do capitão-mor: João, filho de Manoel Lopes da Costa, natural de Cajupiranga, e Maria Elena do Espírito Santo, neto de Antônio Lopes, de Portugal, e Josefa Maria de Jesus, neto materno de Custódio Soares, de Portugal, e Luísa Maria de Jesus, sendo padrinhos Francisco Lopes da Costa; Francisco, nasceu e foi batizado em 1774, sendo padrinhos José Fernandes Campos, casado, com procuração do seu irmão Manoel Fernandes Campos; Pedro, nasceu e foi batizado em 1770, sendo padrinhos o tenente-coronel Manoel de Oliveira Barros, casado, e Dona Maria do Corpo de Deus, mulher do sargento João Batista de Melo; Ana, nasceu e foi batizada em 1766, teve como padrinhos o licenciado (cirurgião) Francisco Paulo Moreira, casado, e Ângela Maria de Seabra.

   Em 1768, nasceram e foram batizados dois filhos gêmeos de Manoel Lopes da Costa e Maria Elena, de nomes José e Joaquim, sendo padrinho de José,  o capitão Manoel Pinto de Crasto, e de Joaquim, Albino Duarte de Oliveira, e madrinha dos dois Florência Bezerra, filha do tenente José Barbosa Gouveia.

Em 1790, Manoel Lopes da Costa Junior, filho de Manoel Lopes e Maria Elena, casou com Feliciana Maria da Apresentação, filha de Dionísio Lopes de Araújo e Ana Gomes da Costa, na presença de Felipe Barbosa Romeiro e  José da Costa Pereira.



domingo, 16 de outubro de 2016

A ocupação da zona salineira, 1708


Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com




Pascoal de Freitas de Castro e Domingos Madeira Diniz são pessoas que aparecem relacionadas e que merecem destaque nesta publicação.
Entres os filhos de Pascoal de Freitas e de sua mulher Joana de Almeida, encontramos os seguintes: Agostinho, batizado aos 11 de maio de 1689, teve como padrinhos Domingos Madeira Diniz e sua irmã Izabel Ferreira; Maria foi batizada em 7 de dezembro de 1791, em casa,  teve como padrinho o cabo de esquadra Francisco Simões; Luzia, foi batizada aos 28 de outubro de 1695, tendo como padrinhos Manoel da Costa; outra Maria, batizada aos 21 de novembro de 1697, e foram seus padrinhos João Pereira de Souza Catunda e Dona Catharina Leitão, esta mulher do capitão-mor Bernardo Vieira de Melo.
Esse  Domingos Madeira aparece como padrinho ao lado de uma filha de nome Joana Ferreira, em 1703.
Posteriormente, vou encontrar um Pascoal de Freitas, filho de Manoel de Freitas da Costa e de Custódia de Freitas, falecida, casando, aos 3 de agosto de 1755, na Capela de Nossa Senhora de Santa Ana, da Aldeia de Mipibu, no tempo em que estava de visita por aqui, o Frei Juvenal de Santo Albano, com Maelma Ribeiro, filha natural de Lourenço da Costa, falecido, e Francisca Marinho, na presença do Padre Frei Fidelis de Pastana, e das testemunhas Antônio Moraes Gandarela, solteiro, e Francisco Xavier Torres, casado. Esse Manoel de Freitas, viúvo de Custódia, casou em 15 de junho de 1748, com Lourença Camelo, que tinha ficado viúva de Antônio, do Gentio da Guiné, que era escravo de Domiciano da Gama, sendo ela, a nubente, escrava do capitão Manoel Alves Bastos.
 Pascoal de Freitas da Castro, em 1709, sendo mestre de capela, requereu e lhe foi concedida terras da testada da Ilha de Domingos Madeira, pela costa até a barra do Rio das Conchas, com todas as ilhas entre elas. Alegava, que morava nesta capitania com a mulher e filhos, servindo a Majestade, Dona Maria I, e que essas ditas terras não foram dadas a pessoa alguma e nem era povoada.
De outro documento, também extraído do Projeto Resgate, retiro um trecho: Diz o sargento-mor Gregório de Oliveira e Melo, morador nesta capitania, que ele suplicante tem e está servindo nela a Sua Majestade, Que Deus Guarde, há muitos anos, sem até o presente, 1729, nem por si, nem em vida do defunto seu pai, o capitão Manoel Gonçalves haverem pedido carta de terras nenhuma (ilégivel) e se tem pedido agora é por se achar a seu cargo com obrigações de sua mãe, e irmãos a quem alimentar e vestir, e por assim poder fazer, tem notícias se acha, na Costa das Salinas desta capitania, terras devolutas que compreende em si sítios de pescarias, como sejam Minhoto, Mangue Seco, Tubarâozinho, Tubarão, Cacimbas do Madeira, que suponho se em algum tempo fossem dadas, se acham devolutas, donde ele suplicante quer mandar pescar com suas redes, no que é de utilidade de Sua Majestade nas rendas dos seus dízimos, portanto, pede a Vossa Majestade seja servido com se dar-lhe em nome de Sua Majestade, Que Deus Guarde, por data para ele suplicante, e seus herdeiros ascendentes e descendentes, três léguas de terra de comprido, pegando no dito  Sítio Minhoto, correndo pela Costa abaixo até entestar com terras de Pascoal de Freitas de Castro, que pouco mais ou menos poderão ser as datas três léguas de comprido com uma de largura para o Sertão.
Da Fazenda Real a informação que os Sítios Tubarão e Mangue Seco tinham sido dados em 25 de novembro de 1708 a Belchior de Brito e José de Mendonça, e não constava no cartório se foram povoadas ou não, estando devolutas e desaproveitadas.