quinta-feira, 20 de novembro de 2014

quinta-feira, 20 de novembro de 2014


Geraldo Pereira.


Vicente Ignácio Pereira - O bisavô, o neto e o bisneto

Vicente Ignácio Pereira, o bisavô do autor deste ensaio, foi médico na cidade do Ceará-Mirim, Estado do Rio Grande do Norte, casado com uma filha de Manoel Varela do Nascimento, o Barão do Ceará-Mirim, Isabel Augusta Varela Pereira. Com o matrimônio recebeu, certamente como antecipação da herança, o Sitio Bonito, que depois se transformou no engenho Guaporé, onde ele viveu e morreu. Foi ele quem construiu a Casa Grande, até hoje de pé, da qual não se tem informações adicionais, senão os comentários de ser um imóvel afidalgado, com estilo afrancesado. Ali exerceu a arte de curar até a morte de uma filha, entre os 13 e os 14 anos de idade, quando jurou, à saída do féretro, não exercer mais a medicina.

A moça, de nome Maria Cristina Varella Pereira, faleceu, conforme consta de notícia na imprensa, no jornal Correio de Natal, em 16 de novembro de 1878, vítima de uma hemorragia nasal. A moça, por hipótese, adoeceu de uma doença sistêmica, capaz de justificar o óbito e o sangramento. Por certo que foi acometida por um linfoma ou por uma leucemia. Conta Nilo Pereira, em seu livro A Rosa Verde, que o facultativo aceitou fugir a seu juramento, quando uma escrava engravidou e obteve do senhor a promessa de que faria o seu parto. Não diz, no entanto, se a criança nasceu pelas mãos dele ou se a mãe foi partejada por outro, opção que o autor aventa!

Ele integrou aquele grupo que Nilo Pereira enalteceu, tornando-os personagens literários, em crônicas diárias ou mesmo em livros que publicou. Só assim, como está em Helicarla Nyele, foram projetados nos ambientes sociais em que viveram e se perpetuaram, permitindo àquele autor o resgate também de cenários pretéritos, de uma aristocracia própria daquele lugar, no qual o açúcar viveu um apogeu digno da gênese literária.

O bisneto não vai conseguir fazer como fez o neto, Nilo Pereira, mas há de inserir o médico ilustre na memória das doenças do Nordeste do Brasil. A publicação só foi reencontrada recentemente, depois do falecimento da mãe do autor deste ensaio, Lila Marques Pereira e enviada pela irmã, Maria de Fátima Marques Pereira, que sabia do interesse que tinha o irmão médico nesses estudos de preservação da história parental. Esse é um material que veio do Ceará-Mirim, com a mudança para o Recife de Beatriz Pereira e Deolinda do Nascimento Barroca, netas do Barão do Ceará-Mirim e respectivamente avó e tia em segundo grau de quem escreve essas linhas.

O Dr. Vicente, por certo nunca imaginou que um bisneto seu, médico como ele, neto de seu filho Fausto Varela Pereira e filho de seu neto, Nilo de Oliveira Pereira, a quem ele próprio não conheceu, fizesse um resgate de seu nome tantos anos depois de sua morte. Pois é, a 126 anos de seu falecimento, na cidade do Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte, comenta-se aqui não apenas as informações sobre a pessoa e o médico Vicente Ignácio Pereira, mas uma monografia assinada por ele e publicada em 1887, impressa na “Typografia dos Dois Mundos”, sob o título de “Considerações Práticas sobre o Cholera-Morbus – sua profilaxia e seu tratamento.”. Opúsculo, como está no texto, voltado para a sociedade em geral e menos para a classe médica, que o autor, reconhecia competente e experiente.

A família Pereira, especialmente o ramo do Rio Grande do Norte, começa com o português Joaquim Inácio Pereira, que migrou de sua pátria para o Ceará-Mirim, em 1795, morrendo por lá a 22 de fevereiro de 1868. Vicente foi o quarto filho de Joaquim e de sua esposa Dona Antonia Maria de Jesus. O livro de Alcides Francisco Vilar de Queiroz, intitulado “Villar & Cia – Apontamentos de História Familiar”, esclarece que a família Pereira é uma das mais importantes de Portugal e vem de D. Mendo, irmão do último rei dos Longobardos, de nome Desidério, que veio da Itália para conquistar a Galícia. Dentre os descendentes, está Nuno Álvares Pereira, beatificado em 1918. 

Um texto que é parte de um ensaio que venho escrevendo sobre o meu bisavô, médico na cidade do Ceará-Mirim, onde exerceu a arte, enquanto a filha Maria Cristina viveu. Depois, jurou nunca mais atender ninguém, tal a frustração que sentiu quando não pôde salvar a filha. A moça talvez tenha morrido de uma leucemia.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Alcides Dias Fernandes, criador da UERN.


Aluísio Barros Oliveira19 de novembro de 2014 00:33
Verificando nos registros da UERN, encontrei essa homenagem prestada ao sr. Alcides Dias Fernandes, em Assembleia Universitária (colegiado máximo da UERN), por ocasião do 30º aniversário: Resolução n.º 015/98
Concede Título “Mérito URRN 30 Anos” a Alcides Dias Fernandes, Alcides Jácome Mascarenhas, Antonio Francisco Albuquerque, Carlos Borges de Miranda, Joaquim Solon Moura, José Augusto Rodrigues, Manoel Leonardo Nogueira, Raimundo Nonato da Silva, precursores da criação da URRN."...........Caro Aluizio Barros esse documento é de grande importância como prova da autenticidade de tudo aquilo que já escrevi sobre a participação de Alcides Dias Fernandes como o legítimo fundador da UERN. Como poderei conseguir uma copia autenticada desse valioso documento? Se não for muito incómodo gostaria que você me ajudasse nessa tarefa pegando essa copia para que eu junte com as que possuo em casa. Gracias Aluizio, muitíssimo obrigado pela grande colaboração nesta minha luta. rOgerio Dias -8880 4919 - OBS: Pessoalmente eu já havia solicitado a UERN uma busca sobre esse assunto e as respostas foram todas NEGATIVAS, "Nada existe em referência ao citado cidadão"....Vc fortaleceu muito a minha luta.

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​O que era Sítio, hoje é um município, a partir de Joaquim Rodrigues Ferreira, filho do português Manoel Rodrigues Ferreira e da assuense Izabel Martins Ferreira.​

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Joaquim Rodrigues Ferreira, lá do Alto do Rodrigues




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Em alguns testamentos e inventários, mais antigos, já faltam algumas folhas. O testamento de Joaquim Rodrigues, escrito de próprio punho, por exemplo, começa na página 4, e lá está escrito: ...for aberta a sucessão, serão herdeiros da referida terça os meus filhos, que existirem do segundo leito. Peço e espero que meus filhos do primeiro casamento não verão nesta disposição manifestação de menos amor e amizade às suas pessoas por minha parte.

Declaro que quero ser sepultado no cemitério do lugar em que falecer e que meu enterro deverá ser simples e sem pompa, correndo as despesas, por este feito, por conta de minha terça. Nomeio meus testamenteiros a minha mulher Ricardina Rodrigues Cavalcanti, Bacharel João Alves de Oliveira e Salustiano Francisco Cacho, na ordem que estão indicados: a todos e a cada um dos quais rogo, queiram aceitar esta minha incumbência.

Este é meu testamento e a última vontade para ser cumprida depois de minha morte e por ele revogo qualquer outro que por ventura exista. Recife, dez de março de mil oitocentos e noventa e nove. Joaquim Rodrigues Ferreira.

Esse testamento foi levado ao cartório do tabelião Apolinário Florentino de Albuquerque Maranhão, rua Dr. Feitosa, Recife, sendo testemunhas: Henrique Bernardes de Oliveira, José Carlos de Sá, Joaquim dos Anjos Nogueira, João Batista de Sá e Julião Barbosa de Souza, moradores em Recife.
No dia 24 de março de 1804, na cidade de Macau, em casa de residência do testador Joaquim Rodrigues Ferreira, a viúva Dona Ricardina, entregou ao Juiz João Teixeira de Souza, o testamento do seu marido, que faleceu, em seu sitio denominado Alto do Rodrigues, no dia anterior, às duas horas e vinte minutos da tarde, pouco mais ou menos.

Dona Ricardina apresentou, como filhos do coronel Joaquim Rodrigues Ferreira, os nomes que seguem. Do casamento com D. Generosa (Bela) Rodrigues da Silveira: Dona Olympia Rodrigues de Souza, 45 anos, casada com o tenente-coronel Joaquim Ildefonso Virgulino de Souza, residente em Macau; Odorico Rodrigues Ferreira, com 40 anos, casado (com Amélia Rodrigues Ferreira), morador e residente na Pendência; Anna Rodrigues Ferreira, de 35 anos, casada com Manoel Teixeira de Carvalho Filho, residente em Macau.

Do casamento com a inventariante, Dona Ricardina, listou os seguintes filhos: Rosa Rodrigues Cacho, com 27 anos, casada com Antonio de Castro Cacho, residente em Macau; Ricardo Rodrigues Ferreira, com 24 anos, casado, residente na cidade de Recife; Álvaro Rodrigues Ferreira, com 23 anos, solteiro, residente em Macau; Rodrigo Rodrigues Ferreira, com 22 anos, solteiro, residente em Macau; Laura Rodrigues de Oliveira, 20 anos, casada com José Fernandes de Oliveira, residente em Macau; Irineu Rodrigues Ferreira, com 19 anos, solteiro, residente em Macau; Delmiro Rodrigues Ferreira, 14 anos, residente em Macau; Marfisa Rodrigues Ferreira, com 13 anos, residente em Macau; João Rodrigues Ferreira, 11 anos, residente em Macau; Francisco Rodrigues Ferreira, 9 anos, residente em Macau.

No inventário aparecem vária terras que foram compradas pelo testador, em diversos municípios. A fim de reconstituir os nomes dessas localidades e seus donos, listamos aqui esses bens de raiz do falecido: Sítio denominado “Alto do Rodrigues” no município de Macau, compreendendo uma posse das sobras das terras do antigo Sítio “Sacco”, comprada a Rufino Álvares Clavassino Costa; noventa e seis braças de terras, no lugar denominado Ponciana, do município de Macau, comprada a João Albano Cabral e sua mulher (Justina Maria da Conceição); mais seis braças e meia de terras, no mesmo lugar Ponciana, a margem do Rio Assú, extremando-se com a terra de Theodoro Alves Guimarães, compradas aos herdeiros de Francisco de Sales Urbano; 22 braças de terras, em Macau, a margem direita do Rio Assú, comprada a Dona Josefa Ferreira Monteiro; nessa mesma Tabatinga, 12 braças de terras compradas a Dona Anna Rosa Fernandes de Jesus; nessa mesma Tabatinga, 14 braças de terras, compradas a Manoel Joaquim de Lima; 30 braças de terras, nessa mesma Tabatinga, compradas a Jerônimo Fernandes Gomes; meia braça de terras, na Tabatinga, comprada a Manoel Luiz Ferreira das Neves; 43 e 1/2 braças de terras no lugar denominado Buraco do Estevam, compradas a José Francisco dos Anjos; uma parte de terras em Gaspar Lopes, município de Angicos, comprada a Francisco Quilidônio da Costa Machado; duas partes de terras, no lugar denominado de Serra Aguda, município de Angicos, compradas a Francisco Xavier da Cunha Vasconcelos; 400 braças de terras, com fundos de 4 500 braças, no lugar denominado Baixa do Pau Branco, comprada a Francisco da Rocha Freire Cabeleira; uma posse da data de terras Curralinho, em Angicos, atualmente denominada Santa Rosa, comprada a Francisco Xavier de Souza e sua mulher; Uma parte de terra, no lugar denominado São Julião, comprada a Julião Barbosa de Souza e sua mulher.

Joaquim Rodrigues Ferreira era filho do português Manoel Rodrigues Ferreira e da assuense Izabel Martins Ferreira, que foram moradores na Ilha de Manoel Gonçalves.
Herdeiros de Joaquim Rodrigues Ferreira

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Meu tetravô e o testamento de Domingos Affonso Ferreira Jr.




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Segundo Zilda Fonseca, em “Desbravadores da capitania de Pernambuco, seus descendentes, suas sesmarias”, Domingos Affonso Ferreira Jr. nasceu em 1781, filho de Domingos Affonso Ferreira e Maria Theodora Moreira de Carvalho. Enquanto Maria Theodora faleceu aos 9 de dezembro de 1803, seu marido, Domingos,  faleceu, no ano seguinte, aos 5 de fevereiro, menos de dois meses depois. O inventário destes dois últimos durou muitos anos. Em 1810, o inventariante, Bento José da Costa, ainda pedia avaliações das terras e bens, aqui no Rio Grande do Norte, sendo seu representante e administrador das terras do Assú, José Álvares Lessa.
Aos 28 de março de 1814, Domingos Jr. fez seu testamento, iniciando com as seguintes palavras: Digo eu, Domingos Affonso Ferreira (Jr.), que estando de cama temendo a morte, não sabendo a hora, e por estar em meu perfeito juízo ordeno meu testamento pela maneira seguinte. Primeiramente encomendo a minha alma a Santíssima Trindade que me criou e queira receber minha alma no céu, assim como fez a Jesus Cristo, unigênito do Padre, que uniu os homens, encomendo-me a Maria Santíssima, Anjo de minha guarda, Santo do meu nome queiram ser os medianeiros diante de Deus.
Nomeou como seus testamenteiros, o cunhado, coronel Bento José da Costa, Dona Joanna Cândida de Lima, e Dona Izabel Maria Ferreira. Declarou que era natural da Vila do Recife, filho de Domingos Affonso Ferreira e Dona Maria Theodora Moreira de Carvalho. Disse mais, que do melhor da sua fazenda fosse para o afilhado José Affonso Ferreira. Deixou mais ainda, quantia em dinheiro, para as tias D. Catarina Angélica, Dona Joaquina da Conceição e Dona Joanna Cândida, e para sobrinha e afilhada Dona Maria, filha de sua irmã Izabel Maria Ferreira. Nomeou como seus herdeiros universais seus irmãos machos e fêmeas.
Afirmou, ainda, que de posse dele havia um sítio na Ponte de Uchoa, com casa de vivenda, por conta do que lhe ia tocar por herança dos seus falecidos pais, cujos bens se achavam pro indivisos. Declarou que tinha contas com seu cunhado Bento José da Costa, com outro cunhado, José Antonio Alves de Souza, e com sua irmã Izabel Maria Ferreira.
Aos 23 de abril de 1814, pouco tempo depois do seu testamento, Domingos Jr. faleceu, solteiro, na Boa Vista, sem deixar sucessão.
No seu inventário, o que chama a nossa atenção é o número de pessoas que lhe deviam. A quase totalidade dos devedores estava, também, no inventário dos seus pais. É possível que ele tenha herdado essas dívidas ativas. Na lista, em ordem alfabética, aparecem, entre os muitos devedores, Antonio Lopes Viegas, Francisco Antonio Teixeira, lá do Assú,  e Bernardo José da Costa, irmão de Bento José da Costa.  Algumas dívidas já estavam a cargo de outras pessoas, entre elas o  inventariante Bento.
Em 1815, José Álvares Lessa, já era falecido, como se poder ver, em “Questão de Limites”, de um ofício do vereador Manoel Ignácio Pereira do Lago para o escrivão geral da Vila Nova da Princesa, Manoel de Melo Montenegro Pessoa. Por isso, nas dívidas ativas de Domingos Affonso Ferreira Junior, encontramos, que a cargo de João Martins Ferreira (meu tetravô) ficou uma dívida do falecido José Álvares Lessa, administrador das Fazendas do Assú, e consta da conta que com ele se ajustou em dezesseis de outubro de mil oitocentos e onze, o qual não deixou bens e sim algumas dívidas. Mais ainda, a cargo do dito João Martins, parte das dívidas que deviam as fazendas do Assú, de mil setecentos e noventa e oito a mil oitocentos e quatro, e mais ainda, as dívidas que deviam outras fazendas desde mil oitocentos e quatro a mil oitocentos e onze.
Além das terras compradas por Bento José da Costa e seu sogro,  Domingos Affonso Ferreira, em 1797, havia mais duas Sesmarias recebidas por este último em 1798, tudo aqui no Rio Grande do Norte. O capitão João Martins Ferreira foi administrador das terras do Assú, com base na Ilha de Manoel Gonçalves, e pelo visto deve ter assumido com o falecimento de Lessa. Outro detalhe é que a esposa de João Martins Ferreira se chamava Josefa Clara Lessa, possivelmente, filha do falecido José Álvares.
Felipe Neri Ferreira, irmão de Domingos

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

QUINTA-FEIRA, 6 DE NOVEMBRO DE 2014


 O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE VIVEU UMA NOITE MEMORÁVEL.


          Numa noite memorável, a Centenária da Memória Histórica do Rio Grande do Norte, realizou uma sessão especial e solene, reabrindo as suas portas à comunidade pesquisadora.
            Logo à porta de entrada se postou a Banda de Música da nossa Gloriosa Polícia Militar, que brindou a todos com inúmeros dobrados e marchas tradicionais.
          Rigorosamente às 20 horas, sob a Presidência do Escritor VALÉRIO MESQUITA, teve início à sessão solene do dia 05 de novembro corrente, com a presença de Autoridades, dos novos sócios e suas famílias e de uma grande assistência, que lotou o Salão Nobre e o Largo Vicente Lemos, que permitiu o acompanhamento através de um telão.

A Mesa dos Trabalhos
Após a composição da Mesa e palavras iniciais do Presidente, foi executado o Hino Nacional Brasileiro, pela briosa Banda de Música da Polícia Militar do Estado.
Em nome do IHGRN, saudando os empossandos, falou o Diretor Orador 
JOSÉ ADALBERTO TARGINO ARAÚJO. 

 Em seguida ocorreu a entrega dos diplomas e, em nome dos empossandos, usou da palavra o novo sócio FRANCISCO DE ASSIS CÂMARA, proferindo um discurso marcante.


Na sequência dos trabalhos houve o lançamento do livro do consagrado Jurista, Político e Humanista AUGUSTO TAVARES DE LIRA sobre a "História do Rio Grande do Norte", edição do Senado Federal.
Encerrada a sessão, o Presidente convidou os presentes para o recital do Grupo Musical "UFRN CELOS" no alto do espaço Vicente Lemos, tendo sido executadas cinco peças eruditas.
O CERIMONIAL foi impecavelmente conduzido por Ana Grova, da Prefeitura Municipal do Natal.
Ao final, foi servido um coquetel aos presentes.
Tudo dentro do "figurino", deixando a Diretoria e Conselho Fiscal plenamente satisfeitos com o resultado do prestígio da sociedade para com a Casa da Memória.
Fonte: IHG/RN

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os pernambucanos com interesses no Rio Grande do Norte.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

José Ramos de Oliveira e Izabel Maria da Costa




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG
José de Oliveira Ramos, dono do Engenho Salgado, lá em Porto de Galinhas, foi preso, logo no início da Revolução de 1817, e, mesmo com os apelos do seu amigo Tollenare, só foi liberado com o fracasso da mesma. O rico comerciante português e grande traficante de escravos, Bento José da Costa, não foi afetado pelas mudanças de poder. Na revolução, sua filha Maria Theodora casou com um dos líderes da mesma, Domingos José Martins. Posteriormente, casou seu filho Bento com Emília Júlia, filha de outro participante da Revolução, Gervásio Pires Ferreira, e, também, outra filha Izabel Maria da Costa, com José Ramos de Oliveira, filho do preso da revolução, José de Oliveira Ramos.

José Ramos de Oliveira e sua esposa foram padrinhos do meu bisavô, o tenente-cirurgião Francisco Martins Ferreira, como se vê do registro.

Francisco, filho legítimo do Major Jose Martins Ferreira, e de D. Josefina Maria Ferreira, nascido, aos sete de outubro de mil e oitocentos e quarenta e um, foi batizado aos seis de janeiro de quarenta, e dois em Macáo pelo Padre João Francisco Pimentel que lhe impôs, de minha licença, os santos óleos. Foram padrinhos o tenente-coronel José Ramos de Oliveira, e sua mulher Dona (Izabel) Maria da Costa, por seus procuradores em Macáo. Manoel Januario B. Cavalcanti. Vigário Encarregado de Angicos.

Quatro anos depois desse batizado, o padrinho faleceu, como podemos ver da notícia que encontramos no Anuário Político, Histórico e Estatístico do Brasil (Hemeroteca Nacional): o comendador José Ramos de Oliveira, um dos mais ricos capitalista de Pernambuco, principal acionista da Companhia Beberibe, membro da comissão diretora das obras do teatro público, cônsul de Dinamarca, e presidente da Associação Comercial da praça, faleceu em Pernambuco, no dia 7 de julho de 1846, em consequência de uma espinha no rosto, ao pé do nariz, a qual foi escarificada e tratada sem proveito.

Em 1848, Dona Izabel Maria da Costa Ramos, já viúva de José Ramos de Oliveira, fez seu testamento nomeando, como testamenteiros, seus irmãos Bento José da Costa (Jr.) e Joaquim José da Costa e mais seu guarda-livros João Evangelista da Costa e Silva. Nomeou, também, seu irmão Manoel José da Costa (futuro barão das Mercês), como tutor dos seus filhos menores Bento José Ramos de Oliveira de 10 anos e 4 meses, e Anna Isabel Ramos de Oliveira de 8 anos e 6 meses. Mesmo com a nomeação do tutor, deixou a responsabilidade, para que fossem conservados, tratados, educados e dirigidos, seus filhos, até alcançarem a maioridade, para sua irmã Francisca Escolástica Josefa da Costa.

Entre os bens da viúva constava, aqui na região do Assú, meia légua de terra no Rio Salgado, no lugar Santa Luzia, em que estava sentada a Fazenda do mesmo nome, com casa, currais e umas benfeitorias, tudo avaliado por quatro centos mil réis. Era seu procurador, aqui, Manoel de Melo Montenegro Pessoa.

Na Vila do Príncipe, o casal inventariado possuía duas Fazendas, Baixa Verde e Malhada. A primeira, que tinha como criador Manoel Casado da Fonseca, media meia légua de comprido e meia légua de largura, confinando pelo Sul com o Rio Seridó, pelo Norte com terras da Fazenda Malhada, pelo Nascente com terras de Pedra Branca, e pelo Poente com terras do Sitio Barra do Riacho Fundo. A segunda, na beira do Rio Seridó, que tinha como criador José Casado da Fonseca, media uma légua de comprido, com três léguas de fundo, confinando pelo Norte com a Fazenda dos Patos, pelo Nascente com as terras da Fazenda Saco dos Martins, pelo Sul com terras da Barra do Riacho Fundo, e pelo Poente com o Rio Seridó. 

Em 1849, Dona Izabel já era falecida. Entre os documentos, do inventário, encontramos um pleito do tutor de Anna Izabel, no inicio de 1860, ao Juiz de Órfãos, nos termos a seguir: Diz Manoel José da Costa, tutor da órfã D. Anna Izabel Ramos de Oliveira, filha do finado comendador José Ramos de Oliveira, que tem contratado casar sua tutelada, a qual já conta dezenove anos de idade, com o Bacharel Bento José da Costa, primo legítimo da mesma senhora. E porque apesar de entender o suplicante, que esse consórcio é vantajoso para sua tutelada não pode, todavia, realizá-lo sem o consentimento de V. Sª, vem requerer a V. Sª, digne-se concedê-lo mandando passar para este fim o respectivo alvará.

Com a expedição do alvará veio o casamento da filha da inventariada com o filho do inventariante: Aos onze de fevereiro de 1860, na capela de Nossa Senhora da Conceição de Ponte de Uchoa, pelas sete horas e meia da noite, dispensados em segundo grau de consanguinidade, e juntamente os banhos, por sua Excelência Reverendíssima, como consta dos documentos, que ficam em meu poder, e não apareceu impedimento algum, de licença do Reverendo Coadjutor Pro pároco, Manoel Cirillo de Oliveira, em presença do Padre Agostinho de Lima Cavalcante de Lacerda, e das testemunhas Bento José da Costa, e Comendador Manoel José da Costa, casados, ele morador na freguesia do Cabo, este nesta, se receberam em matrimônio por palavras de presente o Bacharel Bento José da Costa, com Dona Anna Izabel Ramos de Oliveira, ele filho de Bento José da Costa, e Dona Emília Júlia Pires Ferreira, esta filha do finado José Ramos de Oliveira e Dona Izabel Maria da Costa Ramos, ambos moradores e naturais desta Freguesia, e logo receberam as bênçãos nupciais do Rito Romano: do que para constar mandei fazer este assento que me assinei. O Vigário Manoel Joaquim Chavier Sobreira.
José Ramos de Oliveira, falecido em 1846