terça-feira, 29 de abril de 2014

"Várias famílias tinham Velho no sobrenome".

terça-feira, 29 de abril de 2014


Comissário José de Oliveira Velho



João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
A primeira aparição do Comissário José de Oliveira Velho, nos meus apontamentos, é na data de 20 de janeiro de 1727, onde ele foi testemunha, na Capela de Nossa Senhora do O’, da Ribeira de Mipibu, do casamento de Antonio de Faria Landim, natural e morador de Mipibu, filho legítimo de Manoel de Faria Landim, defunto, e Maria Vieira Tavares, com Leonor Pereira de Requeixo, viúva, que ficou do defunto Leonardo Álvares de Carvalho, natural de Alagoa do Sul. Neste casamento estiveram, ainda presentes, o capitão-mor Joseph Ribeiro de Faria, e Maria da Sylva, mulher do coronel Manoel da Silva Queiroz.
Nos anos de 1733 e 1740, reencontro o Comissário, através dos casamentos das filhas Mariana e Phelipa.
Em 25 de novembro de 1733, Mariana da Costa e Oliveira, filha do Comissário Joseph de Oliveira Velho e de Bernarda de Barros, já defunta, casou, na capela de Nossa Senhora dos Remédios de Cajupiranga, com o português da Freguesia de São Nicolau, Arcebispado de Lisboa, o tenente-coronel José Nunes, filho de José Nunes Narvello e Maria D. Ferreira. Nesse casamento estavam presentes o capitão-mor João de Barros Braga, o Reverendo Padre Francisco Xavier de Barros, Izabel de Barros, mulher de Carlos de Azevedo do Vale e Antonia da Sylva, mulher do capitão Francisco Lopes de Macedo.
Em vinte e dois de fevereiro de 1740, na Igreja de Nossa Senhora do O’, da Missão de Mipibu, na presença do Reverendo Padre Mestre, Frei Felix Maria, Superior desta Missão, de licença do Reverendo Licenciado João Gomes Freire, e sendo presentes por testemunhas, o tenente-coronel José Nunes, sargento-mor Hilário de Castro Rocha, D. Maria Magdalena, mulher do dito, e Joanna Gomes Freire, dona viúva, se casaram o capitão Diogo Malheiros Rebouças, filho legítimo de Diogo Malheiros Rebouças, já defunto, e de sua mulher Beatriz de Abreu, viúvo que ficou de sua mulher Dona Jacinta de Vasconcellos, com Phelipa Rodrigues de Oliveira, filha do Comissário Geral José de Oliveira Velho e de sua esposa Bernarda de Oliveira, já defuntos, naturais e moradores da dita Freguesia.
Do casal, capitão Diogo e Jacinta, sua primeira esposa, encontro a filha Isabel de Barros Vasconcellos, que casou com Carlos Vital de Oliveira, filho de Domingos Ferreira da Cunha e Francisca Rodrigues.
Em 1735, o Comissário pediu e recebeu terras na Ribeira do Assú, no lugar chamado Caiçara, que disse possuir há mais de 40 anos. Em 1738, Phelipa Rodrigues de Oliveira e José de Oliveira Velho requereram as terras, no lugar chamado Riacho do Tapuia, da Ribeira do Assú, que foram  adjudicadas nas partilhas, por falecimento do pai deles, o Comissário José de Oliveira Velho.
Os assentos de praça trouxeram mais informações sobre os Velhos.
José de Oliveira Velho, branco casado, natural e morador na Freguesia de São José, filho legítimo de José de Oliveira Velho, de idade que representa de trinta anos, pouco mais ou menos, seco de corpo, rosto comprido, olhos grandes, sobrancelhas grossas, cor morena, cabelo preto, pouca barba, com todos os seus dentes na frente, senta praça, por portaria dos sucessores do governo José Baptista Freire, e o alferes Salvador Rebouças de Oliveira e interseção do Vedor Geral o Dr. Antonio Carneiro de Albuquerque Gondim, aos 9 de março de 1776. 
Joam Baptista de Oliveira, branco, solteiro, natural e morador da Freguesia de São José, filho legítimo de Joseph de Oliveira Velho, de idade que representa, de vinte e três anos, pouco mais ou menos, de estatura ordinária, seco de corpo, rosto comprido, olhos grandes, sobrancelhas grossas, cor morena, pronto de barba, cabelo preto, com todos os seus dentes, senta praça, por portaria dos sucessores do governo, José Baptista Freire e alferes Salvador Rebouças de Oliveira, e intervenção do Vedor Geral o Dr. Antonio Carneiro de Albuquerque Gondim, aos 9 março de 1776. Na lateral do registro a informação: baixa a este soldado por ter já dois filhos soldados, neste regimento, por despacho do senhor governador desta capitania e cumpra-se do Doutor Vedor Geral, em 28 de fevereiro de 1804.
Pelas datas acima, João Baptista de Oliveira e José de Oliveira Velho, não seriam filhos do Comissário, mas de José de Oliveira Velho(2) que requereu as terras no Riacho do Tapuia . O pai dos dois assentados poderia ser o que aparece nos registros de batismos seguintes, de Luiza Maria e Bernarda Thereza.
Aos vinte e sete de dezembro de mil setecentos e cinquenta e três, de licença do Reverendo Padre Coadjutor, por vezes de Vigário, na Capela de Nossa Senhora de Santa Anna da Aldeia de Mipibu, batizou e pôs os santos óleos, o Reverendo Padre Frei Juvenal de Santo Albano, capuchinho, a Luiza Maria, filha de Joseph de Oliveira Velho e Joanna Bautista. Foram padrinhos Lourenço Ferreira e Luiza Maria. Do que mandou lançar este assento o mui Reverendo Senhor Doutor Visitador, que abaixo assina. Marcos Soares de Oliveira.
Aos quinze de junho de mil setecentos e cinquenta e sete, de licença do Reverendo Vigário, o Doutor Manoel Correia Gomes, na Capela da Aldeia de Mipibu, batizou e pôs os santos óleos, o Reverendo Padre Frei Fidelis de Parvanna, capuchinho, a Bernarda Thereza, filha legítima de Joseph de Oliveira Velho e Joanna Baptista . Foram padrinhos Francisco de Lira e Izabel de Barros de Vasconcellos. Do que mandou lançar este assento o senhor Reverendo Doutor Visitador que abaixo assina Marcos Soares de Oliveira.
Observe que a madrinha de Bernarda foi Izabel de Barros de Vasconcellos, filha do capitão Diogo Malheiros e sua primeira esposa, Jacinta de Vasconcellos.
Uma filha do capitão Diogo e de Phelippa Rodrigues, portanto neta do Comissário, de nome Mariana da Costa e Oliveira (mesmo nome de uma tia), casou com o capitão Francisco Lopes de Vasconcellos, filho de Antonio Carvalho de Vasconcellos e Izabel de Crasto Rocha, com dispensa de consanguinidade, em 1756. Em 1757, batizaram Diogo Felix, tendo como padrinhos os avós, Diogo e Phelippa. Esse batizado deve ser Diogo Felix de Vasconcelos, que foi capitão-mor de Ordenanças de Natal e Vila de São José.
Diogo Félix

domingo, 27 de abril de 2014

Pesquisadora potiguar publica ensaio sobre arquitetura do sertão em revista da FAPESP.



Outros sertões

Estudo revela a arquitetura rural do século XIX no interior do Nordeste
JULIANA SAYURI | Edição 216 - Fevereiro de 2014


Casa da fazenda Sabugi, no Rio Grande do Norte
O sertão é do tamanho do mundo, dizia Guimarães Rosa. Dizia como ainda dizem os que se enveredam pelos tortuosos caminhos dos rincões nordestinos em busca de histórias, respostas, saberes. Não raro, porém, muitos retornam dessas terras ainda mais intrigados com novas questões. A pesquisadora Nathália Maria Montenegro Diniz mergulhou diversas vezes nesse território. Ali nasceram a dissertação de mestrado Velhas fazendas da Ribeira do Seridó (defendida em 2008) e a tese de doutorado Um sertão entre tantos outros: fazendas de gado nas Ribeiras do Norte (em 2013), ambas realizadas sob orientação de Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Nessas empreitadas, ela encontrou não apenas respostas a seus estudos sobre a arquitetura rural do século XIX sertão adentro, mas também questionamentos novos que deram fôlego para um novo projeto de pesquisa, vencedor da 10ª edição do Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica – Clarival do Prado Valladares, divulgado em dezembro. O projeto O conhecimento científico do mundo português do século XVIII, de Magnus Roberto de Mello Pereira e Ana Lúcia Rocha Barbalho da Cruz, também foi premiado. Os vencedores foram escolhidos entre 213 trabalhos inscritos pela originalidade dos temas. O prêmio inclui a produção e publicação de um livro, sem valor predeterminado.
É difícil desvencilhar a história pessoal de Nathália Diniz de seu itinerário intelectual. De uma família de 11 filhos originária de Caicó, na região do Seridó, interior do Rio Grande do Norte, ela foi a primeira a nascer na capital potiguar. Em 1975, a família mudou-se para Natal – professores de matemática por ofício, os pais pretendiam oferecer melhores condições educacionais para os filhos. Nas férias e feriados todos retornavam à pequena cidade, onde ficavam em uma das casas das fazendas que pertenceu ao tataravô da pesquisadora. “Logo cedo pude notar as visões diferentes construídas sobre o sertão nordestino. As casas que eu via não eram as mesmas retratadas nas novelas de época, da aristocracia rural. Era outro sertão”, lembra.

Graduada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Nathália quis explorar os outros sertões esquecidos no século XIX, mais especialmente no Seridó, uma microrregião do semiárido que ocupa 25% do território do estado. Lá o povoamento se iniciou no século XVII com as fazendas de gado e o cultivo de algodão. Ainda estudante, deu o primeiro passo nessa direção quando participou de um projeto de extensão que investigou os núcleos de ocupação original do Seridó a partir de registros fotográficos e fichas catalográficas feitas por estudantes e pesquisadores. Descobriram, assim, que essas casas, posteriores ao período colonial, mantinham características herdadas da arquitetura colonial ao lado de elementos ecléticos modernos.
Uma vez bacharel, Nathália viajou a São Paulo para participar de um encontro de arquitetos e deparou com o processo seletivo para mestrado na FAU. Decidiu, então, despedir-se do Nordeste para estudar na capital paulista. “Foi preciso partir para poder redescobrir os sertões”, diz ela. Para seu projeto de dissertação, a jovem arquiteta tinha um trunfo: a originalidade da pesquisa sobre as casas de Seridó. “Quase ninguém conhece aquele patrimônio. Quis apresentar essa realidade nas minhas pesquisas.”
Acervo arquitetônico
Nathália investigou o acervo arquitetônico rural do Seridó, de formas simples e austeras, sem o apelo estético de outros exemplares do litoral nordestino. Essas construções, entre casas de famílias, casas de farinha e engenhos, representam um tipo de economia do século XIX alicerçado no pastoreio e no cultivo de algodão. Embora fundamental para a identidade da região, segundo o estudo, esse acervo composto por 52 edificações conta com poucas iniciativas concretas para tornar viável sua preservação.
© NATHÁLIA DINIZ
Casa da fazenda Almas de Cima, também no Rio Grande do Norte: preservação  ainda precária
Casa da fazenda Almas de Cima, também no Rio Grande do Norte: preservação ainda precária
No início do século XVII, com o povoamento do interior do Rio Grande do Norte, sesmeiros pernambucanos fincaram raízes no Seridó. Foi no século XVIII que surgiram as casas na região feitas de taipa, com madeiramento amarrado com couro cru, chão de barro batido e térreas, com telhado de beira e bica. Lentamente, as casas de taipa passaram a alvenaria, com tijolos apenas na fachada. Por fim, no século XIX, o Seridó ficou marcado pela construção de grandes casas de fazenda, habitadas pelo proprietário, familiares, agregados e escravos.
No doutorado, a arquiteta expandiu horizontes, territoriais e teóricos. Por um lado, debruçou-se sobre a arquitetura rural vinculada às fazendas de gado nos sertões do Norte (atuais estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte). Ela mapeou um acervo de 116 casas-sede a partir de levantamentos arquitetônicos do Piauí, Ceará e Bahia. A fim de melhor compreender o patrimônio material e imaterial nas habitações rurais dessa região, entrou nos campos da história social e da história econômica.
Do inventário de 116 casas-sede alicerçadas em pedra bruta, erigidas em diferentes ribeiras (Ribeira do Seridó, do Piauí, da Paraíba, dos Inhamuns e do São Francisco e Alto Sertão Baiano), a pesquisadora notou a heterogeneidade das construções arquitetônicas nas rotas do gado no Nordeste, que mantinham um mercado interno agitado, embora desconhecido, no calcanhar da economia do litoral exportador. Eram ainda construções pensadas para a realidade sertaneja, com sótãos e outras estruturas propícias para arejar os ambientes castigados pela alta temperatura e pelo tempo seco.
© NATHÁLIA DINIZ
Exemplos da arquitetura sertaneja na Paraíba:  sede da fazenda Sobrado
Exemplos da arquitetura sertaneja na Paraíba: sede da fazenda Sobrado
Contornando ribeiras e atravessando sertões, Nathália Diniz construiu suas investigações a partir de vestígios de tijolo, pedra e barro. Muitas casas de taipa, mencionadas nos arquivos, não resistiram ao tempo e desapareceram. Restaram fazendas formadas por casas-sede e currais. Entre as características da maioria das construções estavam à disposição dos ambientes: os serviços nos fundos do terreno, com tachos de cobre, pilões, gamelas; e a intimidade da vida doméstica no miolo das edificações, com mobiliário trivial, como mesas rústicas e redes, assentos de couro e de sola, baús e arcas de madeira. Em muitas fazendas, em paralelo a criação de gado, cultivaram-se cana-de-açúcar e mandioca, de onde viriam a rapadura e a farinha, que, ao lado da carne de sol, tornaram-se a base da alimentação sertaneja. “A arquitetura rural não segue modelos”, diz Nathália. “Os primeiros proprietários dessas casas eram filhos dos antigos senhores de engenho do litoral. Se a arquitetura rural tivesse um modelo, eles teriam construído casas similares às de seus pais no litoral, o que não ocorreu. A arquitetura dos sertões mostra a formação de uma sociedade a partir da interiorização dos sertões do Norte, de uma economia marcada pelo gado.”
Depois do doutoramento em São Paulo, a pesquisadora retornou a Natal, onde é professora de história da arte e de arquitetura no Centro Universitário Facex. Seu projeto atual é aprofundar a análise arquitetônica das casas-sede, explorando uma lacuna na historiografia brasileira sobre as relações sociais e suas consequências materiais nos sertões, ainda hoje um universo inóspito e incógnito, marcado por longas distâncias e imensos vazios. Esses territórios ficaram esquecidos, apesar de presentes na literatura e nos relatos memorialistas. Daí brotaram generalizações sobre o Nordeste e sua arquitetura rural, ainda compreendida a partir dos padrões dominantes da Zona da Mata pernambucana e do Recôncavo Baiano – o que, nas palavras da pesquisadora, não condiz com a realidade.
© NATHÁLIA DINIZ
A casa da fazenda Santa Casa
A casa da fazenda Santa Casa
Originalidade do tema
O novo trabalho será bancado com o prêmio ganho em dezembro e desenvolvido com o apoio de Beatriz Bueno, da FAU-USP. “O projeto de Nathália foi escolhido pela originalidade do tema e pela oportunidade que nos proporciona de compreender o processo de ocupação do sertão brasileiro e suas dimensões econômica, histórica e social”, diz o coordenador do Comitê Cultural da Odebrecht, Márcio Polidoro. Na economia, ela destacará o ferro que marcava o gado e que permitia identificar a fazenda à qual pertencia – até agora, a pesquisadora já coleciona 653 desenhos de ferro diferentes. “Num sertão disperso, sem fronteiras claramente visíveis, pontuado por tribos indígenas inimigas, o gado carregou a representação do território e da própria propriedade dos que vinham de outros lugares”, define. Na sociedade, ao cruzar os inventários post-mortem encontrados nos arquivos e nas casas, pretende compreender e revelar a vida cotidiana do sertanejo que se desenrolava a morosos passos no século XIX. Fará novas viagens para refazer fotografias e rever anotações. Mais uma vez, um retorno às suas raízes e às terras, tão diferentes das que via nas novelas na sua infância. “Ainda procuro o que buscava desde o início: quero mostrar o que eram esses outros sertões. Nós conhecemos a riqueza da arquitetura litorânea, a arquitetura do açúcar e do café. Falta a arquitetura sertaneja”, conclui.
Projeto
Paisagem cultural sertaneja: as fazendas de gado do sertão nordestino (nº 2009/09508); Modalidade Bolsa de Doutorado; Pesquisadora responsável Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno; Bolsista Nathália Maria Montenegro Diniz; Investimento R$ 130.587,92 (FAPESP).
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Obs.: tokdehistória, blog de Rostand Medeiros possibilitou a veiculação desta matéria.

Mais informações sobre os Rocha Pitta.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Rocha Pitta e as informações de Nestor dos Santos Lima




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG
Transcrevo para cá, ipsis litteris, carta enviada para Wanderley Pinho, autor de “História de um Engenho do Recôncavo”.
O Dr. Nestor Lima, presidente do Instituto Histórico do Rio Grande do Norte, forneceu ao autor as seguintes informações sobre as fazendas inventariadas no acervo do capitão-mor Cristovão da Rocha Pita: “As fazendas Caó (ou Cuó), Sacramento e Itu estão localizadas à margem direita do Rio Açu, no município de Santana do Matos, do Estado do Rio Grande do Norte. As fazendas Malheiro, Catinga e Canto dos Cavalos estão também localizadas à margem direita do Rio Açu, no atual município de Angicos, deste mesmo Estado. As fazendas Olho-d’água e Saco estão à margem esquerda do Rio Açu, no município deste mesmo nome neste Estado. E a fazenda Estreito, no município de Macau, à margem direita do Rio Açu, deste Estado”... “Constam dos registros das sesmarias existentes no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte as seguintes datas concedidas aos Rocha Pita: 1º) Data de Campo Grande, Três Irmãos e Aguamaré: João Teive Barreto de Menezes, a 24 de março de 1734, concedeu na Ribeira do Apodi, em Pau dos Ferros, uma sesmaria a Dinis da Rocha Pita Deus Dará, Luis da Rocha Pita, Francisco da Rocha Pita e D. Maria Joana Inácio Gomes Câmara – 2º) Data da Ilha do Sabugi: Joaquim Feliz de Lima concedeu, a 21 de fevereiro de 1781, a Cristovão da Rocha Pita, uma sesmaria na Ribeira do Açu.”... “É grande o desdobramento das terras que foram dos Rocha Pita nesta então Província e Capitania. “Cuó” ou “Caó” pertence hoje a Manuel da Fonseca Nobre que a adquiriu aos herdeiros ou filhos do Cel. Luis Antonio Ferreira Souto (meu avô materno) e este houve de seus antecessores em herança. Suponho que houveram estes a terra dos filhos de Cristovão da Rocha Pita. “Sacramento” é hoje um mundo de propriedades entre outras “Veneza” do Dr. Ernesto Emílio da Fonseca, “Ubarana” do mesmo e de outros herdeiros do Cel. Manuel Lins Wanderley, como sejam Minervino Wanderley, Maria Wanderley, Beatriz Wanderley, Minerva Wanderley e outros, filhos do finado Minervino Wanderley, do Açu. “Itu” pertence hoje ao Dr. Pedro Soares de Araújo Amorim e major Manuel de Melo Montenegro Pessoa, que houveram por herança do Cel. Ovídio de Melo Montenegro Pessoa, sogro e pai dos atuais donos e por que por sua vez herdou  do Cel. Manuel de Melo Montenegro Pessoa, comprador, por  escritura de 22 de setembro de 1845, a três filhas de Cristovão da Rocha Pita. “Malheiro está atualmente subdividido entre trinta proprietários em mil braças de terra. “Estreito é hoje de José dos Santos e outros muitos donos. “Olho –d’água” pertence aos herdeiros de Justiniano Lins Caldas. “Catinga” não conserva hoje o mesmo nome primitivo e é ignorado o seu dono atual. “Canto dos Cavalos” idem, idem. “Saco” pertence em parte a José Paulino de Oliveira e outros herdeiros de Antonio Benevides de Oliveira e a Camilo de Lélis Bezerra”. – Acrescenta Nestor Lima que na zona do Oeste, havia também fazendas dos Rocha Pitas, a respeito das quais se originou a demanda entre Rochas Pitas e Nogueiras, muito conhecida naquelas paragens nordestinas. E cita documentos: “O capitão Antonio da Rocha Pita dirigiu ao Ouvidor Geral Dr. Cristovão Soares Reimão a seguinte petição: Sr. Dr. Ouvidor Geral. Diz Antonio da Rocha Pita, morador nesta cidade, que, sendo senhor e possuidor de muitas partes de terra na Ribeira do rio Podi ou Poti e Lagoa do guerreiro Itaú, no Rio Grande do Norte, por compra feita aos mesmos Nogueiras, e estando ele nesta mansa e pacífica posse, a sua notícia, e vendo que o sargento Manuel Nogueira Ferreira e seus parentes os pretendem perturbar espalhando vaquejadas, edificando povoação em terras próprias, quando devia fazê-lo no lado esquerdo da lagoa do Itáu, onde existe a taba da tribo dos Payacus vilada há muitos anos pelo ouvidor Marinho, vem o suplicante pedir a V. Ex. para fazer notificar, para que dentro de suas terras não tragam ms. os suppdos vaquejadas, nem façam picadas, nem por si ou por interposta pessoa, sendo condenados a duzentos mil réis e degredo por cada vez que assim perturbaram  o suplicante em suas posses. Termos em que: P. a V. Excia. lhe faça mandar desde já notificar aos suppdos por tudo referido e condenação declarada. (Despacho) P. mdo. Em trás. (a) Reimão. Bahia, três de fevereiro de mil setecentos e três. – “A 10 de setembro de 1704, em audiência foram entregues os autos da questão ao Des. Reimão e a seu escrivão Alberto Pimentel pelo advogado dos Nogueiras, Carlos da Rocha, no lugar Mopebu (hoje São José de Mipibú) no Rio Grande do Norte – a 3 de março de 1708, o desembargador Reimão publicou a sentença da causa, julgando não provados os embargos dos Rocha Pita e provados os dos hereus Gonçalo de Castro e outros “visto os autos e disposições de direito”. Na sentença foi confirmada a data dos contrários e havida por nenhuma a dos Rocha Pita. Houve apelação para o Tribunal de Lisboa que por decisão de 29 de julho de 1713, pelos juízes Amaral e Dr. Ferreira Suderal, com vista do Procurador da Coroa, Ris., proferiu a confirmação”. – Sobre Nogueiras e Rochas Pitas vide Docs. Hist., vol. 69, pag.306.
No documento de Nestor, uma correção: a sesmaria de Campo Grande foi concedida ao coronel Luiz da Rocha Pitta Deus Dará, Francisco da Rocha (Pitta), Simão da Fonseca Pitta e D. Maria Joanna, e não há nenhum Dinis. Esse Inácio Gomes da Câmara, que aparece acima, é na verdade outro sesmeiro, que recebeu as terras que vão de Três Irmãos até Guamaré.
Escravos de Christovão da Rocha Pitta

Advogado seridoense cria página própria na internet. Fonte: assessorn.com.

Aniversariante de hoje (24), Carlson Gomes lança seu blog, através do endereço www.carlsongomes.com.br, com informações da atualidade e do Rio Grande do Norte.
O advogado Carlson Gomes é filho do ex-prefeito de Currais Novos, Geraldo Gomes, e foi diretor do Instituto de Pesos e Medidas do Rio Grande de Norte, entre janeiro de 2011 e março de 2014.
Informações à Imprensa – (84) 9880-0289
Carlson Gomes


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Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo no AssessoRN.com em 4/25/2014 05:40:00 PM
 Obs.: Geraldo de Oliveira Gomes pertence a uma das famílias mais antigas do Seridó potiguar, os Gomes que vieram de Picuí e outras regiões da Paraíba.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

GENEALOGIA GAÚCHA.

Entrevista: Nélio J. Schmidt

Nélio J. Schmidt - Imagem: Arquivo pessoal do autor
Recentemente tivemos o prazer de entrevistar Nélio J. Schmidt, fundador do site GenealogiaRS e um grande genealogista ligado à pesquisa de famílias alemãs no Rio Grande do Sul. Nesta entrevista ele fala um pouco mais sobre o seu site, sobre a genealogia teuto-brasileira, os desafios ligados à pesquisa familiar e nos conta um pouco sobre a sua própria história.
Boa leitura!
MH - Nélio, você é o fundador do site GenealogiaRS. Poderia falar um pouco mais sobre o seu trabalho com o site, sobre os seus objetivos e futuros projetos?
NS- Sim, o site do GenealogiaRS foi criado por mim, incentivado por vários outros colegas de pesquisas, pois necessitava-se de uma ferramenta para divulgação das atividades e dos acervos que se estava produzindo.Assim, o GenealogiaRS - Pesquisas Teuto-brasileira Ltda. foi criado por mim e devidamente registrado, tendo em vista as necessidades de atender algumas questões legais. No início das nossas atividades - o primeiro encontro de ainda um pequeno grupo de quatorze  pesquisadores, aconteceu no 14 de abril de 2011 - houve manifestações dos colegas para que fosse criado um site.
O principal objetivo do grupo e suas ferramentas de contatos foi o de juntar vários pesquisadores que estavam com vontade de somar esforços nas trocas de informações e, principalmente, salvar os conteúdos de livros eclesiásticos do século 19, principalmente evangélicos/luteranos, que estão se deteriorando pelo tempo e uso.
Assim, entre alguns colegas, fomos às comunidade evangélicas/luteranas (IECLB E IELB) e passou-se a fotografar página por página, de todos os eventos contidos nos livros e estes então foram gravados em mídias, de forma adequada e ordenada, para servirem de fontes de pesquisas, poupando assim o livros. Às respectivas comunidades são doadas cópias destas mídias, para que façam uso em suas pesquisas. Este trabalho continua e tem para este ano de 2014 uma grande frente, pois com o novo equipamento que montamos para digitalizar os livros, vai render muito mais e pretende-se cobrir todo o estado do Rio Grande do Sul. Não sabemos ainda quando este grande projeto vai terminar, mas ele foi iniciado, está tendo continuidade e não vamos parar, pois o material que se tem conseguido digitalizar (por fotos) com todo o cuidado, de livros antigos escritos em alemão gótico, é uma grande fonte de pesquisas, que inclusive tem se enviado até para a Alemanha e USA.
Pesquisadores do grupo GenealogiaRS
Outro projeto muito importante, é o que chamamos de “tombamento digital” das lápides dos cemitérios, principalmente os antigos onde ainda se consegue encontrar lápides com registros de imigrantes. Estas lápides são limpas, se necessário, fotografadas e os seus registros digitados em planilhas, onde são completados e até corrigidos, pelos contidos nos livros que foram fotografados. Com este material completo, estão sendo montados livros digitais, em PDF pesquisáveis, para os interessados adquirirem.
MH - O foco da sua pesquisa é a genealogia teuto-brasileira. Quais são as peculiaridades deste grupo de famílias?
NS - O nosso foco são as famílias que entraram aqui no estado do Rio Grande do Sul uma vez que elas são na sua grande maioria, os ancestrais de colegas que frequentam nossos encontros mensais, o nosso fórum de e-mail e o Facebook, para fazerem as trocas, as correções e principalmente - o que nos destaca como grupo - as interações e justaposições de registros. Somos todos pesquisadores de suas próprias famílias, tendo isto como um hobby, e o que nos liga, são justamente os laços familiares, pois as vezes parece que a maioria de nós possuímos um grau de parentesco um com o outro.
MH - São vários os genealogistas gaúchos que tratam da imigração alemã. Há alguma espécie de ponto de encontro para todos eles ou cada um trabalha de forma individual?
NS - Sim, existem cerca de trezentos genealogistas. Alguns trabalham sozinhos, pois ainda não descobriram que “genealogia se faz em parcerias”, mas a maioria reúne-se com seus próprios núcleos familiares ou então em grupos de amigos.
O GenealogiaRS surgiu exatamente desta necessidade de juntar interessados, numa forma de trabalho semicoletiva, ou seja, capta-se de forma individual e/ou coletiva, e aquilo que é possível repartir sem ônus, acontece normalmente, e aquilo que existir eventuais gastos, ou se coopera nas despesas ou então os interessados adquirem de forma individual. A coisa funciona com liberdade e mútuo respeito.

Pesquisadores conferindo registros históricos

MH - Como começou o seu interesse pela genealogia?
NS - Eu fui um dos que, quando ainda adolescente, conheci o meu bisavô, que viveu mais de 90 anos e faleceu quando eu tinha 11 anos. Ele falava muito pouco sobre a sua juventude para os familiares, mas às vezes comentava que ele era um “alemão nato”.
No início do ano de 2011 passei a me dedicar mais às pesquisas e a procurar na internet. Logo encontrei algumas pessoas que estavam com parte da minha árvore quase pronta, e foi a partir daí que surgiu a ideia de nos reunirmos, para somar registros, pois vivíamos numa região em que os nossos imigrantes e os filhos destes, muitos se cruzaram em casamentos, ou seja, havia muitos laços de parentescos, até bem próximos. Foram tantas surpresas a cada encontro, que o grupo cresceu.

Nélio com o pai, avô e bisavô - Fonte: Arquivo pessoal do autor

MH - Conte um pouco sobre a sua própria história familiar.
NS - Bem, então partindo da minha curiosidade daquele pouco que o meu bisavô falava, tive a felicidade de encontrar pessoas amigas e dispostas a compartilhar e me ajudar na minha árvore. Assim, cheguei a minha tetravó que imigrou viúva, em 1846 com dois filhos e uma filha. Vieram de Kronweiler, Birkenfield,  Rheinland-Pfalz, Alemanha. O que se sabe até o momento, é que o seu marido falecera antes da viagem e que além disso ficaram para trás na Alemanha mais sete filhos. Quando a minha tetravó aqui chegou depois de uma viagem de uns cento e vinte dias, ela já com 46 anos de idade, adquiriu terras para ela e os filhos, numa bela região aqui no estado, chamada de Picada Café.
Foi indescritível a minha emoção, quando recebi estes registros de colegas. As minhas pesquisas não estão no fim, embora meio paradas, pois agora necessito ir a Kronweiler e verificar os registros de lá, tanto dos Schmidt como dos Kunz.
Assim, percebendo de que na ajuda mútua haviam grandes possibilidades para o sucesso das pesquisas, junto com alguns amigos resolveu-se de que era necessário, nos reunir mais vezes, e assim fizemos.

MH - Você trabalha em parceria com outros genealogistas ou parentes? Qual é o tamanho da sua árvore genealógica e quem é o antepassado mais remoto já encontrado?
NS - Além das pesquisas individuais, as parceiras com outros colegas pesquisadores são fundamentais. Por isso, a minha pesquisa pessoal, terminou se fundindo com a criação do próprio GenealogiaRS, onde hoje mais de cem colegas trocam informações, assistem palestras, exibições de filmes, visitas a museus, levantamentos cemiteriais e outras atividades relacionadas com a genealogia e a história da imigração alemã no Rio Grande do Sul. Até o momento, consegui chegar somente até a minha imigrante, nascida em 19/02/1800 e o filho dela, donde vem o meu ramo, ele nascido em 30/03/1832 na mesma localidade da sua mãe. Mas temos no nosso grupo, colegas que chegaram a beiram até os anos de 1300 com sua pesquisas.
MH - Qual foi o fato mais interessante que você conseguiu revelar com a sua pesquisa familiar?
NS - O que achei interessante, conforme constam em registros eclesiásticos, foi a vida da minha imigrante, que nunca mais casou, ajudou a criar seus netos, foi madrinha inúmeras vezes na comunidade que frequentava e viveu até os oitenta e nove anos. Ela veio ao Brasil junto com outra família, talvez afilhada dela, pois tinha exatamente o mesmo nome e esta era casada também com um Schmidt, e soube por relatos dos descendentes destes, que as duas foram muito amigas até seus últimos dias, tanto que foram enterradas bem próximas uma da outra, mas, infelizmente, um deslizamento cobriu parte do cemitério que existe até hoje.
MH - Que conselhos você daria para aqueles que estão começando agora a pesquisar as suas famílias?
NS - Primeiro, não façam as suas pesquisa sozinhos. Juntem-se a outros pesquisadores. Segundo, anotem tudo num caderno ou computador, juntem tudo o que é documentos, fotografias antigas.Terceiro, procures os seus avós, seus tios, conversem a respeito, procurando resgatar fatos, anotando ou gravando tudo. Muitas vezes, num pequeno detalhe, dito por alguém, está a chave de outras informações.Quarto,  procure os cemitérios onde estão enterrados seus ancestrais, limpe as lápides, ou as reforme se for o caso, pois nelas contem muitos registros. Manter estes locais em boas condições, é manter em nossas memórias as virtudes e tudo aquilo de bom que eles legaram aos seu filhos, netos, bisnetos e chegaram até nós.
MH - E para alguém que já anda pesquisando há algum tempo mas que não sabe como continuar sua pesquisa?
NS - Uma única dica, e fundamental, junte-se a outros pesquisadores. Pois sempre tem alguém em algum lugar, que está mais adiantado, ou até já passou por algo que se procura, ou, passou ao lado e viu. É muito comum se ouvir:
- “Você está procurando por este nome? Por que não me falou antes? Pois pesquisando um ramo da minha família encontrei estes que você procura”!
Ou seja, pesquisa genealógica não se faz sozinho.
Muito obrigada, Nélio por esta entrevista!
Se você quiser conhecer o site GenealogiaRS, clique aqui.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Os Rocha Pitta de Pau dos Ferros.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pau dos Ferros e os Rocha Pitta



João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Nesse final de semana que passou, estivemos em Pau dos Ferros. Não para fazer pesquisas genealógicas, mas para Dona Graça dar treinamento às suas consultoras Mary Kay. Foi uma viagem agradável, onde encontramos muito verde, apesar da falta de água em vários municípios do Rio Grande do Norte.
Fico me perguntando, como e por que alguns pioneiros foram parar em lugar tão distante de tudo, com todas as dificuldades daquela época. Muitos portugueses se embrearam pelo sertão, possivelmente para fugir de alguma perseguição ou condenação, por puro espírito aventureiro ou para criar gado.
Lá em Pau dos Ferros, nos abrigamos no Hotel Jatobá, onde fomos recebidos por Doralice, esposa de Licurgo Quinto.
No escritório dela, nos deparamos com um mapa escolar, político e urbano, do ano de 2006, patrocinado pela Prefeitura. Na sua parte histórica, encontramos o seguinte trecho: “Neste ano de 1763, foi concedida uma sesmaria ao Sr. Luiz da Rocha Pita e Dona Maria Joana, e ao Sr. Simão da Fonseca e seus filhos. Todos esses senhores foram os pioneiros que se estabeleceram e trabalharam duro e juntos construíram um núcleo de um pequeno povoado, alguns anos depois já havia bastante casas de taipas ao redor da pequena fazenda.”
Esse histórico foi encomendado, possivelmente, a um amador, pois contém equívocos que transmitem informações incorretas, principalmente, se atentarmos para o fato de ser um mapa dito escolar.
Já tivemos oportunidade de escrever três artigos, aqui neste jornal, sobre os Rocha Pitta. Mas, vale a pena recordar um pouco da presença deles no Rio Grande do Norte, embora haja ainda algumas informações contraditórias.  Uma carta régia, de 14 de dezembro de 1701, menciona que quarenta vaqueiros enviados por Antonio da Rocha Pitta, pretenderam expulsar os gados existentes na Ribeira do Assú, procedimento que foi sustado pelo capitão general de Pernambuco. Ademais, Antonio da Rocha Pitta recebeu mais sesmarias do que deveria, o que provocou várias contestações.
Por volta de 1733, filhos e herdeiros do coronel Antonio da Rocha Pitta, e de sua mulher Aldonsa de La Penha Deus Dará, requereram e tiveram, posteriormente, confirmação real de duas sesmarias: a de Pau dos Ferros e a de Campo Grande, ambas na Ribeira do Apodi. Esses documentos estão no segundo livro de Sesmaria do Rio Grande do Norte, da Coleção Mossoroense.
A descendência de Antonio da Rocha Pitta não está bem estabelecida, e depende de quem escreveu sobre isso. Em “História de um Engenho do Recôncavo”, de Wanderley Pinho, consta que ele casou duas vezes, a primeira com Maria da Rocha Pitta e, a segunda, com Aldonsa de La Penha Deusdará. Do primeiro casamento, somente um filho, Francisco da Rocha Pitta, que casou duas vezes, sendo um dos seus filhos Cristovão da Rocha Pitta. Do segundo casamento, foram três filhas e dois filhos. Duas filhas casaram com os desembargadores João de Soto Maior e João Homem Freire, e a terceira com um parente deste, que, segundo Borges da Fonseca, foi Manoel Homem Freire de Figueiredo. Já os homens foram o coronel Luiz da Rocha Pitta Deusdará, que morreu solteiro, e Simão da Fonseca Pitta que casou com a prima Antonia da Fonseca Villas Boas, daí nascendo uma única filha Aldonsa de La Penha Deusdará (2ª do nome), que por sua vez casou com Amaro de Sousa Coutinho, e daí nascendo mais um Antonio da Rocha Pitta.
Nesses requerimentos, de sesmarias, o coronel Luiz da Rocha Pitta Deus Dará, Francisco da Rocha Pitta, Simão da Fonseca Pitta e Dona Maria Joanna, todos moradores na Bahia, aparecem como filhos do coronel Antonio da Rocha Pitta e de Aldonsa de La Penha Deusdará. Não consta Francisco da Rocha como sendo filho de Maria da Rocha Pitta, e nem as outras duas filhas, que casaram com os desembargadores, como requerentes.
Nesse período não há noticias da presença desses herdeiros, aqui. Mas, posteriormente, encontramos descendentes em várias regiões do Rio Grande do Norte, principalmente, em Santana do Mattos. Um tetravó meu, Cosme Teixeira de Carvalho, foi casado com Aldonsa da Fonseca Pitta. Ligado a eles, aparece Luiz da Rocha Pitta, com vasta descendência em Santana do Matos. Só que não encontrei o elo que liga esses dois aos sesmeiros. Na região salineira vamos encontrar, como herdeiro, Cristovão da Rocha Pitta, cujas terras eram administradas pelo capitão Manoel Varella Barca.
Todas as prefeituras deveriam rever o histórico de suas cidades, solicitando ajuda dos departamentos de História das universidades.
Em um próximo artigo, postarei uma correspondência de Nestor dos Santos Lima para Wanderley Pinho, que trata das terras desses Rocha Pitta, aqui no Rio Grande do Norte.
Pau dos Ferros
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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Vocês conhecem alguém que queira saber suas origens alemães? Schmidt é alemão.

Alemanha

Associação ajuda estrangeiros a saber mais sobre antepassados alemães

Membros da Die Maus pesquisam e catalogam os registros de emigrantes europeus, em maioria alemães, que foram para o Novo Mundo a partir do porto de Bremen, ajudando estrangeiros a saber mais sobre suas raízes europeias.
Auswanderung Bremen
Numa das salas do edifício do Arquivo Estatal de Bremen, a Associação de Pesquisa Familiar Die Maus (o camundongo) mantém seu centro de operações. Como os roedores, seus sócios vivem revirando papéis antigos e livros, atrás de alguma pista que os ajude a encontrar o elo perdido de uma história familiar. Registros de matrimônios, batismos, propriedades, testamentos – tudo pode fornecer um dado para se descobrir algo sobre os antepassados.
"As pessoas querem saber de onde vêm. Às vezes, querem saber o que seu avô fez, ou descobrem que suas habilidades musicais vêm de um ancestral que era músico profissional", diz Rolf Masemann, presidente da Die Maus.
Com mais de 550 sócios, Die Maus é um dos maiores clubes de pesquisa familiar e genealógica da Alemanha, e o maior do norte do país. Seus registros são fundamentais para as famílias que emigraram para as Américas. Estima-se que, a partir de 1820, mais de 7 milhões de pessoas embarcaram nos portos de Bremen e Bremerhaven.
"As pessoas querem saber de onde elas vêm", diz Rolf Masemann, presidente da Die Maus
"A maioria dos migrantes para o Novo Mundo partiu de Bremen", afirma Masemann. Nem todos eram alemães. Havia também famílias da Polônia, da Rússia e de outros países, que vieram pegar na Alemanha um navio para os Estados Unidos ou a América do Sul.
"As pessoas têm curiosidade e querem saber onde estão as suas raízes, como chegaram lá, o que seus antepassados fizeram ou que profissão eles tinham. E, se eles saíram por Bremen, é conosco que podem averiguar isso. Recebemos consultas de todo o mundo", informa Masemann.
Decifrando registros históricos
Em seus 90 anos de existência, Die Maus reuniu centenas de milhares de dados, incluindo registros antigos dos habitantes da cidade, testamentos, documentos sobre propriedades, arrendamentos, pagamentos de impostos e casamentos. Alguns documentos datam do século 16.
No caso dos emigrantes, são valiosas as informações sobre as embarcações e seus destinos, listas de passageiros e os nomes dos capitães. Muitos desses registros estão disponíveis online no site da organização. Ela também tem mais de 2.600 pastas com sobrenomes de famílias, contendo material como árvores genealógicas e publicações em jornais.
Com paciência, deram-se ao trabalho de copiar documentos a partir do antigo manuscrito alemão. Muitos certificados parecem ilegíveis, mas o olhar treinado dos membros da Die Maus consegue decifrá-los. "A gente aprende com o tempo e consegue entendê-los. Eu copiei de uma maneira que seja fácil, pois nem todo o mundo os consegue ler", explica Christa Lütjen.
Outra dificuldade é que muitos falavam plattdeutsch, dialeto típico do noroeste alemão, e o pastor ou o secretário da igreja escrevia o que conseguia entender. Como os registros eram feitos à mão, depois de alguns anos ficam difíceis de decifrar, e as cópias ou certificados, também a mão, acumulavam mais erros. Assim, muitos nomes foram alterados, o que dificulta o processo de busca. O mesmo sobrenome pode ter dado origem a diferentes variações, como Meier, Meyer, Mayer ou Maier.
Muitas vezes, os "camundongos" têm sucesso, outras vezes, não. Mas todos são movidos por uma espécie de febre de caçador, que os faz seguir as pistas e encontrar outros indícios. Embora seja uma atividade que todos praticam em seu tempo livre, ela exige bastante tempo. "É algo que não tem fim. A gente pode ir procurando sempre mais e mais", ressalta Dieter Memleb, também membro da Die Maus. "É preciso amar o que fazemos. É muito interessante não só pela investigação dos nossos próprios antepassados, mas também para ajudar os outros", acrescenta Christa Lütjen.
Passageiros a bordo do Columbus em 1929. Navio cruzava o Atlântico nos anos 20 e 30
Completando histórias familiares
Em seu fichário, Memleb guarda as mais variadas consultas chegadas por e-mail. "Há gente que nos escreve dos Estados Unidos, Japão, China, Nova Caledônia, Canadá e Brasil." As perguntas têm em comum o desejo de descobrir as raízes ou avançar na construção da árvore genealógica. Muitos já dispõem de informações como o ano e o navio em que o ancestral emigrou e querem saber mais sobre a vida dele na Alemanha.
Dieter Memleb, Rolf Masemann e Christa Lütjen, da associação Die Maus
"Meu avô tem 93 anos e eu gostaria de lhe dar esses papéis como presente, para que ele e seus irmãos possam saber com certeza sua origem étnica", escreve uma pessoa dos Estados Unidos. Outros acham o nome de sua família indexado na lista da página na internet na associação e querem ajuda para continuar pesquisando. "Sem a sua ajuda, a história desta família estará perdida", escreve um solicitante.
Grande parte do sucesso da Die Maus se deve ao trabalho de colaboração entre os membros e também à cooperação com outras instituições, como o Arquivo Estatal de Bremen ou a Câmara de Comércio de Bremen. Aqueles que enviam de outro país suas perguntas por e-mail, às vezes também se tornam membros ativos, a partir de seus locais de residência. Agradecidos, alguns viajam para Bremen para visitar a Die Maus. A associação não cobra pelo tempo gasto na pesquisa, mas se alegra com as doações e contribuições que lhes permitam seguir trabalhando.
Um bom complemento para investigação é uma visita ao Deutsches Auswandererhaus (Centro Alemão de Emigração), localizado no porto de Bremerhaven, 60 quilômetros ao norte de Bremen. O museu permite mergulhar em histórias fascinantes através de exposições interativas, ter acesso aos registros e aprender sobre o processo de emigração a partir de Bremen.

DW.DE

domingo, 13 de abril de 2014

A ascendência de Anna Ferreira de Miranda (republicando).



Anna Ferreira de Miranda, ascendência em questão
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
No último artigo, neste jornal, traçamos, a partir de informações do testamento de Anna Ferreira de Miranda, a sua ascendência. Pelo referido documento, sabíamos o nome do pai, Manoel Francisco, e o sobrenome da mãe, Paiva da Rocha. Como escrevemos antes, procuramos registros que tinham o nome do pai dela e o sobrenome da mãe. Encontramos, então, Manoel Francisco Rebouças e sua mulher Bibiana de Paiva da Rocha como os mais prováveis pais de Anna. Outras informações nos registros nos levavam a convicção que eram esses os pais dela. Entretanto, um detalhe põe em dúvida tal possibilidade: a idade com que faleceu Anna Ferreira de Miranda. Segundo o registro de óbito, ela tinha cinquenta e seis anos de idade, em 1786. Por isso, o provável ano do seu nascimento seria 1730.
Mas conforme registramos no antigo anterior, Antonio de Paiva da Rocha e Úrsula Ribeiro de Macedo, pais de Bibiana e avós maternos de Anna, contraíram núpcias em 11 de Fevereiro de 1733. Assim Anna teria nascido três anos antes do casamento de seus avós. Como eu já tinha visto muitos erros nos registros de óbitos, tais como os de Antonia da Silva, esposa do capitão Manoel Raposo da Câmara e de Custódia do Sacramento, esposa do sargento-mor Antonio Rodrigues Santiago, imaginei  que fosse mais um equivoco.
Um colega genealogista observou, também,  tal incompatibilidade e aventou a possibilidade de Bibiana ter nascido em 1734, casado em 1749, com a idade de 15 anos, ter sido mãe de Anna em 1750. Com isso Anna Ferreira teria falecido com 36 anos e não 56. Aí tudo se resolveria.
Mas segundo o colega genealogista (ele não permite a sua nomeação), através da Nobiliarquia Pernambucana, Antonio de Paiva da Rocha que foi capitão-mor nesta Capitania, casado com Anna Ferreira (Colaço), tinha um filho de nome Antonio de Paiva da Rocha que casou aqui (com Úrsula Ribeiro). Tinha também uma filha de nome Ângela de Paiva da Rocha que casou com um certo Manoel Francisco. O colega aventa então a seguinte hipótese: Manoel Francisco casou primeiro com Ângela, e daí nasceu Anna Ferreira de Miranda, no tempo certo. Depois, enviuvando, casou com Bibiana, sobrinha da primeira mulher. Isto é, Anna Ferreira de Miranda, não seria neta de Antonio de Paiva e Úrsula, mas de Antonio de Paiva e Anna Ferreira. Continuaríamos no terreno das hipóteses.
Por conta de alguns registros de netos de João Gomes e Anna Ferreira, vimos que eles estiveram em Assu, por um certo tempo, pois alguns filhos nasceram lá, como Alexandre Ferreira, Ana Gomes Carneiro, Antonia e João Gomes.
Tentei mais uma vez examinar o testamento de Anna Ferreira de Miranda, depois de uma foto mais aproximada da parte que fala nos pais dela. Realmente, não se consegue ler o nome da mãe, mas não pode ser Ângela, pois não há nenhuma perna de g para baixo. Quanto ao pai, o sobrenome não parece ser Rebouças, mas algo parecido com Amaro.
Resolvi investigar, então a vida dos seus testamenteiros, em busca de algum detalhe que esclarecesse nossas dúvidas. Eram eles José Rodrigues da Rocha, compadre de Anna, Antonio Rodrigues Santiago, e o sargento-mor Prudente de Sá Bezerra. Todos esses senhores tem vários homônimos parentes, o que torna difícil saber quem era quem. Mas, vejamos os que seriam próximos de Anna Ferreira de Miranda, para situar o tempo em que ela viveu.
Antonio Rodrigues Santiago e sua mulher Ignácia Francisca de Mello casaram em 1773, e foram os pais de Maria Thereza de Mello, que casou com João Gomes Carneiro, filho de João Gomes Carneiro e Anna Ferreira de Miranda, em 4 de novembro de 1800. Foram os pais, também, de Antonia Francisca de Mello, que casou com Alexandre Ferreira, outro filho de João e Anna.
Prudente de Sá Bezerra era irmão de Manoel de Abreu Soares, genro de João Gomes e Anna Ferreira. Manoel casou em 20 de setembro de mil setecentos e oitenta com Anna Maria da Rocha (ou Anna Maria Gomes). A irmã de Anna, Antonia Gomes Carneiro casou com o filho de Manoel de Abreu, Bento Luis, nessa mesma data.
José Rodrigues da Rocha, um dos vários que encontrei, era filho de Antonio de Piava da Rocha e Úrsula Ribeiro, e casou com Izabel Theresa, filha de Prudente de Sá Bezerra e Maria Theresa de Mello.
Examinando mais os registros dessas pessoas, não conseguimos identificar qualquer informação que nos ajudasse a solucionar, por completo, os nomes dos pais de Anna Ferreira de Miranda.
Outro detalhe no testamento, é que Anna Ferreira de Miranda declara que não recebeu dote dos pais. Disse mais, que a dívida deixada pelo marido, João Gomes Carneiro, foi toda paga por ela, pois os filhos não contribuíram com as suas partes.
Assim, vamos aguardar outras informações para descobrir os nomes completos dos pais de Anna Ferreira de Miranda.