terça-feira, 31 de março de 2015

Os passos de Miguel Trindade Filho.


terça-feira, 31 de março de 2015

O processo 636


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.

Durante muitos anos fiquei sem qualquer conhecimento sobre o que tinha acontecido de verdade com meu pai, de 1935 até 1939. Aqui mesmo, neste jornal, escrevi um artigo intitulado “O telegrafista extremista”, onde retratei os passos dele, Miguel Trindade Filho, após o levante de 1935, baseado em notícias de antigos jornais da época, digitalizados pela Hemeroteca Nacional.

Resumidamente, descobri que ele tinha sido transferido, ainda em janeiro de 1936, da Regional dos Correios de Pernambuco (estava em Recife desde 1926) para a de Mato Grosso, fato que não constava na sua ficha funcional. Na viagem para esse estado, no vapor Poconé, em fevereiro desse mesmo ano, foi impedido de desembarcar em Salvador, acusado de exercício de atividades comunistas. O vapor seguiu viagem para o Rio de Janeiro, tendo sido ele, e Wanderlino Vírginio Nunes, presos a bordo, por investigadores da Polícia Central, no dia 21 de fevereiro. Nesse mesmo ano, em 14 de março, chegavam presos ao Rio de Janeiro, no vapor Manaus, 116 extremistas, estando entre eles, Graciliano Ramos e duas mulheres Maria Joana de Oliveira e Leonila Félix.

Após essa prisão, a única informação que tive a mais desse ano, é que o praticante diplomado, Miguel Trindade Filho, tinha sido exonerado por exercício de atividades subversivas de ordem política e social, em ato de 25 de junho de 1936. A sua nova prisão em 1938 foi decorrente de duas cartas.

Voltei a encontrar novas notícias sobre Miguel Trindade Filho, nesses velhos jornais, somente em 1938. Havia um processo que tratava do julgamento dos participantes do levante de 1935, rolando nesse ano. Era o processo 636, que posteriormente localizei uma cópia microfilmada, no Arquivo Nacional. Fiz a encomenda desse processo, que recebi em CD. É nele que encontrei uma ficha do DOPS e um auto de declaração prestado por Miguel Trindade Filho e outros participantes. Daqui do Rio Grande do Norte, além de papai, aparecem, também, o veterinário, Dr. Raimundo Gurgel Cunha, e o estudante de Direito, José Ariston Filho.

Na ficha do DOPS constava que papai fora preso em 21 de dezembro de 1935, com suspeita de participação no movimento extremista de novembro daquele mesmo ano; que em 18 de janeiro de 1936 foi posto em liberdade e que procedida uma busca em sua residência, por ocasião da prisão, fora apreendido livros e boletins de caráter comunista e que ele confessou-se simpatizante da doutrina marxista; que em 14 de junho de 1938, fora preso em Natal, à disposição da Delegacia, em Recife, como acusado de exercer atividades extremistas.

Nessa ficha ainda constava que em 18 de junho de 1938 fora recolhido ao Presídio Especial; declarou que em fins de abril desse ano, no escritório comercial Oliveira & Cia, situado à Rua Chile, número sessenta e três, em Natal, onde trabalhava, foi procurado por um individuo desconhecido (que se identificou como Cardoso), que lhe disse que o procurava por indicação de José, pessoa que papai não sabia quem era; que tinha uma carta que era dirigida ao declarante, mas como Cardoso lhe dissera para entregá-la a quem procurasse, o declarante assim o fez; que reconhecia na fotografia que foi mostrada na Delegacia, a pessoa de Cardoso, o que sabia naquele momento ser conhecido em Recife pelo nome de Hélio Soares ou  “Amorim”.

No auto de declaração que aparece, resumidamente, na ficha, ele conta que dez dias após essa visita apareceu a pessoa, que ele descreveu como sendo um rapaz de cor morena, estatura regular, trajado modestamente, o qual solicitou a entrega da carta deixada pelo tal Cardoso.

Continuando seu depoimento (o documento tem partes de difícil leitura) Miguel Trindade declarou: que exerceu neste estado (Pernambuco) as funções de praticante diplomado da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos; que após o movimento subversivo de novembro de mil novecentos e trinta e cinco, o declarante foi preso como suspeito, tendo sido posto em liberdade dias depois; que ao passar ao Rio de Janeiro com destino ao Estado de Mato Grosso, para onde fora transferido, o declarante foi detido pela polícia carioca, tendo passado três meses detido, sendo posto em liberdade sem ser ouvido; que então resolveu voltar ao Rio Grande do Norte e abandonou o seu cargo; que não sabe se a carta apreendida por esta Delegacia na agência postal da Praça Maciel Pinheiro e que lhe fora dirigida por Cardoso, também fora escrita pela mesma pessoa que lhe dirigiu a carta que chegou às suas mãos; e como nada mais disse nem lhe foi perguntado, a autoridade mandou encerrar o presente, que lida e achada conforme, me assina com o declarante e comigo Heitor de Araújo de Sousa, escrivão que a escrevi. Edson Moury, Miguel Trindade Filho.

Foi no livro “China Gordo” que Andrade Lima Filho cita papai, com quem esteve preso, em 1938.
Habitavam-na três comunistas que seriam daí por diante meus companheiros de prisão por longo tempo. É curioso: o cárcere, que não conhece a aritmética, soma quantidades heterogêneas. Fizemos logo boa camaradagem. Os polos políticos se encontravam sob aquele meridiano sombrio. Tocavam-se os extremos. Dois deles eram boas praças, idealistas sinceros, a quem, apesar das nossas divergências então acirradas, afeiçoei-me logo. Um, o marinheiro José Leite, que mais tarde eu voltaria a encontrar na Assembleia Legislativa feito deputado. O outro, o Trindade Júnior (na verdade Trindade Filho), um telegrafista norte-rio-grandense, baixote, loquaz, muito lido. Trindade conhecia razoavelmente Marx e sabia de cor todo o "Eu" do Augusto dos Anjos. Mas quando ele vinha com a teoria da "Mais Valia", eu cortava logo a doutrinação, dizendo: - " Marx não, vamos ao Augusto".



quarta-feira, 25 de março de 2015

Mais gente que vivia em Curralinho e Oficina, no Assu.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Roque Rodrigues Correia e Victoriana Maria


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
Oficinas e Curralinho foram localidades importantes da História do Rio Grande do Norte. Encontramos vários registros de batismos nessas povoações. Vamos conhecer, hoje, Roque Rodrigues Correia e Victoriana Maria da Conceição, através dos registros batismais dos seus filhos.

O primeiro filho desse casal, que encontramos, foi batizado na Ilha de Manoel Gonçalves, como podemos ver a seguir.

Antonio filho legítimo de Roque Rodrigues Ferreira (na verdade Correia) e Victoriana Maria da Conceição naturais do Assú nasceu aos 27 de março de 1832 e foi batizado aos 9 de junho do dito ano pelo Padre Frei Antonio de Jesus Maria Lobo, de minha licença, no Oratório de Nossa Senhora da Conceição de Manoel Gonçalves e lhe conferiu os Sagrados Óleos; foram padrinhos Antonio Joaquim de Sousa e Thomásia Martins Ferreira casados, todos deste Assú. Joaquim José de Santa Anna, Pároco do Assú; Antonio Roque Rodrigues Correia casou em 1855, com Francisca Maria de Borges, na presença de Manoel Roque Rodrigues Correia e Vicente Rodrigues Ferreira.

O pai de Thomásia, meu tetravô, o capitão João Martins Ferreira, foi padrinho de Joanna, filha legítima de Roque Rodrigues Correia e Victoriana Maria, ambos naturais do Assú, nascida aos 12 de agosto de 1834, e batizada aos 10 de outubro do mesmo ano, no Curralinho, sendo madrinha Maria Gomes.
Aos 11 de setembro de 1835, nascia Francisco, filho de Roque e Victoriana. Ele foi batizado pelo Ilustríssimo e Reverendíssimo Senhor Visitador e Vigário Confessado no Seridó, Francisco de Brito Guerra (foi senador), na Fazenda Morro, da Freguesia de Santa Anna do Mattos, aos 3 de janeiro de 1836, sendo padrinho o mesmo capitão João Martins Ferreira. Francisco Roque Rodrigues Correia casou com Maria do O’ da Conceição.

Pio, que nasceu aos 4 de maio de 1837, e foi batizado aos 20 de agosto do mesmo ano, na Capela de Nossa Senhora da Conceição das Oficinas, teve como padrinhos Silvério Martins de Oliveira (primeiro administrador da Mesa de Rendas de Macau) e Joanna Martins de Oliveira. No registro de batismo, foi anotado, inicialmente, como esposa de Roque, Maria Joaquina dos Santos, mas, depois, corrigido para Victoriana Maria da Conceição.

Em um dos livros de batismos do Assú, encontramos mais quatro filhos de Roque, em sequência, embora os anos de nascimento e batismo fossem diferentes. Eles foram anotados de uma vez só. Acredito que essa transcrição gerou um equívoco, pois em todos eles, aparece com mãe dos párvulos, Dona Maria Joaquina dos Santos, a mesma que teve seu nome assentado, erroneamente, no batismo de Pio. Vejamos quem eram os quatro.

Roque nasceu aos 16 de agosto de 1838, e foi batizado na Capela das Oficinas, a 24 de setembro do mesmo ano, tendo como padrinhos João Baptista dos Santos e Maria Francisca da Luz, casados; Rosa nasceu aos 25 de novembro de 1839, e foi batizada na Capela das Oficinas, aos 25 de dezembro do mesmo ano, tendo como padrinhos Eliziário (Antonio) Cordeiro (português que habitava a Ilha de Manoel Gonçalves) e sua mulher Antonia Martins de Oliveira; Maria nasceu aos 9 de janeiro de 1841, e foi batizado aos 2 de fevereiro do mesmo ano, na Capela das Oficinas, tendo como padrinhos o Vigário Jorge Ferreira Nobre Formiga e Nossa Senhora; Ângelo nasceu aos 7 de julho de 1842, e foi batizado, na Capela das Oficinas, não consta a data, tendo com padrinhos o Reverendo Antonio Francisco da Silva e Nossa Senhora da Conceição.

Ângelo Rodrigues Correia casou com Maria Floripes, e gerou um filho, que batizou em 1889, com o nome de Ângelo.

Roque, que nasceu em 1838, casou em 1861, na Povoação das Oficinas, com Joanna Rodrigues Lessa, na presença de Vicente Rodrigues Ferreira e Antonio Menezes Correia. Em 1863, nasceu o filho João, que foi batizado na Capela do Rosário, tendo como padrinhos João Baptista do Espírito Santo, avô materno, e Dona Victoriana Maria da Conceição, avó paterna. Joaquim José Lessa, irmão de Joanna Rodrigues Lessa, foi casado com Rosa Carolina. É possível que essa Rosa fosse a irmã de Roque que nasceu em 1839, pois no batismo de Pio, filho de Joaquim e Rosa, os padrinhos foram os mesmos de João, filho de Roque e Joanna.

Posteriormente a esses registros, Dona Victoriana Maria volta a aparecer, como esposa de Roque Rodrigues Correia, para os filhos  Ritta e Pedro.

Ritta, filha legítima de Roque Rodrigues Correia e Victoriana Maria da Conceição, nasceu a dezesseis de setembro de mil oitocentos e quarenta e quatro e foi batizado pelo padre Francisco Theotônio de Seixas Baylon, de minha licença, na casa de oração das Oficinas, em primeiro de janeiro de mil oitocentos e quarenta e cinco, foram padrinhos Nossa Senhora e Lopo Gil Fagundes. Manoel Januário Bezerra Cavalcanti.

Pedro, branco, filho legítimo de Roque Rodrigues Correia e Victoriana Maria da Conceição, nasceu a oito de junho de mil oitocentos e quarenta e sete, e foi batizado com os santos óleos, de minha licença, pelo Padre Coadjutor Elias Barbalho Bezerra, no Sítio Curralinho, em oratório particular, aos vinte e sete de junho do mesmo ano, foram padrinhos Nossa Senhora e Lopo Gil Fagundes, por procuração que apresentou Pedro Pereira da Costa Fagundes, solteiro. Manoel Januário Bezerra Cavalcanti. Pároco do Assu.

Um possível filho de Roque e Victorianna seria João Roque Rodrigues Correia. Ele casou em 3 de março de 1851, na Fazenda do Sacco, com Anna Francisca Bezerra, tendo como testemunhas Vicente Rodrigues Ferreira e Luis Francisco Bezerra. Aos 24 de junho desse mesmo ano, nascia, João, filho desse casal, que foi batizado aos 21 de agosto do mesmo ano, tendo com padrinhos Alexandre José de Oliveira e Dona Victoriana Maria da Conceição.
Pio, filho de Roque e Victoriana

terça-feira, 17 de março de 2015

terça-feira, 17 de março de 2015

Antonio Francisco Braga, das Alagoas, e Joanna Maria, de Cabrobó


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG
Muitos dos nossos povoadores vieram das mais diversas localidades. Hoje, vamos conhecer Antonio Francisco Braga e Joanna Maria, que viviam na beira do Rio Potengi, em São Gonçalo. É através dos batismos dos seus filhos, que tivemos conhecimento deles. Observem as pequenas variações em cada registro.

Ignez, filha legítima de Antonio Francisco Braga, natural da Vila das Alagoas, e de Joana Maria da Assunção, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Sertão de Cabrobó, neta por parte paterna de Manoel Francisco, natural da Vila do Conde, Arcebispado de Braga, e de Antonia da Sylveira, natural de Santo Antonio do Recife, e pela parte materna de Joachim Pereira, natural da Vila das Alagoas, e de Úrsula Maria, natural de Santo Antonio da Vila Nova, Arcebispado da Bahia, nasceu a sete de janeiro de mil setecentos e sessenta e oito e foi batizada com os santos óleos, na Capela de São Gonçalo do Potigi, de licença minha, pelo Padre Miguel Pinheiro Teixeira, aos vinte e cinco do dito mês e ano; foram padrinhos José dos Santos Lisboa, casado, e morador em Gramació (Vila Flor), e Maria Freyre de Amorim, solteira, filha de Gonçalo Freyre de Amorim, desta Freguesia. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.

Antonia, filha legítima de Antonio Francisco Braga, natural da Vila das Alagoas, e de Joanna Maria, natural do Sertão de Cabrobó, neta por parte paterna de Manoel Francisco Braga, natural do Arcebispado de Braga e de Antonia da Sylveira, natural da Vila do Recife, e por materna de Joaquim Pereira, natural da cidade de Olinda, e de Úrsula Maria da Freguesia de Santo Antonio de Vila Nova, Arcebispado da Bahia, nasceu aos dezenove de julho do ano de mil setecentos e sessenta e nove, e foi batizada de licença minha, na Capela de Santo Antonio do Potigi, com os santos óleos, pelo Padre Manoel Antonio de Oliveira, e foram seus padrinhos o capitão Manoel Álvares de Moraes, solteiro, e Mariana da Rocha Bezerra, mulher de Anselmo José de Faria, aos doze de agosto do dito ano. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.

Domingos, filho legítimo de Antonio Francisco Braga, natural das Alagoas, e de Joana Maria, natural da Freguesia de Cabrobó, neto por parte paterna de Manoel Francisco, natural do Arcebispado de Braga, e de Antonia da Sylveira, do Recife, Freguesia de São Pedro Gonçalves, e pela materna de Joaquim Pereira de Brito, natural da cidade de Olinda, e de Úrsula Maria, natural da Vila Nova do Rio de São Francisco, nasceu aos quatro de agosto do ano de mil setecentos e setenta e um e foi batizado com os santos óleos, de licença minha, na Capela de São Gonçalo do Potigi, pelo padre Manoel Antonio de Oliveira, aos quinze de setembro do dito ano; foram padrinhos o alferes Antonio Rodrigues de Mello, solteiro, e Arcângela Micaela, mulher de Vicente Ferreira, desta Freguesia. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.

Francisco, filho legítimo de Antonio Francisco Braga, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Vila de Alagoas, e de Joana Maria da Assunção, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Cabrobó, neto paterno de Manoel Francisco Souto, natural da Vila do Conde, Arcebispado de Braga, e de Antonia da Sylveira, natural de Santo Antonio do Recife, e materno de Joaquim Pereira de Brito, natural da Freguesia de Santa Luzia da Villa de Alagoas, e de Úrsula Maria, natural da Vila Nova Real, Arcebispado da Bahia, nasceu aos vinte e nove de agosto do ano de mil setecentos e setenta e três e foi batizado com os santos óleos, de licença minha, na Capela de São Gonçalo, desta Freguesia, aos cinco de outubro do dito ano, foram padrinhos o sargento-mor Francisco de Araújo Correa, casado, e Dona Rosa Maria, filha do capitão Jerônimo Pereira da Costa, morador desta Freguesia. Pantaleão da Costa de Araújo. Vigário do Rio Grande.

Úrsula, nascida a vinte e três de setembro de mil setecentos e setenta nove, batizada a dezessete de outubro do mesmo ano, com os santos óleos, de licença minha, o Padre Luis Felis de Vasconcellos, na capela de São Gonçalo, filha legítima de Antonio Francisco Braga, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Vila de Alagoas e de Joanna Maria de Assunção, natural da Freguesia do Sertão de Cabrobó, neta por parte paterna do capitão Manoel Francisco de Souto, natural da Vila do Conde, Arcebispado da Bahia, e sua mulher Dona Antonia da Sylveira, natural da Freguesia de Santo Antonio do Recife, e pela materna de Joaquim Pereira de Brito, natural da sobredita Vila das Alagoas, e de sua mulher Úrsula Maria, natural da freguesia de Santo Antonio da Vila Nova Real, do Arcebispado da Bahia; foram padrinhos o tenente Joaquim de Moraes Navarro e sua mulher Dona Maria Soares, todos naturais desta Freguesia. Joaquim José Pereira, Pró Vigário do Rio Grande.

Antonio Francisco Braga, de idade de cinquenta anos, pouco mais ou menos, casado com Joana Maria, morador na Freguesia, na beira do Rio do Potigi, em São Gonçalo, faleceu sem sacramentos aos dezoito de maio de mil setecentos e oitenta e três anos, por não o chamar a tempo, envolto em hábito de São Francisco, encomendado por mim, e sepultado na Capela do Senhor Santo Gonçalo, sem testamento, sem acompanhamento. Francisco de Sousa Nunes, Vigário encomendado do Rio Grande.

Não encontrei mais nenhuma informação sobre o destino dessa família de Antonio Francisco.
Batismo de Antônia. Veja o estado do documento

segunda-feira, 16 de março de 2015

Carta ao Rei Salomão*

Majestade, quanta sabedoria!
Não sei por que, mas ontem à noite, resolvi ler, mais uma vez, as suas sábias lições no Eclesiastes. E a cada nova leitura, fico impressionado como ela é precisa, completa e, principalmente, atual...
Ah! Vossa majestade tem razão: vaidade de vaidades, tudo é vaidade!... E por pura vaidade, não conseguimos enxergar que o tempo é algo fantástico. Tão fantástico que há tempo de tudo debaixo do sol: há tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de derrubar, tempo de edificar; tempo de guardar, e tempo de lançar fora...
Há tempo de ser criticado, caluniado, injustiçado; mas há também tempo de perceber, após 720 horas, que as nossas convicções - que foram defendidas de forma séria, correta, sem câmeras e luzes, sem alardes (afinal, “o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade”) -,  tinham razão:  era inútil correr atrás do vento!
Aprendi isso, Majestade, com um poeta de pequenas frases, mas de um profundo ensinamento chamado Mário Quintana-, que certa vez percebeu que era inútil correr atrás das borboletas; cuidar do jardim é que faz com que elas venham até nós...
Pois é Majestade! Há pessoas que fazem um esforço enorme, preferem ir à França para assistirem o pôr-do-sol, quando bastariam recuar um pouco a cadeira, aqui em Natal, para contemplarem o crepúsculo todas as vezes que assim o desejassem... Mas, eu sei: o difícil é ser simples!
Simplicidade, que muitas vezes tem que estar associada à coragem... Coragem de enfrentar os cartéis, os feudos, a desumanidade, a desonestidade, a falta de ética, a impunidade... Coragem de assumir o comando e determinar que fica decretado que agora vale a verdade, agora vale a vida e de mãos dadas marcharemos pela vida verdadeira...
Coragem, de tomar decisões impopulares, que desagradem a gregos e troianos, e que se for necessário: “Cortem o bebê ao meio e dê um pedaço a cada uma”. Pois só assim, seremos capazes de separarmos o joio do trigo; os farsantes dos verdadeiros; os mercenários dos verdadeiros sacerdotes...
Coragem de entender que o sábio é aquele que procura aprender, mas os tolos são aqueles que estão satisfeitos com a sua própria ignorância. Afinal, majestade, “se você deixar o machado perder o corte e não o afia, terá que trabalhar muito mais. É mais inteligente planejar antes de agir”...
                Coragem, para perceber que se alguém discorda de mim, não é meu inimigo. Essa pessoa, na verdade, me completa, pois me fez enxergar além do copo meio-cheio ou meio-vazio. Fez-me enxergar uma oportunidade de enchê-lo, de esvaziá-lo ou ainda melhor: de oferecer a quem tem sede...
Coragem, Majestade, para enxergar a nossa própria cegueira e ver que o amigo fiel é uma proteção poderosa: quem o encontra, encontra um tesouro de valor incalculável... Afinal, porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas aí do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante...
Coragem, Vossa majestade, de fazer e responder a seguinte pergunta: “ainda há possibilidade de reconciliação?” É claro que há. Embora, as cicatrizes da alma - que são piores do que as cicatrizes queloidianas do corpo-, demorem a desaparecerem, existe um grande antídoto - que não é a Betaterapia, nem muito menos a Corticoterapia, mas sim um simples e maduro pedido de desculpas! Desculpas pela imaturidade; desculpas por não ter-nos escutado... Desculpas! Desculpas!
Afinal, há tempo de espalhar pedras e tempo de juntar pedras; há tempo de guerra, e tempo de paz! É preciso saber que o “Ontem já passou, o amanhã ainda não veio, vamos vivenciar o presente”!
Um forte abraço, Majestade, e até a próxima...
*Texto do livro SÍSIFO APAIXONADO, que será lançado pela Editora Sarau das Letras, no dia 26/03/2015, às 18:00h, na livraria Saraiva do Midway Mall, Natal-RN.
Francisco Edilson Leite Pinto Junior– Professor, médico e escritor.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Ângela Paiva recebe título de sócia benemérita da ALAM de Martins

A reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ângela Maria Paiva Cruz, receberá nesse sábado, 14, o título de Sócia Benemérita da Academia de Letras e Artes de Martins (ALAM). Esse procedimento ocorre com cidadãos que se destacam nas áreas de atuação da Academia, como educação, cultura, cidadania, literatura e outros.

A cerimônia, a ser presidida pela Presidente da Associação, Taniamá Vieira da Silva Barreto, acontecerá às 20h, no Auditório da Casa de Cultura de Martins, região serrana do Rio Grande do Norte (RN) e marca as comemorações de aniversário da ALAM.

Além da prefeita de Martins, Olga Chaves Fernandes de Queiroz Figueiredo, prestigiam a cerimônia o Presidente da Academia de Cordelistas de Mossoró, Gualter Alencar Couto.

Trajetória de Ângela Paiva

Natural de Martins, ÂNGELA MARIA PAIVA CRUZ é a sexta filha do casal Cecília Augusta de Paiva e Cícero de Paiva Chaves. Casada e mãe de dois filhos (Michelle Paiva Cruz e Anderson Paiva Cruz), escolheu a “arte de ensinar” antes de ingressar na docência superior, por meio da qual há mais de três décadas contribui para a construção de um país, uma região e um Rio Grande do Norte mais justo e desenvolvido.

FORMAÇÃO

Bacharel em Matemática, mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), há 32 anos exerce a docência na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Atua, concomitante, no ensino de graduação e de pós; na pesquisa, extensão e na gestão universitária.

Sua formação básica e superior é na educação pública. De 1964 a 1967 cursou os primeiros anos do ensino fundamental na escola rural Grupo Escolar Manoel Lino de Paiva, em Martins, município da Região Oeste do Rio Grande do Norte (RN). O fundamental maior, chamado de ginasial, foi feito no período de 1968-1971 na Escola Estadual Dr. Joaquim Inácio, na mesma cidade. E foi, entre o ensino fundamental e médio, que se descobriu encantada pela Matemática.

Na década de 60 do século XX mudou-se para estudar em Natal, capital potiguar. Cursou o ensino médio na Escola Estadual Winston Churchill e optou pela área de ciências exatas, prestando vestibular em 1974. Ingressou na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em 1975, para cursar Matemática.  Licenciou-se Bacharel em Matemática em julho de 1980 e em dezembro do mesmo ano recebeu o diploma de Licenciatura em Matemática. Além do mérito estudantil de “melhor aluno da turma” do bacharelado, exerceu a monitoria na graduação.

A DOCÊNCIA

Aprovada em primeiro lugar em concurso público, a partir de 1982 ingressa no magistério superior,  para a área de Metodologia da Ciência e de Lógica, do Campus Santa Cruz da UFRN. Desenvolveu trabalho em diferentes disciplinas no Campus Santa Cruz e no campus central, em Natal. Ângela Paiva tem, portanto, uma formação interdisciplinar e considera “essencial suprir a necessidade permanente de qualificação para o exercício da docência”.

VIDA ACADÊMICA

Em 1991 foi removida para o campus central da UFRN, em Natal, e, enquanto ministrava várias disciplinas no Departamento de Filosofia, articulava, junto aos demais docentes, a criação do Grupo de Estudos Avançados em Lógica e contribuiu para a elaboração do projeto de criação do Programa de Pós- Graduação em Filosofia. Coordenou, à época, a Semana de Filosofia e da Semana de Humanidades da UFRN, assim como bases de pesquisa e  colaborou para seminários sobre Lógica, Epistemologia e Filosofia da Linguagem, entre outros.  Desenvolveu atividades na pós-graduação, publicou obras e, a partir de 2003, Ângela Maria Paiva Cruz envereda pela gestão universitária, assumindo a vice-direção do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

Passa, desde então, a se dedicar à alta gestão da UFRN quando, em 2007, assumiu a vice-reitoria em junho de 2007, acumulando a coordenação do Programa de reestruturação da UFRN, o REUNI.  Candidatou-se reitora em 2010 e, eleita, assumiu o mandato em 28/05/2011, permanecendo até 28 de maio de 2015. Reeleita, em novembro de 2014, assumirá maio próximo o seu segundo mandato na UFRN, até meados de 2019.

A homenageada frisa que as atividades na administração universitária sempre estiveram presentes em sua vida, mesmo nos períodos em que ensino, pesquisa e extensão eram prioritárias. “Em quase toda minha vida acadêmica estive participando de colegiados, conselhos e comissões, discutindo, propondo e avaliando as políticas acadêmicas, sempre buscando dar o melhor de mim para contribuir para o desenvolvimento institucional”, declarou Ângela Paiva.

Enquanto reitora modernizou a gestão universitária, por meio de transformações planejadas. Deu continuidade ao crescimento físico da instituição; à expansão da oferta do ensino de graduação e  de pós, implementando os Programas de Interiorização e Internacionalização da UFRN.  Em consequência, a instituição vem colhendo bons resultados acadêmicos e há três anos consecutivos é avaliada pelo MEC, como a melhor instituição pública superior federal no Norte e Nordeste do Brasil. A UFRN também figura como a instituição de ensino superior mais lembrada pelos norte-rio-grandenses, conforme pesquisa de mercado realizada pelo Jornal Tribuna do Norte.

Fonte: Ascom/UFRN



Rede Gigametrópole
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Cïcero Oliveira 
PROFESSORA ANGELA

terça-feira, 10 de março de 2015

terça-feira, 10 de março de 2015

Eu também sou Lessa


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
Em artigo anterior, vimos que Silvério Martins Ramos, quando enviuvou da primeira esposa, casou com Anna Joaquina de Maria, filha de João Baptista do Espírito Santo e Maria Alves Lessa. Este último casal casou em 1836, como podemos ver do registro a seguir.

Aos (?) dias do mês de fevereiro de 1836, pelas duas horas da tarde, na Boca do Rio, em presença do Padre Frei José de Sam Gualberto, Carmelitano, e das testemunhas abaixo nomeadas, de minha licença, se receberam por esposos presentes, João Baptista e Maria Gomes Leça, meus paroquianos: o esposo de idade de 26 anos e filho de João Rodrigues do Espírito Santo, e Margarida Francisca de Oliveira; a esposa de 22 anos, filha legítima de Joaquim Álvares Lessa, já falecido e Anna Gomes, naturais e moradores nesta Freguesia de São João Baptista do Assú, onde se fizeram as denunciações nupciais, e logo lhes deu as benções nupciais, sendo presentes por testemunhas o capitão João Martins Ferreira, e Silvério Martins de Oliveira, casados; todos desta Freguesia do Assú, e para constar fiz este assento em que me assinei. Joaquim José de Santa Anna, pároco do Assú.

Os registros da Igreja não mantinham coerência com relação aos nomes dos seus fregueses. A cada momento alguns nomes eram modificados. No caso do nubente acima, omitiram o sobrenome Espírito Santo. No caso da nubente, em vários outros registros ela aparece como Maria Alves Lessa. O pai dela já era falecido em 1829, pois nesse ano houve o seguinte casamento: Aos dezoito dias do mês de janeiro de 1829, pelas cinco horas da tarde na Ilha de Manoel Gonçalves, em minha presença, e das testemunhas abaixo nomeadas, se receberam por esposos presentes Manoel Ignácio Lima, viúvo de Antonia Maria, e Anna Gomes, viúva de Joaquim Álvares Lessa. O esposo de idade de sessenta e cinco anos; e a esposa de idade de trinta e dois anos, naturais e moradores nesta freguesia de São João Baptista do Assú, onde se fizeram as diligências nupciais, sem impedimento, sendo confessados e examinados na Doutrina Cristã, presentes por testemunhas Antonio Caetano Monteiro e Manoel Fernandes Carvalho, casados, todos deste Assú, e para constar fiz este assento em que me assino Joaquim José de Santa Anna.

Esse Joaquim Álvares Lessa suponho que era irmão de Josefa Clara Lessa e, que ambos eram filhos do português de Leça da Palmeira, José Álvares Lessa, que em 1810 comandava a Ilha de Manoel Gonçalves. No inventário de Domingos Affonso Ferreira Junior consta que ele tinha falecido sem bens e com muitas dívidas, tendo essas sido herdadas pelo capitão João Martins Ferreira, meu tetravô, que foi casado com minha tetravó, Josefa Clara Lessa. Há um batismo, em 1790, em Recife, de Rita filha de José Álvares Lessa e de Francisca Xavier, onde são nomeados os avós paternos dela, como Manoel Álvares da Costa e Clara Rodrigues.

Naquele artigo anterior, citamos como filhos de João Baptista do Espírito Santo e Maria Alves Lessa: Joanna, nascida em 1843; as gêmeas Cosma e Damiana, nascidas em 1854; e Josefa Rodrigues Lessa, que casou com Idalino Tranquilino de Sousa.

Dona Maria Alves Lessa faleceu em 1860, com a idade de 51 anos. João Baptista voltou a casar como se depreende do jornal Correio do Assú, de 1873. Nele, Padre Elias Barbalho Bezerra declarou que recebeu de Joaquim José Lessa, procurador de Dona Anna Barbosa de Sousa, cinquenta mil réis, que estava em poder do seu finado marido, João Baptista do Espírito Santo, que foi separado no inventario da finada Anna Gomes da Costa (mãe de Maria Alves Lessa) para celebrar-se por sua alma, meia capela de Missas. Nesse mesmo jornal, Joaquim José Lessa, pagou a quantia de três mil e duzentos réis, de que era devedor o seu finado pai, João Baptista do Espírito Santo a Josefa Damas da Conceição.

Encontramos vários filhos de Joaquim José Lessa com Rosa Carolina Lessa: Pio, nascido em 1861, teve como padrinhos João Rodrigues do Espírito Santo e Victoriana Maria da Conceição; Aprígio, nascido em 1862, teve como padrinhos Manoel Roque Rodrigues Correa e Maria Juliana da Conceição; Luiza, nascida em 1863, teve como padrinhos José Alves Martins e Francisca Martins de Oliveira;  Maria, nascida em 1864, teve como padrinhos José Rodrigues Ferreira e Maria dos Passos Lessa.

Um registro de casamento noticia que em 1859, João Alves Lessa casou com Maria Marcelina da Costa, sendo ele filho de Joaquim José Lessa e Anna Gomes da Costa. Acredito que houve um equívoco nesse registro, pois Dona Anna Gomes da Costa foi casada com Joaquim Álvares Lessa. Nesse casamento, uma das testemunhas foi Joaquim José Lessa.  João Alves Lessa deveria ser, portanto, tio dessa testemunha.  Maria Marcelina era filha de Manoel da Costa Ramos e Lina Maria da Conceição.

Em 1860, José Alves Lessa casou com Maria do Ó Fernandes, sendo testemunhas as mesmas do casamento de João Alves Lessa, isto é, Joaquim José Lessa e José Fragoso de Medeiros. Não nomearam os pais dos nubentes. Desse casamento nasceram: Marcionila, em 1861, tendo com padrinhos Francisco Antonio Fernandes Braga e Claudina Maria do Espírito Santo; Manoel, em 1862, tendo como padrinhos João Baptista do Espírito Santo e Marciana Rodrigues Lessa; outra Maria, em 1863, cujos padrinhos foram Francisco Antonio Braga e Maria de Santana Fernandes.

Há, também, um Manoel Alves Lessa que casou com Maria Manoela da Costa e geraram Luiz em 1834, que morreu afogado, em 1855, com 21 anos.
O fato de muitos documentos não conterem os nomes dos pais dos nubentes gera dificuldades para quem quer fazer sua genealogia. O desaparecimento de antigos livros é outro empecilho para nosso trabalho. Podemos cometer erros quando deduzimos algumas relações de parentesco. 

A dívida de José Álvares Lessa a cargo de João Martins Ferreira



Cientistas usam DNA para descobrir países de origem de escravos

AFP
09 Março 2015 | 18h 58

Novo método possibilitou determinar, pela primeira vez, a procedência de africanos que vieram para a América no século XVII

Cientistas utilizaram um novo método para analisar traços de DNA encontrados nos ossos de três escravos africanos do século XVII. A metodologia permitiu determinar pela primeira vez os países de origem dos cativos.
Até agora era difícil determinar com exatidão a procedência dos 12 milhões de escravos africanos transportados para a América entre 1500 e 1850. Havia poucos dados precisos na época e, apesar de saber de qual porto haviam embarcado, os verdadeiros países de origem eram um mistério.
Quadro de Johann Moritz Rugendas representa escravidão na AméricaQuadro de Johann Moritz Rugendas representa escravidão na AméricaMas neste caso, o DNA extraído dos esqueletos de três escravos permitiu determinar que eram originários de regiões que hoje pertencem a Camarões, Gana e Nigéria, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira, 9, na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os ossos de dois homens e uma mulher foram desenterrados em 2010 em um local de construção na ilha de San Martín, no Caribe.
"Estas descobertas oferecem as primeiras provas diretas da origem étnica dos escravos africanos", destaca o estudo conduzido por Hannes Schroeder, do centro de geogenética do Museu de História Natural da Universidade de Copenhague.
Também "demonstra que os elementos do genoma permitem responder a perguntas históricas que há tempo careciam de resposta".
Este novo método permitirá avançar na investigação de outros restos arqueológicos descobertos em regiões tropicais, que, por causa do clima quente, contêm pouco DNA.
Fonte: Estadão.

sábado, 7 de março de 2015

NARRATIVAS SERIDOENSES.



Capa livro/Divulgação
A civilização do Seridó tem encontro marcado nesta sexta-feira, dia 6, na Livraria Saraiva, do Midway Mall, para o lançamento do livro NARRATIVAS SERIDOENSES - História, Crônicas e Lendas, do escritor caicoense Francisco de Assis Medeiros, ex-prefeito e procurador aposentado do INSS. É o primeiro volume de uma trilogia, que será completada com o lançamento dos dois últimos volumes em julho e dezembro.



O livro reúne crônicas publicadas, originalmente, no Bar de Ferreirinha, e resgata fatos ocorridos no Seridó, principalmente em Caicó, antes circunscritos à memória de quem os viveu.



Dr. Chiquinho, ao longo das 300 páginas do livro, fala de personagens reais e fictícios, fatos verídicos e lendários, registrados ao longo do século passado.



O lançamento está previsto para as 19h00.



SERVIÇO

NARRATIVAS SERIDOENSES - Histórias, Crônicas e Lendas



• Edição do autor, 304 páginas — Impressão Gráfica e Editora Ltda.

• Histórias, crônica e lendas. 30 textos ilustrados.

• Tiragem limitada de 500 exemplares em comemoração aos 80 anos do autor.

• Com capa e diagramação de Melca Marques, o livro tem encadernação costurada e não apenas colada.

• Livros disponíveis em Caicó, na Livraria Beatriz, e, em Natal, na Livraria Saraiva do Midway Mall, ao preço de R$ 40,00.



Fonte: Bar de Ferreirinha

terça-feira, 3 de março de 2015

"Mesmo distante, não esquecemos nossas raízes".

terça-feira, 3 de março de 2015


Silvério Martins Ramos e as dúvidas de Lúcia Tolson


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Lúcia Tolson mora nos Estados Unidos e, de lá, me enviou um e-mail nos seguintes termos: Eu acabo de topar no nome acima (Silvério Martins de Oliveira) no seu artigo “Cartas da Ilha de Manoel Gonçalves” de 2/3/2011.  Tenho uma suspeita de que ele seja meu ancestral.  Não tenho, porém, os elementos para ligá-lo a meu trisavô Silvério Martins Ramos, além da semelhança de nomes e da proximidade no tempo e no espaço em que viveram.

Silvério Martins de Oliveira parece-me ter sido um dos habitantes da Ilha de Manoel Gonçalves em seus últimos anos, entre as décadas de 1820 e 1830.

Meu trisavô Silvério Martins Ramos morreu muito velho em Curralinho na década de 1930.  Ele era casado com Leonídia de Oliveira e tinha, entre outros filhos, um filho também chamado Silvério Martins Ramos (conhecido em família como Nozinho, que morreu centenário em Pendências no começo deste milênio). 

As únicas informações que tenho sobre os pais de Silvério Martins Ramos são que seu pai ficou viúvo de sua primeira mulher e depois casou-se com Anna, a mãe de Silvério, que morreu centenária em Curralinho na década de 1930.  De ambos casamentos esse senhor teve uma prole imensa, mas hoje não resta sequer lembrança do seu nome na família.  Suspeito que ele também fosse Silvério.

Será que o Senhor teria condições, sem lhe dar demasiado trabalho, de traçar a descendência de Silvério Martins de Oliveira até ela possivelmente bater em Silvério Martins Ramos?  Creio que haja uma ou no máximo duas gerações entre os dois, se eles são de fato parentes como suspeito.

Espero não estar abusando de sua boa vontade, mas é que fico animada demais quando encontro uma possível pista de história familiar nos seus artigos.

Em outro e-mail, pergunta se Francisca Martins de Oliveira, esposa de José Alves Martins, não seria uma das filhas do capitão Silvério Martins de Oliveira.

Para responder aos questionamentos de Lúcia, tenho as seguintes informações: O capitão Sílvério Martins de Oliveira era compadre do meu trisavô major José Martins Ferreira, por ter sido padrinho de meu tio-bisavô Manoel José Martins. Esteve em muitos eventos religiosos, na companhia do meu tetravô, o capitão João Martins Ferreira. Foi o primeiro Administrador da Mesa de Rendas de Macau e, também, foi um dos representantes de Apodi, na eleição para Junta Constitucional, em 1821. Sua esposa, dona Joanna  Nepomucena, era filha de   Anna Josepha Joaquina de Albuquerque (que morou um tempo na Ilha de Manoel Gonçalves) e do capitão Manoel Ignácio de Carvalho.

Sobre a existência de filhos do capitão Silvério não tenho documentação comprobatória, mas apenas suspeitas de que seriam: Antonia Silvéria de Oliveira, natural da Serra de Martins, que foi casada com Eliziário Antonio Cordeiro, natural de Lisboa; Silvéria Martins de Oliveira, Joana Nepomucena, mesmo nome da mãe; e Francisca Martins de Oliveira, citada por Lúcia Tolson.

Sobre o outro Silvério, o que temos é o seguinte: Em 1862, viúvo de Anna Raimunda da Luz, casou na capela de Nossa Senhora do Rosário da Várzea, com Anna Joaquina de Maria, filha de João Baptista do Espírito Santo e Maria Alves Lessa, tendo como testemunhas Manoel Pinto Queiroz e Vicente Barbalho Bezerra. Do seu primeiro casamento com Anna Raimunda, encontramos os seguintes filhos, segundo registros da Igreja: Maria, nascida em 1855, em Macau, tendo como padrinhos Christovão Francisco Gomes e Thomazia Martins Ferreira (irmã do major José Martins Ferreira); Manoel, nascido em 1856, batizado em Curralinho, teve como padrinhos José Alves Martins e Maria Gomes Pinheiro; Higino, nascido em 1858, tendo como padrinhos Marcolino José de Moraes; outra Maria, nascida em 1860, teve como padrinhos João Coelho da Silva e sua irmã Josefa Clementina de Moraes; Ritta Martins dos Passos, que casou com José Alves Barbosa (3º grau de consanguinidade), filho de Manoel Alves Barbosa e Anna Francisca Xavier, no sítio Curralinho, em 1871, na presença de Manoel Alves Barbosa e Vicente Rodrigues Ferreira.

No ano de 1904, faleceu Luis Martins Ramos. Segundo sua inventariante e esposa, Cosma Porcina Lessa, não tiveram filhos. Seus bens foram herdados pela dita Cosma e os irmãos dele: Rita Martins Passos, moradora em Boa Vista, com 50 anos, citada acima; Pedro Martins Ramos, com 55, casado com Alexandrina, moradores em Recife; Manoel Martins Ramos, com 49 anos, morador em Curralinho, citado acima, e casado com Maria Gomes dos Santos; José Martins Ramos, com 46 anos, casado com Maria Silvana de Mello, também morador em Curralinho e, citado acima; e João Martins Ramos, com 57 anos, casado com Damiana Rodrigues Lessa, moradores nas Oficinas.

Do casamento com Ana Joaquina, encontramos, até agora, Silvério, que  nasceu aos 22 de outubro 1863, e foi batizado aos 13 de novembro 1863, na capela das Oficinas, tendo como padrinhos Joaquim José Lessa e Maria dos Prazeres.  Esse Silvério é justamente o trisavô de Lúcia Tolson, que ela diz que casou com Leonídia.

Não encontrei nada que fizesse ligar o capitão Silvério Martins de Oliveira com Silvério, tetravô de Lúcia.

Sobre João Baptista do Espírito Santo e Maria Alves Lessa, pentavós de Lúcia, por parte de Anna Joaquina, encontramos os seguintes filhos: Joanna, nascida em 1843; as gêmeas Damiana e Cosma, nascidas em 1854; Josefa Rodrigues Lessa, que casou, em 1869, com Idalino Tranquilino de Sousa. Essas gêmeas, irmãs de Anna Joaquina, casaram com dois filhos do primeiro casamento de Silvério, pelo que se vê do inventário de Luis Martins Ramos.