sábado, 8 de fevereiro de 2014

Rodrigo Cortez e as suas pesquisas de famílias do Seridó potiguar.

A Família Galvão
Texto de Rodrigo Cortez.
Divulgar essa história faz parte de um processo genuíno de amadurecimento e retorno à tradições que mantém acesas a chama dos valores familiares passados de pai para filho e que foram forçadamente esquecidos e quase extintos pela sociedade atual.
Esse esquecimento se deu especialmente depois da Revolução Francesa, especialmente no século XIX, quando os valores da sociedade burguesa passaram a predominar. Desta forma passou a valer “o ter”, enquanto “o ser” foi paulatinamente esquecido. Por isso, hoje, o ser humano vale pelo que tem e não pelo que é.
A história da Família Galvão consta nos Armoriais[1] de Genealogia e Heráldica da Europa, sendo um sobrenome português cuja origem era tida como incerta. Nos documentos mais antigos encontra-se grafado como Galvam, como era no português arcaico. Alguns estudiosos apontavam que a palavra teria sua origem no latim Galbanus, nome de uma planta sempre verde. Outros diziam ser uma palavra do gaulês[2] Gwalwanus, espécie de falcão branco, ou, mais ainda, originário do galês[3] Gwalchmal, que significa cortês.
Os portugueses consideram Dom Pedro Galvão como o fundador da família.Esse rico cavaleiro da corte, falecido em 1170, foi sepultado em um mosteiro que ele próprio construiu e doou à uma Ordem Religiosa. Mas, ao que parece, esta família é inglesa e traz suas origens no clã de Galvim daquele reino.
Os estudos atuais dizem que o nome Galvão deriva da palavra galesa “Gwalchmei” e significa “Falcão de Maio”. O uso do sobrenome teria início em “Sir Gawaine”, filho primogênito do último rei de Orkney[4]. Segundo a lenda, Sir Gawaine, teria pertencido à Ordem de Cavaleiros Sagrados da Távola Redonda cujo líder era Sir Arthur Pendragon, rei da Bretanha, senhor do castelo de Camelot, detentor do poder da espada de Excalibur.
De Gawaine à Galvão
            Ninguém sabe ao certo sob a linhagem vinda de Argwaine II, filhoprimogênito de Sir Gawaine, mas um certo Leonie Mc Gawaine teria existido 300 anos depois do patriarca Gawaine. Ele teria sido o possível bisavô de Dom Nícolas Emmanuel Martin Mc Gawaine, que foi morar na França e fundou a dinastia de "Gwain" depois de ser sagrado cavaleiro templário pela espada do rei Francês Dom Luiz IX, o santo. Como cavaleiro templário, era seu dever guardar e proteger o “Santo Graal”, relíquia que Gawaine teria ajudado a achar e trazer para o ocidente.
A Ordem dos Templários ficou muito poderosa e atraiu a cobiça dos monarcas que tentavam centralizar o poder na Baixa Idade Média. Devido às perseguições que ocorreram na França, os Templários foram aniquilados e é bem possível que Dom Nícolas e sua família tenham fugido e se espalhado por todo o sul da Europa. É desse Dom Nícolas, que viveu por volta do século X, que vem a linhagem e o brasão ocidental. Dele surgiu os "Galvão" em Portugal, os "Galvez" na Espanha e os “Galvani” na Itália.
A família em Portugal
            Os Templários foram acolhidos secretamente em Portugal, pela Ordem de Cristo, fundada pelo rei Dom Diniz (1279-1325), e contribuíram na expulsão dos mulçumanos e nas conquistas marítimas. A cruz vermelha dos templários era o emblema que aparecia nas velas dos navios portugueses e também nos marcos de pedra e edifícios das possessões lusitanas na África, Ásia e América do Sul. Parte da receita da Ordem de Cristo era oriunda das explorações de além-mar, como recompensa pelo apoio dos Templários no começo dessa expansão.
A história da família Galvão de Portugal consta como tendo origem em Dom Pedro Galvão, um abastado cavaleiro da corte lusitana, falecido em 1170. Esse Pedro Galvão é um provável descendente de Nícolas Emmanoel, que viveu e foi cavaleiro na corte francesa.
A família no Brasil
 Os Galvão chegaram ao Brasil nas caravelas comandadas por Pedro Álvares Cabral, que era membro da Ordem de Cristo. Nesse momento inicial não ocorreu ocupação e eles não se fixaram no território. Ao longo da história ocorreram várias chegadas de membros da família em pontos diferentes do Brasil. Há em São Paulo a família Galvão de França e Galvão Bueno. No rio Grande do Sul existe até um município com o nome de Galvão. No Nordeste foram os Lopes Galvão que se fixaram.
A família noNordeste
            Os Galvão chegaram ao Nordeste no século XVII e participaram das lutas dos nordestinos contra a ocupação holandesa. Uma lenda fala de três irmãos portugueses que foram morar em Pernambuco: um ficou naquela capitania, Manoel Lopes Galvão; o segundo, Francisco Lopes Galvão, foi para o norte (Rio Grande do Norte); e o terceiro, Cipriano Lopes Galvão, foi para o sul (Bahia). É isso que diz a tradição oral.
A família no Rio Grande do Norte
            A história aponta que Manoel Lopes Galvão esteve no Rio Grande do Norte, em 1640. Ele fazia parte da esquadra do Conde da Torre e participou da lendária batalha marítima, entre os dias 12 e 17 de janeiro, contra os holandeses. Depois de uma violenta luta no mar, 1.400 homens desembarcaram na capitania sob o comando do mestre-de-campo Luís Barbalho Bezerra. Este evento ficou conhecido como “retirada de Barbalho”, pois a tropa resolveu voltar para a Bahia passando a pé por Pernambuco, território holandês.
Além de Manoel Lopes Galvão, estiveram nesse evento Francisco Barreto, Hilário Nunes de Matos, Amaro Velho de Cerqueira, Lourenço de Brito Correia, Manuel de Hinojosa, Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, Manuel Camelo, Manuel Alves, Manuel de Araújo, Pedro Gomes, Manuel Carvalho Fialho, Pedro de Oliveira, Pedro do Canto Coelho, Francisco Pereira Guimarães, Gregório Peixoto, Antônio de Andrade, Ascenso da Silva, Pedro de Miranda, Antônio da Cunha Abreu e os irmãos Valentim e Luís Pedroso de Barros. Observem que a maioria desses personagens históricos trazem sobrenomes conhecido na atualidade e que, possivelmente, são os fundadores das famílias atuais.
Manoel Lopes Galvão ainda esteve no quilombo de palmares, onde foi o responsável pelos disparos que feriu o líder Zumbi, em 1676. Nesses eventos, Francisco Lopes Galvão, seu irmão, também deveria estar ao seu lado. Depois do domínio holandês, esse Francisco Lopes Galvão era Sargento-mor e veio para o Rio Grande do Norte, passando a morar no povoado de Goianinha, onde casou-se com uma neta de João Lostal Navarro[5], Joanna Dorneles Pimentel. Um de seus três filhos, Cipriano Lopes Pimentel, foi dono de terras em Barra do Cunhaú.
Cipriano Lopes Pimentel casou-se com Tereza da Silva e tiveram sete filhos. Um deles, Cipriano Lopes Galvão, fundou a família Galvão na região do Seridó, no Rio Grande do Norte. Outro filho, ou neto, Lázaro Lopes Galvão, que casou com Isabel de Bezerril, foi Presidente da Câmara Municipal em Vila Flor[6] entre 1813 e 1817. Lázaro Galvão deveria ser um político de prestígio e aliado da família Maranhão, no início do século XIX. Dessa forma deve ter sido perseguido pelo apoio dado ao movimento revolucionário de 1817[7], que implantaria o primeiro regime republicano no Brasil. 

[1] Antigos livros onde eram registrados os brasões das famílias.
[2] Língua céltica que era falada no território da atual França e a Noroeste da Itália. Dessa língua sobraram apenas algumas inscrições esparsas além da toponímia da região.
[3] Língua céltica falada no País de Gales e que, atualmente, possui o status de língua oficial, ao lado do inglês.
[4] Um agrupamento de ilhas da Escócia.
[5] João Lostal Navarro era um dos católicos presente no Morticínio de Uruaçu e beatificado pelo Papa em 2000. Sua filha foi casada com Joris Garstman, comandante holandês do Forte dos Reis Magos. Deste surgiu também a família Gracimam Galvão.
[6] Juiz Ordinário e Presidente do Senado em Vila Flor.
[7] Revolução Pernambucana de 1817. O movimento atingiu as províncias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, onde foi proclamado um governo republicano e a independência em relação ao império português governado por Dom João VI. André de Albuquerque Maranhão foi o líder do movimento em terras potiguares.
Por: Francisco Alves Galvão Neto (http://www.uniblog.com.br/tododia/353438/a-familia-galvao.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário